quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A decisão de ter um (só) filho

Bom dia, pessoal!!!! A convidada de hoje é minha conhecida desde os primórdios do blog e a acompanho desde antes de ela se casar e de ter tido o Eduardo, sua maior conquista. O texto da Rosi é bem interessante e leva à reflexão sobre a maternidade e o fato de querer ter um filho só. Vamos conhecê-la?

rosi

Venho de uma família grande, com muitas mulheres. Minha mãe sempre nos ensinou a trabalhar juntas, até nas brincadeiras ou afazeres domésticos. Mesmo sendo a caçula, sempre tive que participar, eram pequenas tarefas, mas o sentimento de pertencer me fazia muito bem.
 
Ter uma família numerosa requer abrir mão de algumas coisas, de brinquedos, de espaço e até de alimentação. Naquela época e partindo daquela história que "onde come uma boca comem duas", tive uma infância humilde e restritiva. Por longos períodos nossa alimentação era composta apenas do básico e compartilhávamos roupas, sapatos e até a cama para dormir. Nossa situação financeira só mudou quando eu e minhas irmãs começamos a trabalhar e ajudar meus pais.
 
Aí vieram os sobrinhos. O primeiro deles chegou junto com meus 15 anos. Eu fiquei maravilhada com aquele pequeno ser e me dispuz a auxiliar minha irmã nos cuidados com o bebê. Era meu boneco, adora trocar a roupinha, dar papinha, banho... O segundo sobrinho nasceu três anos mais tarde e me foi dado como afilhado. Se antes eu era uma tia dedicada, agora virei uma tia babona.
 
A família foi crescendo com a chegada de novas crianças. A cada notícia de gravidez, era uma comemoração. A cada nascimento, mais uma alegria. Contabilizamos nove crianças, sendo apenas uma menina de todo o grupo. Meu papel como tia aumentou, trabalhando fora e com um salário razoável, os sobrinhos sempre eram paparicados com presentes, passeios e custeio de seus estudos, gastos que minhas irmãs não conseguiam assumir sozinhas pela quantidade de filhos. Além disso, ocupei o papel de irmã mais velha mesmo sendo a caçula, sempre ajudei financeiramente minhas irmãs e talvez pelo meu rápido amadurecimento, virei a conselheira da família. Com isso vieram as responsabilidades e cobranças, família é um negócio complicado, quanto mais você se doa, mais recebe cobranças. Até que encontrei minha cara metade, e com 29 anos de idade, resolvi casar para espanto da minha família. Alguns acreditavam que ficaria, literalmente, "pra titia".
 
Se meu comprometimento com os problemas da família acabou? Claro que não. Mas tomou uma nova forma. Agora eu tinha que cuidar da família que havia criado. Mas faltava um filho. Dizem que o desejo pela maternidade surge quando chega a hora certa. A mais pura verdade. Sentia uma necessidade, um desejo inexplicável de me tornar mãe. Começaram as tentativas, fase que durou pouco. Logo recebi a notícia que teria um bebê. Compartilhar tal notícia com familiares e amigos foi muito gratificante. Me sentia plena, vitoriosa.
 
Desde sempre sabia que teria um menino. E Eduardo foi o nome escolhido. Um nome simples, fácil e sonoramente bonito. E Eduardo chegou a minha vida numa sexta-feira a noite. Dizer que aquele foi o momento mais emocionante de minha vida pode parecer piegas, mas só quem passa por ele entende sua intensidade.
 
Aproveitei minha licença maternidade o máximo que pude, mas ela chegou ao fim. Minha preocupação era com quem deixá-lo para poder voltar à trabalhar. Procurei escolas, pesquisei valores e localizações, e fiquei decepcionada com a maioria delas, se a escola oferecia uma boa estrutura, o valor cobrado era exorbitante, se tinha um preço justo, a distância de casa dificultaria nossa rotina. Me desesperei por semanas, como uma mãe consegue trabalhar sem ter a certeza que se filho está bem? Recorri à minha irmã que trabalhava como babá, fiz uma proposta de irmã mesmo e agindo pelo coração, ela aceitou cuidar do meu filho. Ela pediu dispensa do emprego anterior e eu me mudei de casa para facilitar a rotina dos dois, nunca me agradou a ideia de expor um bebê ao frio ou chuva para levá-lo à escola, assim como deixá-lo aos cuidados de estranhos. Consegui alugar um apartamento no prédio que minha irmã mora, tive sorte é verdade, mas tal mudança me obriga a enfrentar quatro horas diárias de trânsito para ir trabalhar e voltar para casa. Grande parte do orçamento de casa é destinado ao Eduardo. São compras semanais de fraldas, leite, legumes e frutas. Tenho ainda despesas mensais de materiais de higiene, medicamentos e roupas. Criança cresce e perde roupas muito rápido. Além disso, as peças infantis chegam a custar até mais caro que roupas de adulto.
 
Tudo isso me fez analisar muito o fato de aumentar a família. Decidi que o Eduardo será filho único. Sei da importância de ter irmãos e como é bom ter alguém para compartilhar a vida. Acho lindo aqueles almoços em famílias, as datas comemorativas sempre cheias de gente, mas definitivamente, planejei tanto ter um filho que, como toda mãe, quero oferecer o melhor a ele.
 
Algumas pessoas me dizem que criança precisa apenas de amor e atenção. Eu concordo. Mas sei muito bem o quanto é ruim herdar sempre objetos usados, viver desejando aquele brinquedo que passou na TV, desejar comer aquele doce e não poder. Meu filho merece ter uma vida tranquila dentro das minhas possibilidades, merece ter um médico para tratá-lo, uma escola para poder estudar, ter oportunidades de trabalho, de amigos, de vida que outros terão... merece ser cuidado com todo o carinho. Eduardo é a melhor parte de mim.

Rosi Costa Caleffi

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Rosi, agradeço muito o fato de você ter aceitado meu convite e de ter escrito esse texto tão interessante. Sou a primogênita de três filhas e a mais velha da minha geração, tanto do lado materno quanto do lado paterno. Enquanto crescia, percebia a responsabilidade, as preocupações financeiras e o jogo de cintura dos meus pais pra conseguir pagar escola, transporte, curso de inglês e até balé pra três meninas. Éramos uma família de classe média vivendo na zona norte do Rio. Não posso me queixar de ter sentido falta de alguma coisa, mas não tínhamos luxo: presentes só no dia do aniversário, no Dia das Crianças e no Natal. Nada de lembrancinhas fora de época. Viagens eram raríssimas. E foi assim que aprendemos a dar valor ao que recebíamos e a economizar água e luz.

Meu pai teve uma infância pobre e quis oferecer às filhas o melhor que podia, até mesmo um trenzinho FERRORAMA, que desconfio ter sido um presente pra ele mesmo, rsrsrsrsrs! Se não fosse pelo veto da minha mãe, eu poderia ter tido uma quarta irmã ou irmão, o sonho do meu pai. Mas penso que a natureza é sábia e o presenteou com um primeiro neto lindo, saudável, cheio de energia e que compartilha o mesmo sorriso. Quando dizem que o Gábi tem a mesma expressão do avô, ele fica todo bobo… e com razão!!!!! Ambos possuem um sorriso largo, generoso, maroto e espontâneo.

Para conhecer melhor a Rosi, basta clicar no seguinte link:

http://mundinhodarosi.blogspot.com/

Que a gente tenha um final de semana inesquecível junto às pessoas que mais amamos  no mundo!!!!!

Um grande beijo!!!!

Bonfa ass