A Biblioteca de Celsius, cartão-postal do Éfeso
O maior anfiteatro da Antiguidade
Alto relevo de Nike – deusa grega da vitória
No interior da Turquia (Selçuk, Pamukkale e Capadócia) fomos recebidos de forma muito calorosa. O povo lembra o brasileiro pela simpatia, informalidade e prestatividade. Ah, e também por causa da paixão pelo futebol!!!! Quando descobriam a nossa nacionalidade, o assunto surgia imediatamente. Não tivemos nenhum problema com a comunicação porque todo mundo falava inglês e a sinalização era sempre bilíngue.
Depois de 8 dias na Rússia, pegamos um voo da Turkish Airlines para Istambul, onde fizemos conexão para Izmir. Do enorme aeroporto de Istambul, saem voos para o mundo inteiro e eu acho super interessante observar tantas etnias diferentes em um só lugar. Antes de pegarmos a conexão, tivemos algumas horas livres e aproveitamos para experimentar a cerveja local pela primeira vez. A EFES (Éfeso em turco) é uma pilsen clara e um pouco mais amarga do que a que estamos acostumados a encontrar no Brasil. A infraestrutura do aeroporto é ótima e a praça de alimentação onde ficamos oferecia uma boa variedade de lojas e restaurantes.
Gente, eu não pude deixar de registrar o curioso lanchinho servido no voo Istambul-Izmir. Foram somente 45 minutos de viagem, mas fomos muito bem alimentados com um farto sanduíche de peru, queijo, tomate e pepino acompanhado por saladinha de berinjela. A sobremesa foi uma deliciosa mousse de chocolate com banana. As comissárias de bordo da Turkish Airlines foram as mais rápidas e eficientes que já encontrei e a companhia aérea foi eleita a melhor da Europa em 2011.
De Izmir, pegamos um trem muito confortável que nos deixou em Selçuk, nosso primeiro destino na Turquia. A viagem durou cerca de uma hora.
Selçuk é uma cidade pequena e pacata que me fez lembrar de alguns lugares que conheci no interior do Brasil.
Decidimos dormir na cidade porque ela está situada a somente 2 km das ruínas de Éfeso, uma das maiores atrações turísticas da Turquia.
Durante o dia, suas ruelas limpas e aconchegantes ficam praticamente vazias porque os turistas estão conhecendo as atrações que ficam nos arredores da cidade. Nos cafés tradicionais, só havia homens que bebiam chá e jogavam gamão. Não vimos mulheres nesses lugares, mas não creio que a entrada delas seja proibida, talvez só “pegue mal” ser vista por lá.
Como só havíamos comido no avião, decidimos “almojantar” por volta das 18 hs. Circulamos a região de maior concentração de bares e restaurantes e percebemos que vários deles exibiam uma plaquinha com a recomendação do GUIDE DU ROUTARD, um guia para mochileiros/viajantes franceses e, aparentemente, um selo de qualidade também. Infelizmente, não lembro o nome do restaurante onde comemos, mas foi uma das melhores refeições que fizemos nessa viagem. Depois de provar várias comidinhas insossas na Rússia, com algumas exceções, na Turquia descobrimos uma explosão de sabores!!!! O Iskender Kebab foi o primeiro prato que provamos, aprovamos e repetimos mais tarde em outras oportunidades. Trata-se de fatias finas de carneiro servidas com molho de tomate fresco, iogurte e pão pita cortado em tiras. Nesse caso, o prato veio com batatas fritas do tipo chips misturadas à carne.
Os charutinhos com queijo (Sigara Böreği) estavam gostosos, mas eu preferiria que tivessem mais recheio…
Ah, essa pastinha de azeitona, alho e iogurte estava sensacional e fechou nossa refeição acompanhada de pães quentinhos.
Dormimos cedo e, no dia seguinte, partimos em direção ao Éfeso, passando antes pelo Templo de Artemis, uma das 7 maravilhas do mundo antigo construído no século VI A.C.
Infelizmente, no local onde havia o imponente templo, hoje resta uma só coluna com destroços empilhados. Alguns pássaros contruíram um ninho bem no topo dela e não parece haver muita preocupação com a preservação das ruínas.
Porém, algumas esculturas e objetos encontrados na área estão expostos no BRITISH MUSEUM, em Londres. De lá, continuamos nossa caminhada em direção ao Éfeso.
Éfeso foi uma cidade greco-romana da Antiguidade situada na costa ocidental da Ásia Menor. Durante o período romano, foi por muitos anos a segunda maior cidade do Império Romano, apenas atrás de Roma, a capital do império. Tinha uma população de 250 mil habitantes no século I a.C., o que também fazia dela a segunda maior cidade do mundo na época.*
*Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89feso
Detalhe de inscrição em bloco de pedra
Restos de colunas, cornijas e outros ornamentos
Detalhe de uma ânfora esculpida em alto relevo
O Anfiteatro com capacidade para 25 mil espectadores está em ótimo estado de conservação, considerando que existe há mais de 2 mil anos e era o maior teatro do mundo na época.
A Rua do Porto é a principal passagem e entrada da cidade. Segundo os livros de história, Éfeso recebeu visita do imperador Marco Antônio e da rainha Cleópatra, que entraram no complexo por essa via.
Segundo um folheto que recebemos na entrada do Éfeso, o local é considerado a segunda cidade da antiguidade mais bem preservada do mundo. A primeira é Pompéia, que fica na Itália. Exploramos a atração durante mais ou menos 3 horas e o lugar mais espetacular, na minha opinião, é a Biblioteca de Celsius.
A construção foi concluída em 135 D.C. e é a principal atração da cidade. O prédio impressiona pela gigantesca fachada em mármore, que chegou a abrigar 12 mil rolos de papiros. Ostenta colunas com dez metros de altura e possui algumas cópias das estátuas originais, que estão expostas no Museu de Éfeso, em Viena.
Segundo fontes históricas, Alexandre, o Grande, Cleópatra, Virgem Maria, Izabel, São João e São Paulo foram algumas das “celebridades da antiguidade” que passaram por Éfeso.
Fotografamos a biblioteca dezenas de vezes em diferentes horas do dia e descobrimos que o melhor período para visitá-la é durante o almoço, já que a maioria dos turistas prefere fazer parte de uma excursão. Enquanto o pessoal almoçava, passeávamos tranquilamente pelo local, que fica bem mais vazio entre meio dia e duas horas da tarde.
Na imagem acima, vocês podem ver o Templo de Adriano, uma das estruturas mais bonitas e bem preservadas do Éfeso. Sua fachada possui quatro grandes colunas que sustentam um belo arco ornamentado.
Detalhe das figuras esculpidas no interior do Templo de Adriano
Havia latrinas públicas na cidade e eu acho engraçado imaginar as pessoas sentadas umas ao lado das outras fazendo suas necessidades e batendo papo ao mesmo tempo… Aliás, descobri por meio DESSE SITE, que os ricos mandavam seus escravos aquecerem as pedras da latrina antes de se sentarem nelas… curioso, né?
Templo de Domiciano
Detalhe das colunas próximas aos Banhos Escolásticos
A partir desse deck de madeira, é possível ver boa parte da cidade antiga.
O Odeon é um anfiteatro menor e tinha dupla função, sendo usado para abrigar performances musicais e encontros do Senado.
Vista do topo do Odeon
Ah, como eu adoro flores de cerejeira! Achei lindo esse contraste do tom rosado com as ruínas acinzentadas!!!!
A última atração que visitamos no Éfeso foram as “Terrace Houses”, um complexo fechado cuja visita é paga à parte. Trata-se de uma série de casas que pertenciam a pessoas abastadas. É interessante observar como eram divididos os cômodos e quais eram os objetos decorativos usados entre os séculos I A.C. e 7 D.C.
Uma extensa passarela de vidro guia o visitante entre as ruínas das casas que, em sua maioria, possuíam dois andares.
Com o tempo, o segundo andar ruiu, mas o primeiro permaneceu bem preservado. Todas as construções possuíam um pátio interno e o andar térreo era ocupado pelas salas de estar e de jantar. O andar superior era destinado aos quartos dos moradores e dos hóspedes. Adorei poder reparar nos detalhes de pinturas das paredes e nos “tapetes” de mosaico incrustados nos pisos.
O que mais me impressionou foi descobrir que as casas possuíam um sistema de aquecimento feito por meio de tubos de argila que corriam por baixo do piso e por trás das paredes carregando ar quente. Sendo assim, essas residências eram abastecidas tanto com água quente como fria. Isso devia ser bem chique na época, né?
Detalhe das padronagens dos pisos, feitas em mosaico
Na saída do Éfeso, assim como em qualquer outra atração turística, havia várias lojas de souvenirs. O mais interessante foi perceber que bolsas, óculos, lenços e relógios de grife falsificados eram exibidos sem o menor constrangimento.
Achei essa placa super divertida: GENUINE FAKE WATCHES, como assim? Traduzindo: Relógios genuinamente falsos??????
Em seguida, fomos visitar a caverna dos Sete Dorminhocos (Seven Sleepers).
Segundo uma antiga lenda, sete homens foram acusados de praticar o cristianismo durante as perseguições religiosas do imperador romano Décio, por volta de 250 D.C. Apesar de terem tido a chance de negar sua fé, os homens preferiram doar todos os seus bens aos pobres e se refugiaram em uma caverna para rezar, onde dormiram um sono profundo. O imperador soube da notícia e mandou que seus soldados lacrassem a caverna.
Décio morreu em 251 D.C., séculos se passaram e o cristianismo deixou de ser condenado, passando a ser a religião oficial do império romano. Um belo dia, o dono das terras onde ficava a caverna decidiu reabri-la e encontrou os sete homens acordando de um sono pesado. Para eles, só havia passado um dia, mas estranharam quando chegaram à cidade e viram tantas casas ostentando crucifixos em suas fachadas. Eles foram conversar com um bispo, contaram sua história milagrosa e passaram o resto de suas vidas servindo a Deus. Durante excavações realizadas em 1927, uma igreja e uma série de túmulos foram encontrados nos arredores da caverna, que virou um local de peregrinação.*
*Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Seven_Sleepers
No meio da tarde, paramos para um choppinho e eu aproveitei para experimentar a EFES DARK, versão escura da cerveja local. Não gostei muito porque achei pouco amarga e pouco encorpada.
Para encerrar a programação de visitas do dia, fomos à Basílica de São João, construída pelo imperador Justiniano no século VI, no local onde o apóstolo viveu seus últimos anos e foi sepultado.
Esse painel resume a vida de São João, e por meio dele, descobrimos que Jesus pediu ao apóstolo que cuidasse de sua mãe, a Virgem Maria, e por isso ele a trouxe para Éfeso em 37 D.C. Nós optamos por não conhecer a Casa de Nossa Senhora, considerada um local importante para o turismo religioso.
Além de colunas, arcos e diversos ornamentos, na capela há alguns belos afrescos.
Detalhe de portal com cornija
Detalhe de uma coluna reconstruída
Pia batismal escavada no piso
Túmulo de São João Evangelista
Pausa para tomar um solzinho…
Ouvindo o chamado para a oração vindo da mesquisa de Isa Bey
Vista de Selçuk a partir da Basílica de São João
A fortaleza otomana no Monte Ayasuluk infelizmente estava fechada para visitação, mas sua fachada é bem interessante e possui aquele recorte tipicamente medieval.
De volta ao centro de Selçuk, fotografei essa placa de uma loja de tapetes, que achei super fofa!
Registrei também a roupa de “gosto duvidoso”, digamos assim, da manequim da foto à esquerda, e uma roupinha de príncipe, comumente usada pelos meninos na época de sua circuncisão. Depois de ir à mesquita e recitar as orações, o garoto é levado para casa onde é circuncisado por um médico. Em seguida, permanece entre os convidados que dançam e cantam em honra do pequeno rapaz que se tornou um homem.
Pedimos mais uma vez o Iskender Kebab, porém em outro restaurante. Até pensamos em voltar onde jantamos no primeiro dia, mas como gostamos de variar, escolhemos um lugar diferente.
O prato também estava suculento e veio acompanhado de uma saladinha e de um pedaço de pão quentinho coberto de queijo.
Quando saímos do restaurante, já estava escuro e resolvemos dar uma última volta pela cidade antes de voltarmos ao hotel. Descobrimos essa loja de doces especializada em Baklava, um tipo de pastel elaborado com pasta de nozes, pistaches, avelãs ou gergelim triturados, envolvida em massa folhada e banhada em xarope ou mel, e levamos alguns exemplares para comer no dia seguinte.
E assim terminou nossa primeira aventura na Turquia, que me deixou bem animada e ainda mais ansiosa para conhecer o resto das cidades que estavam no roteiro. Nossa próxima parada foi Pamukkale, o lugar pelo qual me apaixonei à primeira vista quando vi algumas fotos tiradas por um colega de trabalho nos anos 90.
Um grande beijo para todos com votos de muitas viagens inesquecíveis!!!!