Chegamos ao Egito depois de 24 horas de viagem, a partir do aeroporto internacional do Rio, onde o vôo atrasou duas horas. Doze horas mais tarde, fizemos uma conexão em Paris e pegamos outro vôo com cinco horas de duração em direção ao Cairo.
Como eu não consigo dormir durante a viagem de avião, cheguei no hotel às 23:30h (hora local) exausta e, no dia seguinte, partimos bem cedo para conhecer a Mesquita de Alabastro, o Museu do Cairo, as Pirâmides, a Grande Esfinge e uma loja de papiros.
Mesquita de Mohammed Ali ou Mesquita de Alabastro (exterior)
Mesquita de Mohammed Ali ou Mesquita de Alabastro (interior)
Mesquita de Mohammed Ali ou Mesquita de Alabastro (interior)
Entrada do Museu do Cairo – era proibido fotografar no seu interior
Para escrever esse post, precisei mesclar minha experiência pessoal com outras informações que pesquisei nas fontes citadas no final do texto, a fim de deixar o relato mais completo. Sendo assim, segue a primeira parte da saga “Viagem ao Egito”!
O Cairo
O Cairo é a principal porta de entrada do Egito e por ser ao mesmo tempo caótica e romântica, pode cativar ou repelir o visitante, mas é preciso aceitar e entender que os dois aspectos andam juntos e tornam a capital um lugar marcante. A cidade, de 16 milhões de moradores, é densamente habitada, barulhenta, e o trânsito é desordenado. Pedestres desfilam por entre os carros e motoristas buzinam o tempo todo sem motivo aparente. Há muito lixo e sujeira nas ruas, várias ainda não foram asfaltadas.
Ruas do Cairo
Por outro lado, os cafés esfumaçados por narguilés, a visão das pirâmides de Gizé, o Rio Nilo e o entoar de orações nas mesquitas dão à cidade aquele ar mítico e fascinante que povoa o imaginário ocidental.
Dois ou três dias são suficientes para conhecer suas principais atrações. O Museu Egípcio e as pirâmides de Gizé evocam o universo dos faraós. Já lugares como o Cairo Islâmico e a Cidadela oferecem um mergulho no mundo muçulmano e árabe. E no bairro Copto é possível conhecer a Igreja Sao Sérgio. A sua parte mais antiga (século V) foi construída em cima da caverna onde dizem que a família sagrada se escondeu durante três meses depois da sua fuga para o Egito.
Entrada da igreja cristã ortodoxa no Bairro Copto.
Amei o portal e a série de painéis feitos em mosaico, que ficavam no corredor que dava acesso à igreja.
Para finalizar a visita pela cidade, vale dar uma espiadinha no mercado árabe Khan el Khalili. Este labirinto de lojas funciona há mais de mil anos. Entretanto, todas as lojas/barracas estão direcionadas para turistas. Há todos os tipos de bugigangas imagináveis e também muitos produtos made in China.
Cafés na entrada do mercado Khan El Khalili, no Cairo.
Marcelo em uma ruela do mercado Khan El Khalili.
As pirâmides de Gizé
As pirâmides de Gizé foram construídas há mais ou menos 4.500 anos em uma das margens do Rio Nilo durante os reinados dos faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos. Essas construções monumentais resistiram bem à passagem do tempo e continuam imponentes, só que eu não imaginava que elas ficassem tão próximas da cidade. Durante nossa estadia no Cairo, ficamos hospedados no Sofitel Le Sphynx e, da varanda do nosso quarto, podíamos avistar as pirâmides do outro lado da rua. Literalmente!!!!
Eu imaginava as pirâmides no meio do nada, cercadas por quilômetros de areia e deserto. Não podia estar mais enganada! Com a passagem dos anos, a cidade foi se instalando cada vez mais perto do complexo, que é tido pela Unesco como Patrimônio da Humanidade.
Com o bilhete de entrada para visitar o complexo. Atrás de mim, algumas mulheres cobertas da cabeça aos pés, com abertura somente para os olhos.
Uma boa surpresa foi saber que era possível conhecer o interior das duas pirâmides maiores e, aconselhados pelo nosso guia, decidimos pela Quéfren, que custava 30 Libras egípcias, 70 a menos do que a pirâmide maior, Quéops.
Dentro do complexo. Atrás de mim, as três pirâmides e a Grande Esfinge.
Na foto acima, dá pra ter uma ideia de quanto a cidade avançou em direção às pirâmides, ao longo dos anos. Reparem nas construções logo ali atrás.
A maior pirâmide do complexo: Quéops.
Não é permitido fotografar o interior das pirâmides e quem tem claustrofobia não deve topar a empreitada porque passamos boa parte do trajeto andando praticamente agachados por uma rampa íngreme que terminava numa câmara central, onde podíamos ficar em pé, finalmente.
A egiptologia tradicional afirma que as pirâmides nada mais eram do que túmulos dos faraós. Os argumentos apresentados são o fato de todas elas conterem sarcófagos e estarem situadas na margem oeste do Nilo, onde tradicionalmente os egípcios enterravam seus mortos. Além disso, eram edificadas em grupos e faziam parte de um amplo cemitério que incluia templos mortuários e túmulos de membros da família real, de cortesãos, de numerosos sacerdotes e oficiais. O interior da Grande Pirâmide, por exemplo, sustenta a arqueologia clássica, é formado apenas por um meio de acesso e pela câmara funerária propriamente dita. Nessa, o teto em ponta e as lajes de granito que o formam visam apenas suportar o enorme peso que se abate sobre ele.
Nas proximidades das pirâmides, o visitante deve ficar atento aos vendedores ambulantes e donos de camelos que circulam pelo complexo à procura de turistas distraídos.
A presença de nativos puxando dromedários enfeitados com tecidos coloridos não é novidade. Há décadas, eles fazem parte da paisagem local, onde oferecem aos turistas a chance de levar para casa a fotografia perfeita para se guardar de recordação: a clássica pose sobre o bicho, com uma das pirâmides ao fundo.
Isso não seria nada demais, porém alguns desses gentis proprietários tentam aplicar um golpe nos turistas de primeira viagem. Eles oferecem aos visitantes a chance de subir na corcova pela bagatela de 1 euro. Entusiasmada com o precinho camarada, a vítima fica feliz, aceita a oferta e sobe. Feita a foto, é hora de descer do animal. Aí, vem a notícia triste: o nativo pede o pagamento e avisa que são 10 euros. Enquanto o pagamento não é feito, o animal permanece imóvel. A não ser que o visitante se encoraje a pular do alto do animal para o chão de pedra, ele vai ter mesmo que desembolsar os 10 euros. Resumindo: pague 1 euro para subir e 10 euros para descer! O bom é que, felizmente, nosso guia nos informou antecipadamente dessa tática já bastante comum por lá.
Senti que estava rolando algum estresse entre o policial e o dono do camelo.
Alguns dias mais tarde, numa noite clara de lua cheia, fomos ver o show de som e luzes nas pirâmides, onde ouvimos a narração de sua história e construção. Confesso que estava tão absorvida pelas imagens de hieróglifos e pinturas projetadas nas faces das pirâmides e no rosto da esfinge, pelos efeitos luminosos e pela beleza da noite, que não prestei muita atenção no narrador… desculpem!
Nos arredores do Cairo, fica o sítio arqueológico de Sakara. Os arqueólogos ainda trabalham nesta região porque existe muita coisa embaixo da areia. A marca registrada de Sakara é a pirâmide de degraus de Djoser. Este monumento serviria de “modelo” para as pirâmides de Gizé 200 anos depois.
Interagindo com um nativo que pediu algumas moedinhas como pagamento pela sua participação na foto.
Na verdade Sakara é o “Vale dos Reis” da capital do Império Antigo, é lá que se encontram as mastabas, que foram as primeiras contruções funerárias dos faraós, além das pirâmides com degraus.
A mastaba trata-se de uma construção contendo várias câmaras decoradas com relevos dos temas mais variados: caça, agricultura, pesca, jogos e brincadeiras, vida em família e na sociedade, entre outros. Achei extremamente interessante poder observar essas cenas da vida cotidiana que foram gravadas há milhares de anos. Achei essa visita imperdível, mas infelizmente era proibido tirar fotos lá dentro.
A vantagem de participar de uma excursão ao Egito, ao invés de ir por conta própria, é o fato de que os guias locais sabem o significado de cada símbolo, de cada história dos relevos e dos sítios arqueológicos. Por mais que você estude antes de partir para esse destino fascinante, é impossível absorver tanta informação.
O Cairo deixa uma mistura de sensações. No final da viagem que durou 12 dias, eu queria logo sair daquela bagunça e ganhar a liberdade de andar durante horas seguidas pelas ruas de Paris por conta própria, observando detalhadamente as paisagens, as lojas, os monumentos e interagindo com o povo local. A sensação que tive no Egito é a de que os turistas vivem numa redoma, sempre escoltados por policiais e indo de um lugar ao outro de ônibus ou van, sem muita interação com a população e sem a liberdade de vagar pelas ruas a bel prazer. Infelizmente, esse aparato de segurança é necessário, por conta dos atentados terroristas contra turistas ocorridos no passado. Até mesmo na entrada do hotel Le Sphynx, precisávamos passar a bolsa pelo raio x toda vez que voltávamos de um passeio.
O post ficou longo, mas é difícil resumir essa viagem. E olha que, por enquanto, eu praticamente só mostrei as pirâmides! Ainda tenho muitos posts pra preparar sobre templos gigantescos que achei bem mais impressionantes do que as famosas pirâmides… aguardem!
Beijos!!!!
Fontes: