Estivemos em Cambará do Sul em setembro do ano passado e finalmente o Marcelo pôde realizar seu antigo sonho de conhecer o Parque Nacional de Aparados da Serra, acalentado desde os tempos em que era montanhista. E isso foi antes de a gente começar a namorar há quase 17 anos, vejam só!!!!
Apesar de agosto e setembro serem os meses em que mais chove na região, mais uma vez São Pedro, nosso amigo, resolveu dar uma trégua justamente no final de semana em que visitamos a cidade. Choveu muito nos três finais de semana anteriores e também nos posteriores, mas enquanto estivemos por lá, fomos presenteados com sol e céu azul.
Acordamos às 6 hs do sábado em Porto Alegre e antes das 7 hs já estávamos dentro do carro alugado rumo à Cambará do Sul. Chegamos à cidade três horas depois. O carro de pedra amarelo que fica ao lado do portal da cidade e que já havíamos visto em algumas fotos, desbotou. Mas, mesmo assim, paramos no local para registrar nossa presença. Na noite anterior, os termômetros atingiram os 3 graus, mas na hora em que chegamos o sol já dava sinais de que a temperatura subiria.
Alugamos um chalé simples e simpático na Fazenda Pindorama e fomos muito bem recebidos pela simpática proprietária, que nos ajudou a acender a lareira à noite para encarar o friozinho da serra. Foi lá que conheci e experimentei pela primeira vez um cobertor térmico, que deixou a cama bem quentinha e aconchegante.
Paramos para tomar um café com misto quente (adooooro!!!!) na padaria mais próxima e de lá seguimos para o Cânion Fortaleza, localizado no Parque Nacional da Serra Geral, a 23 km do centro de Cambará do Sul.
Antes de chegarmos ao cânion, paramos em uma pequena venda, onde compramos garrafas de água e aproveitei para fotografar o antigo fogão à lenha, que achei um charme!!!!
Sobre a condição das estradas que levam aos cânions, o Marcelo fez o seguinte comentário:
“Pelos relatos que li, avaliei que as estradas até os cânions seriam do mesmo patamar da que leva até as Agulhas Negras, aqui no Rio. Algo como solo lunar. Esperei pelo pior e me surpreendi positivamente: não é tão horroroso assim. É tipo a estrada para Visconde de Mauá (antes de começarem a asfaltá-la). Basicamente, em vez da expectativa de 20km/h de média, foi possível andar a 40km/h.”
Enfim chegamos ao estacionamento e começamos a nossa aventura!
O Cânion Fortaleza é considerado um dos mais exuberantes da região. Possui 7,5 km de extensão, 2.000 metros de largura e uma altitude de 1.240 metros acima do nível do mar. Os seus paredões lembram muralhas e foi daí que surgiu o nome Fortaleza.*
As principais trilhas são a do Mirante, onde é possível ver a grandiosidade do cânion e, em dias claros, parte do litoral gaúcho; a Trilha da Cachoeira do Tigre Preto onde despencam as águas do Arroio Segredo; e a Pedra do Segredo.*
A vista do cânion é ESPETACULAR!!!!! Infelizmente, a foto acima não consegue reproduzir fielmente a beleza desse lugar. Só mesmo indo lá para constatar a generosidade da natureza e se encantar!!!!!
Nossas botinhas gêmeas e o cânion…
No segundo plano da foto, vocês podem observar a estradinha do parque e o estacionamento. Dali em diante, a caminhada é feita à pé.
Marcelo contemplando o cânion
Gosto de tentar enquadrar pessoas em fotos de paisagens porque, dessa maneira, é possível ter uma ideia mais ou menos precisa da dimensão das coisas. No caso da foto acima, penso que não dá pra ter a noção da distância entre a parte baixa e a parte alta do parque, onde estávamos. Porém, na foto seguinte, vocês podem reparar que há um casal no topo do penhasco, que mais parecem duas formiguinhas, se comparados à imensidão do lugar.
Casal no topo do penhasco
Atrás de mim, na foto acima, era possível observar ao longe parte do litoral gaúcho.
Em seguida, fomos procurar a trilha da Cachoeira do Tigre Preto…
…e atravessamos um rio, tomando o cuidado de pisar nas pedras que pareciam mais estáveis. Acabei molhando um pouco a botinha de trekkking, mas como ela é impermeável, não fez muita diferença.
Tentei chegar ao ponto seguro mais perto da queda d’água para tirar essa foto porque atrás de mim havia um precipício beeeeeem alto!!!!
Cachoeira do Tigre Preto
Passando a cachoeira, tivemos a oportunidade de observar outras vistas muito bonitas até chegarmos à Pedra do Segredo.
A Pedra do Segredo é um bloco de rocha de 5 metros de altura, pesando 30 toneladas, equilibrada em uma base de 50 centímetros. O trabalho da erosão é muito interessante e muitas vezes nos presenteia com formas surpreendentes e inusitadas (aguardem o post sobre a região da Capadócia, na Turquia!!!!).
Cruzando o rio novamente na volta para a cidade
Na volta ao estacionamento, atravessamos uma área que me fez lembrar a savana africana, porque a paisagem era completamente diferente de tudo o que eu estava acostumada a ver e tive a impressão de que a vegetação seca e amarelada era o plano de fundo de um documentário do Discovery Channel sobre zebras, antílopes e leões, rsrs!!!!!
Passamos o fim da tarde em Cambará do Sul, circulando pela rua principal da cidade e aproveitando o restinho de luz para fotografar o que nos chamava a atenção, como a Igreja Matriz São José, construída em estilo barroco.
Interior da Igreja Matriz São José
Do outro lado da rua, uma casinha super colorida atiçou a minha curiosidade…
Tratava-se se uma pizzaria cheia de estilo chamada PIZZA RETRÔ. Adorei a escolha das cores da fachada e achei a logomarca bem interessante. Se a intenção era destacá-la das demais construções ao redor, o objetivo foi alcançado!!!!! Como só passamos uma noite na cidade, decidimos comer na galeteria O CASARÃO, muito bem avaliada no site TRIP ADVISOR.
Apesar das recomendações, sinceramente, eu não achei a comida nada de mais. Havia um buffet bastante variado e a gente podia pedir galeto, queijo e polenta frita à vontade e por um preço honesto. O ambiente era confortável e aconchegante, mas, mesmo assim, nada me cativou. Se algum dia a gente voltar à cidade, eu gostaria de experimentar outro restaurante.
Dormimos um sono bem pesado e tomamos o café da manhã na pousada antes de nos dirigirmos ao Parque Nacional de Aparados da Serra. Amei esse fogão antigo todo ilustrado com cenas tipicamente gaúchas que ficava em um cantinho da sala.
O Cânion Itaimbezinho é o mais famoso da região, localizado a 18 km de Cambará do Sul, com 5,8 km de extensão, profundidade máxima de 720 m e uma largura de 600 m.*
Iniciamos o passeio pela Trilha do Cotovelo, mais longa e que proporciona a vista mais ampla do cânion. A Trilha do Vértice é mais curta e tem melhores ângulos para as cachoeiras. Ambas são bem fáceis de fazer e não exigem muito preparo físico.
Eu e Marcelo no mirante do Itaimbezinho
Suas paredes íngremes tem uma forma intrigante, dando a impressão que foram cortados a faca, dando origem ao seu nome em tupi guarani de “ita” que é pedra e “aimbé” que é cortada, afiada.*
Os paredões verticais adquirem uma tonalidade cinzento-amarelada, assim coloridos pelos liquens que o revestem e que, em alguns pontos deixam sobressair manchas escuras, mostrando a rocha nua.*
Seguimos uma trilha até a cachoeira Véu da Noiva, uma queda d’água bastante alta, bonita e imponente.
E nosso passeio à Cambará do Sul terminou assim. O sonho do Marcelo foi realizado e as mochilas já estavam na mala do carro que seguiu em direção a Porto Alegre depois de uma paradinha em São Francisco de Paula para caminhar ao redor do lago e apreciar a vida pacata da cidade em um domingo de sol.
Almoçamos em uma churrascaria na estrada e embarcamos no voo de volta ao Rio para retomar a rotina na segunda-feira, porém sempre prontos para encarar novas aventuras nos finais de semana!!!!
Um grande beijo pra todos com votos de uma ótima quarta-feira!!!!