domingo, 7 de novembro de 2010

Um final de semana em Belo Horizonte, MG: culinária persa, passeio de bicicleta, encontro com capivaras, cerveja artesanal e outras aventuras


Há mais ou menos dois meses, saímos do Rio de ônibus na sexta-feira à noite e chegamos em Belo Horizonte no Sábado bem cedinho. A rodoviária fica no começo da principal avenida de cidade (Afonso Pena) e já tínhamos o mapa para chegar até o hotel. Largadas as mochilas, saímos para passear. Conhecemos um pouco do Mercado Central, que ainda estava abrindo. E foi lá onde comprei os mini-pratos de bolinhas que mostrei nesse post. Mal cheguei na capital mineira e fui logo fazendo comprinhas, tsc, tsc, tsc. Tive que voltar ao hotel (sob protestos) para guardar minhas novas aquisições e dali seguimos um roteiro previamente elaborado pelo Marcelo a partir das dicas que ele encontrou no fórum dos mochileiros.

A idéia era ir em direção ao Parque Municipal e dali até Savassi, passando pela Praça da Liberdade. No meio do caminho queríamos conhecer algumas igrejas que estavam indicadas no roteiro: Igreja São José, Catedral da Boa Viagem e Igreja de N. Sra. de Lourdes, mas todas estavam fechadas para a visitação no dia do nosso passeio e tivemos que nos contentar em observar as belas fachadas.

Fachada da Catedral da Boa Viagem

Então seguimos para o parque, que não é muito grande, mas é bem bonito e muito bem cuidado, cheio de lagos, pontes de madeira, fontes e muitas flores, conforme vocês podem conferir nas fotos a seguir.


Adorei esses cartazes instalados no parque contendo mensagens sobre os direitos humanos acompanhadas de ilustrações bem simpáticas.


De lá seguimos para a Praça da Liberdade, onde fica o Palácio da Liberdade (não era dia permitido para visitação) e as secretarias do governo mineiro. Era época de eleições e os cabos eleitorais estavam por toda parte. Havia muita gente passeando e se exercitando pela praça no sábado de manhã.

Os jardins são extremamente bem cuidados e estavam muito floridos nesse lindo dia de sol primaveril.


Instalado em prédios públicos do entorno da Praça da Liberdade, o Circuito Cultural Praça da Liberdade, um dos maiores complexos do gênero do país, é formado por dez espaços culturais que integram arte, cultura popular, conhecimento e entretenimento.*

*Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pra%C3%A7a_da_Liberdade_(Belo_Horizonte)

 
Seguimos até a região da Savassi, especificamente ao coração do bairro, a Praça Diogo Vasconcelos. De lá andamos até a Av. Afonso Pena e pegamos um ônibus até o Parque das Mangabeiras. Era um dia de céu aberto e sol bem forte.

O parque é grande e muito bonito, com caminhos pré-determinados e um ônibus gratuito que circula internamente. Basicamente há três caminhos, o Roteiro do Sol, o Roteiro da Mata e o Roteiro das Águas. Eu parei um pouco pra descansar enquanto o Marcelo foi passear pelos roteiros e fotografou o mirante acima, de onde se tem uma linda vista da cidade.

Decidimos retornar caminhando porque gostamos de ver, através da janela do ônibus, as casas no caminho de ida. Fiquei encantada com as belíssimas fachadas de casas enormes e algumas mansões. Seguimos até a Praça Israel Pinheiro, popularmente conhecida como Praça do Papa.

A praça é famosa por reunir turistas, vendedores ambulantes e moradores da cidade. É dividida em duas partes: a base, com um amplo gramado e uma área de diversão infantil; o topo, calçado, com uma ampla área livre, uma grande escadaria e uma escultura do artista plástico Ricardo Carvão. Por seu amplo espaço, é muito utilizada para eventos como shows musicais, espetáculos de dança e peças de teatro. Em 1980, quando o papa João Paulo II esteve na capital mineira, foi montado ali um palanque e desde então o local ficou conhecido como Praça do Papa.

De lá decidimos voltar andando até o centro. Apesar de longo, o passeio foi muito agradável.

Pausa para foto “artística” de uma flor que encontrei pelo caminho…


Procuramos por alguns locais de cerveja que tínhamos indicação e acabamos encontrando o PINGUIM.

A chopperia tradicional estava bem cheia, mas conseguimos uma boa mesa na varanda. Achei interessante os nomes dos chopps servidos na casa:

Chopp claro Pinguim
Chopp direto Pinguim
Chopp escuro Pinguim
Chopp fantástico Pinguim
Chopp ferrugem Pinguim
Chopp pingado Pinguim
Chopp sexual Pinguim
Chopp shortinho Pinguim
Caneca Pinguim
Mini chopp Pinguim
Chopp Careca


Reparem no detalhe do pé da mesa em forma de patinha de pinguim, que coisa meiga!!!

Para acompanhar o chopp, pedimos uma farta porção de croquete de picanha que foi servido com uma deliciosa mostarda escura.

Depois de conhecer o Pinguim, voltamos ao Parque Municipal para andar de roda gigante. Eu não fazia isso há muito tempo, foi uma delícia!!!! Passamos novamente pelo Mercado Central pra tomar uma cerveja no Bar Backer, que estava muuuuuuito cheio. Já era fim de tarde, então voltamos ao hotel para descansar um pouco e nos preparar para jantar em um lugar muito especial.

À noite fomos conhecer o restaurante AMIGO DO REI, especializado em culinária persa. Eu estava animadíssima porque adoro experimentar novos sabores e não sabia quase nada sobre cultura e comida iraniana. É o único restaurante desse tipo em toda a América Latina.


O restaurante simples e aconchegante funciona em uma rua tranquila e, logo que sentamos, reparei no belo arranjo que ficava no centro da mesa: um bowl de cerâmica contendo água e flores que exalavam um gostoso e refrescante perfume.

O simpaticíssimo e gentilíssimo proprietário Claudio Battaglia veio nos receber e conversamos longamente sobre alguns costumes iranianos/persas e, antes de continuar esse relato, gostaria de citar o seguinte texto que consta no site do restaurante e no livreto que recebemos com algumas curiosidades sobre o país:

“PÉRSIA OU IRÃ?

O Restaurante Amigo do Rei optou por dar predominância aos termos persa e Pérsia ao invés de iraniano e Irã por um motivo muito simples: durante décadas a imprensa dos Estados Unidos criou e divulgou em todos os jornais do mundo um imaginário que faz brotar na mente de quase todos a imagem de um povo feroz, primitivo, maluco e assassino, quando se fala a palavra Irã. Mas o nome Pérsia ficou intocado e desperta em nossas mentes a idéia de prazer, de beleza, da magia das Mil e Uma Noites, a noção de que aquela região é chamada de O berço da humanidade, uma série de coisas positivas, enfim, que tem tudo a ver com a riqueza de sabores da culinária iraniana. O Irã é, por exemplo, o país que detém o maior acervo de poesias em todo o planeta e lá, ser poeta, ainda é uma profissão corrente. A delicadeza e a hospitalidade iraniana são famosas.

O nome original do país sempre foi Irã. Irã é uma palavra que significa Terra onde moram os arianos. Realmente eram indo-arianas as tribos que emigraram do leste da Rússia e se fixaram no Oriente Médio desde a alta Antigüidade, talvez fugindo de um frio demasiado intenso. O nome Pérsia foi usado no ocidente devido ao nome Persis. Em grego antigo, Persis, como eles chamavam, é uma região do sul do Irã (atualmente um Estado) chamada Fars, ou Pars em língua persa. Persis é a forma helenizada de Pars e baseadas nela outras nações denominaram Pérsia, o Irã.

Os ocidentais se referiram ao país como Pérsia até 21 de março de 1935, quando o Shah Reza Pahlavi pediu formalmente à comunidade internacional que o país fosse chamado pelo seu nome original, Irã. Mas, devido ao protesto de alguns estudiosos o governo anunciou em 1959 que ambos os nomes, Pérsia e Irã, podiam ser usados.”

Pedimos uma entradinha MARAVILHOSA, que parecia uma barquete de pepino recheada com frango bem temperado acompanhado por um molho azedinho que se assemelhava a iogurte com ervas frescas e especiarias.

Descobrimos que apesar de o Irã estar encravado no Oriente Médio, ele não é um país árabe e os iranianos são descendentes das tribos de etnia ariana que emigraram do leste da Rússia, há milênios. Parte delas se fixou no Oriente Médio e parte seguiu para a Europa até chegarem à região escandinava, onde também se fixaram.*

*Fonte: http://www.amigodorei.com.br/sobre.html


Para acompanhar os pratos que pedimos, o Marcelo escolheu o vinho Artero e eu achei muito interessante a história da LEI MOLHADA, a seguir:

“O Amigo do Rei lançou em dezembro de 2008 a Lei Molhada, um sistema criativo de trabalho com vinhos, servindo-os a preço de custo. No Amigo do Rei a margem de 60 a 150% que os restaurantes fazem incidir sobre seus vinhos permanece no bolso do cliente. Esta economia permite pagar com facilidade os taxis necessários para ir e vir sem preocupações com a nossa conhecida Lei Seca.”

O AMIGO DO REI possui um cardápio fixo e outro sazonal, no qual a Cadbanou* Nasrin Haddad Battaglia vai mostrando receitas que se alternam de acordo com as estações e a saudade.

*Na inexistência da expressão chef de cuisine no Irã, uma mulher dotada de excelente desempenho em culinária recebe o título de "Cadbanou".

O Marcelo pediu um prato do cardápio sazonal e por isso não lembro exatamente do que se tratava, mas sei que tinha cordeiro e um molho sensacional, temperado na medida certa. Ele adorou!!!!


Eu pedi o TAHTIN BO MORGH e descobri a seguinte descrição do prato, através do site do restaurante:

Cubos de Peito de Frango acompanhados por arroz Tahtin (uma receita rica com acabamento feito no forno, o que gera uma base torradinha. Esse torradinho tem nome, tahdigh, e é obrigatório no Irã). No prato comparece o zereshk (frutinhas cor de vinho, selvagens, que nascem nas montanhas do Irã) e o Borani, que vem num pequeno pote, no próprio prato: é receita antiqüíssima, cuja única função é limpar o paladar, não devendo ser misturado à comida.

Close do arroz Tahtin. Eu nem gosto de arroz, mas amei essa receita leve e saborosa!

Close do Borani

Gostei de tudo, do arroz Tahtin, do Borani e do frango que tinha um tempero bem diferente, nunca provei nada parecido. Fiquei satisfeitíssima com essa nova experiência gastronômica, mas antes de terminá-la, resolvemos pedir uma sobremesa.


Também não lembro exatamente do que era feito o doce, mas sei que tinha bastante pistache (que adoro!!!) e um creme denso e gostoso. Comemos a iguaria acompanhada de uma taça de vinho de sobremesa (branco e docinho), aproveitando os preços de custo da bebida. Nossa impressão geral foi ótima e fica aqui a recomendação aos amigos e leitores do blog.

Restaurante Amigo do Rei
Aberto de Terça a Sábado para jantar das 20:00 às 23:00hs
Rua Quintiliano Silva, 118 - Santo Antônio, Belo Horizonte
Tel.: (31) 3296 3881/(31) 3296 3881
http://www.amigodorei.com.br/

No domingo de manhã, acordamos cedo como de costume e fomos dar uma olhada na bela Praça Raul Soares, de onde saem as Avenidas principais da cidade.


Passamos pelo Centro de Cultura Belo Horizonte, que ocupa uma das mais belas edificações da cidade em uma localização privilegiada. O prédio neogótico em estilo manuelino contrasta com os edifícios modernos que o cercam.


O Mercado Central estava começando a funcionar e tive que reprimir minha vontade de comprar todos os queijos, linguiças e doces de leite que vi lá dentro.

Em seguida, fomos até a Afonso Pena, porque era dia da famosa feira livre, que é incrivelmente grande e abarrotada. Parece que vende-se de tudo por lá, desde pinturas e artesanato em geral até comidas e roupas. As multidões geralmente nos espantam e tudo o que fizemos foi caminhar um pouco ao lado da feira. Em seguida, pegamos um ônibus para a Pampulha, que nos deixou no Mineirão.


Depois de algum tempo de caminhada, chegamos ao cartão-postal de Belo Horizonte, a  Igreja São Francisco de Assis, que tem seu projeto arquitetônico assinado por Oscar Niemeyer com painéis externos de Cândido Portinari e jardins idealizados por Burle Marx.


Ao longo do caminho, avistamos algumas capiravas que relaxavam à beira da lagoa. Não pude chegar muito perto, mas utilizando um pouco de zoom, consegui tirar a seguinte foto.

Simpática a bichinha, né? Parece até que fez pose!

Nós tínhamos a indicação de que havia bicicletas para alugar em algum ponto da Pampulha, mas o problema foi achar o tal local nos 18 km de extensão da lagoa!!!! Enquanto isso, seguíamos caminhando. Conhecemos outro parque no caminho, além do Jardim Botânico e do Jardim Zoológico. Nesse momento meus pés já estavam latejando e algumas bolhas começaram a se formar. Bom, eu estava usando sapatilhas que não eram adequadas para longos percursos, mas eu não imaginava que andaríamos tanto!!!! Enfim, para acabar com minha dor nos pés e meu mau humor, resolvemos pegar um táxi e descobrimos onde havia bicicletas para aluguel. Sendo assim, decidimos dar uma volta completa na Lagoa.


Nossa primeira parada foi o Museu de Arte da Pampulha, que hoje abriga exposições de arte moderna e contemporânea, tem um belo paisagismo e atrai pessoas em busca de um momento de paz e contemplação. Mas esse prédio tem uma longa história. Projetado por Oscar Niemeyer, foi inaugurado em 1944, onde funcionou como cassino até a proibição do jogo no país em 1946. Em 1956, ele reabriu suas portas como museu. O Museu de Arte da Pampulha faz parte de um dos principais símbolos da cidade de Belo Horizonte, o conjunto arquitetônico da Pampulha.*

*Fonte: http://minhabh.blogspot.com/2009/10/museu-de-arte-moderna_01.html


O lugar é bem bonito e realmente a sensação de paz e tranquilidade está em todo o seu entorno. Acho que até as capivaras concordam comigo!!!!

Passamos ainda pela Barragem, Aeroporto, vimos a Imagem de Iemanjá e a Casa do Baile, além dos lugares por onde já havíamos passado caminhando. A volta completa, com algumas breves paradas, durou mais de 1:30 hs.

Só depois de ver as fotos, me toquei de que eu e o Marcelo parecíamos estar uniformizados: sem querer, vestimos camisetas e bermudas na mesma cor!

Imagem de Iemanjá na Lagoa da Pampulha

Marcelo e a Casa do Baile

Depois de devolvermos as bicicletas, retornamos ao centro e fomos caminhando novamente em direção à Savassi. Já era perto do fim da tarde e procuramos pelo bar KRUG BIER, que fabrica a própria cerveja.

Gostamos muito da experiência e minha cerveja preferida foi a Áustria Amber, mais encorpada e bastante saborosa.

Para comer, pedimos o involtini de berinjela recheada de tomate seco, manjericão e mussarela de búfala, acompanhada de torradinhas de queijo com ervas finas. Hummmmm… sensacional!!!! Tentei reproduzir esse petisco em casa e mostrei o resultado no seguinte post:

http://casosecoisasdabonfa.blogspot.com/2010/10/verrine-de-tomate-pepino-e-morango-com.html


O bar tem uma atmosfera bem agradável e o Marcelo aproveitou a oportunidade para assistir ao primeiro tempo do FLA X FLU que estava sendo exibido no telão.

Já o segundo tempo do jogo foi assistido em outro bar próximo, o ARTESAMALT, que também fabrica a própria cerveja, mas não nos deixou tão animados com relação à bebida.

Pra compensar, gostamos muito desses pasteis de milho recheados de queijo e carne, que chegaram à mesa bem quentinhos e crocantes!!!!

Depois de dois dias de longos passeios, as horas de descanso, as comidinhas e as cervejas foram recompensadoras. Fechamos a conta e voltamos ao hotel pra pegar as mochilas e o ônibus de volta ao Rio. Passamos um final de semana maravilhoso na capital mineira!!!! Só não deu tempo de visitar parte da família que mora lá, mas da próxima vez, temos um encontro marcado!!!!

Um beijo pra todos e uma ótima semana!!!!

Bonfa ass