terça-feira, 17 de julho de 2012

Resumão das férias na Turquia – Parte 2: Pamukkale, Hierápolis e Afrodisias

Piscinas termais de origem calcária em Pamukkale

Ruínas de Hierápolis

Antique Pool, uma piscina térmica construída sobre as ruínas de Hierápolis

Pôr do sol em Pamukkale

O monumental Tetrapylon de Afrodisias

Lago na base do Parque Natural de Pamukkale

Iskender Kebab, prato típico da Turquia

De Selçuk, seguimos para Pamukkale em um transfer direto, aproveitando uma van cheia de turistas que seguia para a excursão aos “Castelos de Algodão”. Pagamos só pelo transporte e foi muito mais cômodo do que ir de ônibus até Denizli e depois ainda ter que pegar outro veículo para chegar ao nosso destino.

Pamukkale significa “Castelo de Algodão” em turco e recebeu essa denominação por causa de suas piscinas termais de origem calcária, que com o passar dos séculos formaram bacias gigantescas de água que descem em cascata a partir de um penhasco. O carbonato de cálcio presente no interior das formações rochosas, é expelido e depois se solidifica como mármore travertino. O local doi declarado Patrimônio Mundial da UNESCO juntamente com as ruínas da cidade de Hierápolis, que ficam no topo do monte.

Foi por esse lugar específico que me apaixonei por volta de 1995, quando vi as fotos da viagem de férias de um colega de trabalho. Eu nunca tinha ouvido falar em Pamukkale e sabia muito pouco sobre a Turquia, mas quando me deparei com as imagens dessas montanhas brancas que parecem estar cobertas de neve bem dura, comecei a sonhar em um dia poder ver de perto essa paisagem espetacular!!!!

Nem sempre é fácil conciliar os períodos de férias, economizar uma graninha e conseguir a companhia certa para viajar. Fico feliz de o Marcelo ser um cara que prefere conhecer lugares novos ao invés de voltar sempre aos mesmos. Eu também sou assim. Penso que temos uma alma aventureira  e adoramos descobrir novas culturas, costumes, pratos típicos e paisagens urbanas ou naturais. Dessa maneira, sinto que estamos constantemente aprendendo e aumentando a nossa bagagem cultural!!!!

Logo no início da trilha para as piscinas termais, há uma placa indicando que é proibido usar sapatos e alertando que o terreno é escorregadio. Dobrei a calça e fui caminhando devagarzinho ladeira acima, escolhendo pisar nas partes mais lisas para não machucar os pés, evitando também as pedrinhas soltas. 

São Pedro, nosso amigo, mais uma vez nos presenteou com um belo dia de sol e de temperatura amena. A água, que escorre ininterruptamente, é morninha e assim foi fácil chegar até o topo, parando em algumas piscinas para curtir e registrar nossa presença.

Eu não contava com o calor que fez esse dia e não levei biquini para me banhar nas piscinas, mas fiz questão de molhar as canelas e tive uma experiência surpreendente.

Achei interessantíssimo descobrir que o carbonato de cálcio se apresenta como uma pasta branca no fundo das piscinas e, se a gente se desloca muito na água, ela fica turva e esbranquiçada. Eu tive a sensação de que estava pisando em lodo, mas não foi nada ruim, pelo contrário. Achei essa consistência bem agradável.

Gostei muito do que vi e senti em Pamukkale, mas foi inevitável comparar a situação atual com as fotos dos anos 90, conforme vocês podem conferir nas duas imagens a seguir. 

pamukkale-98

Fonte da imagem: http://www.travlang.com/blog/wp-content/uploads/2010/04/pamukkale-98.jpg

45182178

Fonte da imagem: http://trip.worldtravellist.com/2012/01/unexplained-wonders-of-the-world-pamukkale-turkey/

As piscinas naturais hoje em dia

O turismo sempre foi a maior fonte de renda da cidade e diversas pessoas se banharam nas piscinas naturais por milhares de anos. No século XX, alguns hotéis foram erguidos sobre as ruínas de Hierápolis e causaram grandes estragos. Também foi construída uma pequena estrada por onde passavam muitas motos, danificando o terreno. Quando o local foi classificado como Patrimônio Mundial da UNESCO em 1988, os  hoteis foram demolidos e na estrada foram construídas piscinas artificiais, que foram aquelas pelas quais passamos.

Pois é, gente, infelizmente, as piscinas naturais não existem mais!!!!! O que eu vi nas fotos tiradas há quase vinte anos não estava mais lá e confesso que isso me deixou bem triste em um dado momento do passeio. Alguns amigos já tinham me alertado para não basear as minhas expectativas nos cartazes das agências de turismo, porque hoje em dia a região está muito mais seca… tudo bem, até aí eu já imaginava. Mas o problema é que o “mais seco” é, na verdade, “quase totalmente seco”, e nem é mais possível penetrar na área das antigas piscinas naturais. Na minha opinião, o fascínio e a exuberância de Pamukkale provinha justamente do fato de as piscinas terem sido esculpidas pela natureza, sem nenhuma intervenção do homem.

Porém, o Marcelo teve uma impressão diferente da minha, como vocês podem ler no seguinte trecho, escrito por ele:

“Eu achei lindo, único. Esperava muito pouco do lugar em função do que tinha lido sobre a queda brusca de quantidade de água e das medidas radicais que vem sendo tomadas para sua revitalização. Pois bem, achei extraordinário o que vi. Devo ter me surpreendido positivamente em função das expectativas, mas tem um fator importante: eu vi muito poucas fotos do lugar antes de ir. Acho que, se você vê muitas fotos daquele lugar cheio de água, pessoas nadando e etc. (como um dia já foi), possivelmente se decepcione com a (muito) pouca quantidade atual de água. Mas isso é do estilo de cada um, eu geralmente evito ver fotos dos lugares que vou conhecer, quero descobri-los com os olhos. E, repito, adorei!”

Quando chegamos ao topo do monte, calçamos os sapatos e fomos explorar as ruínas da antiga cidade greco-romana de Hierápolis, construída no século II a.C.

Na antiguidade, Hierápolis era considerada uma cidade sagrada pelo fato de que as águas quentes de suas piscinas naturais eram tidas como medicinais. Ao longo do tempo, o local atraiu pessoas de diferentes partes do planeta, incluindo a rainha egípcia Cleópatra, que frequentava regularmente suas termas. Por todo o terreno, há uma espécie de duto que servia para conduzir a água quente até as residências.

O imponente Teatro Romano

Sendo assim, Hierápolis foi fundada como um balneário e entregue por Roma a Eumenes II, rei de Pérgamo, em 190 a.C. Em 133 a.C., quando o rei Átalo III morreu, a cidade foi devolvida aos romanos, juntamente com o restante do reino de Pérgamo.

O teatro da foto acima data de 200 a.C e abrigava até 200 mil pessoas.

A cidade sofreu alguns terremotos, que deixaram suas construções em ruínas em diferentes períodos. O pior deles ocorreu em 60 d. C. e, depois disso, Hierápolis foi reerguida segundo os padrões estéticos romanos da época.

As ruínas estendem-se por vários quilômetros, incluindo teatros, fóruns e uma enorme e bem preservada necrópole cristã com centenas de túmulos.

Antigos banhos romanos

Principal rua de Hierápolis

Depois de circular pela antiga cidade, fomos conhecer a Antique Pool, uma espécie de spa cuja atração principal é uma piscina construída sobre parte das ruínas de Hierápolis.

A piscina é abastecida com a mesma água que encontramos nas bacias artificiais no caminho até Hierápolis e sua temperatura gira em torno de 36 graus, sendo indicada para tratamento de doenças de pele, patologias cardíacas, reumatismo, aterosclerose, hipertensão e por aí vai…

O mais interessante é que as colunas e os outros destroços que ficam no fundo da piscina são realmente originais.

Decidimos não entrar na água porque, além de acharmos o preço de 35 Liras Turcas meio salgado, o dia não estava tão quente assim e eu até senti um friozinho na sombra. Mas aproveitamos para descansar um pouco, sentados em uma mesa perto da atração principal, tomando a onipresente cerveja EFES, comprada em um dos bares nos arredores.

Em seguida, decidimos fazer o caminho inverso e descer até a entrada do parque, parando para tirar algumas fotos nas piscinas artificiais, que estavam mais vazias no final da tarde.

Reparem como a parede atrás do Marcelo parece mesmo feita de algodão ou de marshmallow!!!! Apesar de ela lembrar coisas fofinhas, sua consistência é bem sólida.

Muitos turistas se despediam dos “Castelos de Algodão” a essa hora, mas nossa intenção era apreciar o pôr do sol lá de cima, e por isso passamos o dia inteirinho no local.

Pamukkale

Aproveitei a calmaria para gravar esse vídeo curtinho.

Com a mudança da luz, a coloração das piscinas também sofre transformações. Nesse dia, tudo ficou meio prateado, mas já vi fotos em que a água adquiriu uma coloração amarelada ou avermelhada. É um espetáculo muito bonito.

Subimos novamente, escolhemos um bom lugar e esperamos o pôr do sol, contemplando lá de cima a pequena localidade de Pamukkale e o extenso vale ao seu redor.

Pôr do sol em Pamukkale

Estava escurecendo quando descemos, mas havia luzes acesas para nos guiar pelo caminho. Havia pouquíssima gente lá em cima para assistir ao pôr do sol, o que tornou a nossa experiência ainda mais especial.

À noite, jantamos no hotel mesmo, que ofereceu uma comida simples e caseira. A sopinha e a salada de tomate com pepino estavam bem saborosas, mas eu não gostei do prato principal, que era ensopado de frango. Mas isso provavelmente aconteceu porque eu não sou fã de ensopados, já que o Marcelo discordou de mim e achou tudo bem gostoso.

Como passamos um dia inteiro em Pamukkale e foi mais do que o suficiente, no dia seguinte resolvemos conhecer Afrodisias, que fica a pouco mais de uma hora de distância. Contratamos o transporte até lá e tivemos 3 horas para passear pelas ruínas, antes de voltarmos.

Afrodisias era uma cidade localizada em Caria, que agora faz parte da Turquia, e como o seu nome indica, foi batizada em honra a Afrodite, a deusa grega do amor.

Afrodisias não está no mesmo patamar do Éfeso em termos de preservação e grandiosidade, mas é bem interessante e acho que a visita valeu a pena.

O complexo é amplo e possui uma boa infraestrutura com placas informativas e um museu que abriga as peças mais importantes e delicadas encontradas no lugar.

Como a cidade foi construída perto de uma área de onde se extraía mármore, essa matéria-prima foi bastante explorada pelos artistas locais para criar belíssimas esculturas. Achei os rostos da foto acima muito interessantes e expressivos, apesar de sua aparência meio assustadora, rsrsrs!

Anfiteatro de Afrodisias

Restos de colunas em Afrodisias

No dia em que visitamos Afrodisias, a Turquia inteira foi tomada por ventos muito fortes e fora do comum. Percebemos isso enquanto dormíamos porque o assovio do vento era altíssimo e as árvores balançavam bastante. No meio da tarde, o céu começou a ficar muito escuro e nos refugiamos no anfiteatro quando a chuva começou a cair insistentemente. Como sou muito agitada e impaciente, o tempo de espera passou do meu limite e decidimos sair correndo debaixo da chuva até alcançar abrigo no museu. Ficamos um pouco lá dentro, vimos algumas peças, esperamos a chuva passar e voltamos para explorar as ruínas, já que percebemos que 3 horas passariam voando.

Detalhe de escultura em mármore

Detalhe de colunas e busto masculino

Odeon

O Odeon era um anfiteatro com capacidade para 1.700 pessoas, usado principalmente para encontros dos membros do Senado e concertos de música. Mais tarde, se tornou palco de competições, palestras e performances variadas.

O Templo de Afrodite era e ainda é um ponto focal da cidade, mas o aspecto do edifício foi alterado quando se tornou uma basílica cristã.

Gigantescas colunas do Templo de Afrodite

Portão de Tetrapylon, que conduzia ao templo grego de Afrodite

Detalhe do Tetrapylon

Voltando a Pamukkale, procuramos um lugar para jantar e, convencidos pelo funcionário do restaurante da foto acima, entramos para conhecer o espaço e acabamos ficando por lá mesmo. A decoração do local consistia de muitos tapetes, toalhas, pratos pendurados nas paredes, bandeiras e mapas da Turquia.

Escolhemos uma mesa perto da varanda e eu pedi novamente o Iskender Kebab, composto por fatias finas de carneiro servidas com molho de tomate fresco, iogurte e pão pita cortado em tiras. Esse não estava tão gostoso quanto os que comemos em Selçuk, mas não era ruim.

O Marcelo optou pelo kebab sem molho e também não se animou muito com o prato.

Após o jantar, aproveitamos para nos despedir da cidade dando uma voltinha no lago que fica na base do monte onde estão as piscinas termais.

A água vem lá de cima, é morna e cristalina. A temperatura dentro do lago devia estar bem mais agradável do que na parte de fora, porque fazia um pouco de frio e ventava.

Em seguida, voltamos ao hotel ASPAWA para terminar de arrumar as mochilas e partir para a cidade de Goreme, na região da Capadócia.

Normalmente eu não gosto de recomendar hotéis aos amigos porque acho que cada pessoa possui um conceito diferente de conforto. Se o lugar for limpo e não tiver cheiro de mofo, pra mim está ótimo! Nós somos super simples e damos preferência a albergues com quartos privativos ou hotéis baratos, bem recomendados e bem localizados. Como passamos o dia inteiro na rua, optamos por economizar na acomodação. De vez em quando, conseguimos bons descontos por meio do site www.booking.com e aproveitamos para escolher um hotel mais confortável, o que pra mim significa uma bancada espaçosa no banheiro. É sério: “luxo” pra mim é poder apoiar minha nécessaire contendo maquiagem e creme para o cabelo ao lado da pia sem medo de que tudo desabe no chão a qualquer momento, rsrsrsrs!

Dito isso, vou abrir uma exceção e recomendar o ASPAWA. O quarto onde ficamos era pequeno, limpo e cheiroso. O café da manhã e o almoço eram simples e honestos e a diária custava somente 27 Euros. O grande diferencial do hotel é a gentileza, a prestatividade, o bom humor e a extrema simpatia do casal que gerencia o lugar. Sabe quando a gente se sente em casa estando tão longe de casa? Na hora do jantar, encontramos uma simpática senhora que parecia ser a “sogra” e assistia a uma novela turca sentada em um sofá ao lado das mesas do restaurante. Assim que nos viu, ela acenou com a cabeça e abriu um largo sorriso.

Estava chovendo quando resolvemos deixar o hotel em direção ao local marcado para pegar o transporte nos levou a Goreme. Iríamos à pé, se não fosse o dono do hotel insistir muito em nos dar uma carona. Não havia necessidade porque era pertinho, mas achei a atitude dele super simpática. Na hora da despedida, ele ainda nos presenteou com uma sacola contendo garrafas de água e suco para tomarmos na viagem… ahhhhhh, achei esse gesto muuuuuuito fofo!

Soubemos do hotel por meio do site TRIP ADVISOR e ele é bem avaliado pela maioria dos que passaram por lá. É claro que existem exceções, como um cara que achou a família desagradável com jeito de quem não gostava do que fazia. A minha impressão foi completamente diferente e é por isso mesmo que adoro consultar a opinião dos antigos hóspedes.

Contratamos em uma agência de viagens local, um pacote que incluía transporte até a estação de ônibus de Denizli + o bilhete de ônibus de Denizli para Goreme. Na última hora, o rapaz da agência disse que estávamos com sorte e nos encaixou em um tour privado em uma van ultra confortável, que demorou algumas horas a menos para nos deixar na porta do hotel ARCH PALACE

…e essa história continua no próximo post sobre a Turquia!!!!

Um beijo enorme pra vocês!!!!

Fontes de consulta:
http://fuievolteipracontar.blogspot.com.br/2011/04/pamukkale-e-hierapolis.html
http://www.dobrarfronteiras.com/hierapolis-pamukkale-patrimonio-unesco-turquia/
http://perrengueiros.blogspot.com.br/2011/01/hierapolis-e-pamukkale.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Aphrodisias

Bonfa-ass