domingo, 8 de julho de 2012

Um final de semana em Pirenópolis, GO: a Festa do Divino e as Cavalhadas

Crucifixo com o símbolo do Divino Espírito Santo

Bandeirinhas enfeitando as ruas da cidade

Mascarados cavalgando pelas ruas antes das Cavalhadas

Balões de gás colorindo o céu na festa das Cavalhadas

Fachadas das casas coloniais

Trouxinha de mortadela com recheio de gorgonzola, parmesão e catupiry

Show de fogos após a missa do Divino

Estivemos em Pirenópolis no final de semana mais animado do ano e foi por acaso. Como de costume, compramos as passagens aéreas com meses de antecedência para conseguirmos um bom desconto e não havíamos percebido que, entre os dias 27 e 29 de maio, aconteceria a encenação das Cavalhadas para a Festa do Divino. Recebemos a boa botícia menos de duas semanas antes de viajarmos por meio da amiga Stela Martins, que coincidentemente também iria para Pirenópolis na mesma data.

Portal de entrada de Pirenópolis

Eu e a estátua do “Mascarado”, personagem-ícone da festa das Cavalhadas

Alugamos um carro em Brasília e partimos para Pirenópolis no final da manhã de Sábado, depois de visitarmos algumas atrações na capital que não havíamos conhecido no ano passado.

Passeamos bastante pelo centro histórico e vimos várias fachadas charmosas das casas em estilo colonial, que formam um retrato vivo do passado goiano.

Há uma grande concentração delas na Rua Direita e fiquei feliz ao perceber que a maioria é muito bem preservada.

Pirenópolis fica no interior de Goiás e foi tombada como patrimônio histórico nacional.

Essa casa azul e branca foi uma das mais fofas que vi. Adorei esse detalhe em madeira recortada embaixo do telhado e as pequenas janelas que ficam pertinho uma das outras, ornamentadas com cortinas de renda bem românticas.

O Cine Pireneus foi construído em 1929 em estilo neoclássico. Alguns anos mais tarde, sofreu uma reforma e sua fachada foi alterada para o estilo Art Deco. Atualmente funciona como teatro, cinema, galeria e espaço para shows.

Adorei essa placa de madeira entalhada onde as palavras “TV, ventilador e frigobar” foram substituídas por ilustrações.

A cidade oferece uma boa variedade de bares, restaurantes e lojas de decoração.

Galeria de Arte Vânia Machado

Gostei muito da Logomarca da Santa Diva, sem falar nos objetos de decoração da loja!!!!

Há muitas lojas de artesanato espalhadas pela cidade que oferecem objetos coloridos e divertidos para todos os gostos. Eu particularmente adoro colchas de fuxico e guardo uma em casa com muito carinho, que foi feita pela minha bisavó.

Os porta-velas de vidro colorido devem produzir um efeito bem bonito quando iluminados. Achei esse trabalho super interessante e o mais legal é que as peças são únicas.

Amei essa cortininha feita com miçangas!

A Rua do Rosário, também conhecida como “rua do lazer”, possui a maior concentração de restaurantes da cidade e fica bem cheia e animada na hora do almoço. Porém, achamos que alguns deles tinham preços meio salgados e preferimos comer em outra parte do centro histórico.

Já que estávamos em Goiás e havíamos gostado do empadão goiano que provamos ano passado na Cidade de Goiás, resolvemos repetir a experiência. Trata-se de um prato tradicional que possui um suculento recheio de frango, linguiça, azeitona, batata, queijo e guariroba.

A Festa do Divino Espírito Santo é uma celebração móvel que acontece 50 dias após a Páscoa, durante as comemorações de Pentecostes. A Igreja Matriz foi decorada com grandes flâmulas com pombas brancas bordadas.

Algumas toras de madeira estavam empilhadas próximas à igreja à espera da hora em que seriam acesas e se transformariam em uma fogueira. A cidade toda estava em festa e seus moradores entraram no clima da comemoração, decorando portas e janelas com a pomba branca, símbolo do Espírito Santo.

De tempos em tempos, cruzávamos com algum Mascarado, personagem importante da Festa do Divino.

Os Mascarados representam a rebeldia e desfilam pela cidade usando roupas extravagantes e máscaras, normalmente montados em seus cavalos que também vestem fantasias elaboradas e criativas. O que a gente não sabia é que existe o costume de os foliões pedirem dinheiro (ou cerveja!) para os turistas. Para não serem identificados e poderem se expressar livremente, eles disfarçam a voz.

Gostei da faixa incentivando os Mascarados a tratarem com carinho e respeito os animais que participam da brincadeira.

O Museu do Divino foi instalado em 2009 na antiga Casa de Câmara e Cadeia, construída em 1919. Por meio de peças, fotografias, texto e vídeo, ele conta a história e explica a simbologia da Festa do Divino em Pirenópolis, a mais significativa das festas do gênero no país.*

*Fonte:http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2009/10/09/interna_cidadesdf,147288/index.shtml

Casa colonial no centro de Pirenópolis

Casa colonial no centro de Pirenópolis

Quando o sol começou a baixar no fim da tarde, peguei um casaquinho na pousada e assim estava pronta para testemunhar as festividades noturnas.

O dia estava quente e ainda havia muitos banhistas no rio.

Passeamos um pouco mais pela cidade antes de nos dirigirmos à Igreja Matriz, onde aconteceria a Missa do Divino.

A igreja estava lotada e só conseguimos ficar lá dentro por alguns minutos. Estávamos esperando a missa terminar para ver a procissão que fazia parte das comemorações, mas a cerimônia não dava sinais de que iria acabar logo. Pelas minhas contas, foram mais de duas horas de missa.

Como não parecia que a missa terminaria tão cedo e a fome começava a incomodar, decidimos procurar um lugar pra comer e voltar mais tarde.

A pizzaria TROTAMUNDUS nos foi recomendada e achei interessante o esquema de adicionar três ingredientes a uma base de pizza simples com molho de tomate e muçarela.

A pizza quadrada assada no forno à lenha é famosa em Pirenópolis e a achei muito saborosa. Penso que uma boa pizza não precisa ser preparada com ingredientes exóticos ou sofisticados, mas a matéria-prima fresca e selecionada faz muita diferença!

Gostei tanto da pizza salgada que sugeri ao Marcelo pedir uma outra doce, o que geralmente não fazemos. A versão com banana e canela estava igualmente gostosa e suculenta.

Logo que terminamos a pizza, vimos a procissão descendo a rua. Corremos para nos juntar à multidão e logo começou uma bela queima de fogos de artifício que, na minha opinião, foi tão impressionante quanto o espetáculo de réveillon em Copacabana.

Quando os fogos terminaram, voltamos para a pousada, mas continuamos ouvindo barulho e música durante a noite inteira. E a gente nem se hospedou tão próximo ao centro!

No domingo de manhã, seguimos em direção à Reserva Ecológica Vargem Grande, para conhecer a Cachoeira do Lázaro e a de Santa Maria. No caminho, paramos para fotografar a cidade de Pirenópolis a partir do Mirante do Ventilador.

O parque é bem conservado e sinalizado. As trilhas para as cachoeiras são urbanizadas e de fácil acesso.

Cachoeira do Lázaro

Chegamos bem cedo e não havia ninguém na Cachoeira do Lázaro. Apesar da água fria, tomei coragem e molhei as pernas.

Cachoeira de Santa Maria

Curtimos um pouco a cachoeira e depois descemos para a de Santa Maria, que fica mais perto da entrada do parque e parece uma pequena praia. Havia algumas pessoas por lá tomando sol e estendendo cangas na areia. Percebemos que esse parece ser um programa para o dia todo porque a maior parte das famílias carregava um isopor recheado com comes e bebes. Mas nós não podíamos passar muito tempo por lá, já que queríamos voltar à cidade para assistir às Cavalhadas.

Assim que retornamos, vimos esse cavalheiro “oficial” se dirigindo ao local da encenação e nos apressamos para chegar a tempo e tentar conseguir um bom lugar no estádio.

O Cavalhódromo é, na verdade, o estádio local. Talvez o campo também seja utilizado para outros fins durante o resto do ano, mas nesse final de semana, ele estava todo preparado para a principal festa da cidade.

A entrada é gratuita e o espetáculo começa com a apresentação de uma banda, seguida por coreografias e desfiles de Mascarados a cavalo, terminando com a encenação das Cavalhadas.

Crianças fantasiadas de “Mascarados”

Havia um narrador nas arquibancadas e outro no campo. Eles coordenavam o espetáculo, controlando o tempo de permanência dos Mascarados no campo, por exemplo, que ignoraram o pedido para se retirarem na hora combinada a fim de que os atores pudessem começar a encenação da batalha entre Mouros e Cristãos. Sendo assim, o espetáculo começou com uns dez minutos de atraso.

Na foto acima, vocês podem ver o Mascarado com uma típica máscara de boi. A outra máscara mais comumente usada representa uma onça.

Pesquisando a origem das Cavalhadas, descobri o seguinte:

“No século VI, Carlos Magno, um guerreiro cristão, travou uma batalha épica contra os sarracenos, de religião islâmica, pela defesa de um território. "A Batalha de Carlos Magno e os 12 pares da França", como ficou conhecido o conflito, acabou tornando-se um símbolo da resistência e avanços da religião cristã na luta por terras e novos fiéis. No século XVIII, motivada por novos coflitos religiosos, a rainha Isabel, de Portugal, instituiu uma representação teatral a ser encenada por cavaleiros.

Introduzida no Brasil pelos padres jesuítas com a função de catequizar índios e escravos, a festa das Cavalhadas é uma tradição que, desde 1820, mobiliza e emociona a população de Pirenópolis. As mobilizações começam uma semana antes da batalha, quando as duas tropas passam de casa em casa, seguidas por uma banda de música, para chamarem os cavaleiros para os ensaios.

Comandados por seus Reis (o mais importante componente de cada grupo), as duas frentes de batalha se encontram na casa onde é servida a "Farofa" (um reforçado café da manhã) e, após rezas e danças folclóricas, seguem finalmente para o ensaio.”*

*Fonte: http://www.omelhordepirenopolis.com/2009/05/historia-das-cavalhadas-em-pirenopolis.html

Adorei assistir a essa festa tão tradicional do interior do Brasil, que emociona e orgulha a população de Pirenópolis. Ficamos lá por duas horas e, ao final da encenação, voltamos para a cidade a fim de comer alguma coisa antes de seguirmos para Brasília.

O Marcelo não podia beber porque tinha que pegar a estrada, mas quando descobri a variada carta de cervejas do restaurante A CONFRARIA DO BOXEXA, não resisti e pedi a minha preferida de todos os tempos: COLORADO DEMOISELLE, uma Porter nacional escura e amarga, com pronunciado sabor de café.

Adoramos experimentar a culinária típica dos lugares que visitamos e, ao invés de almoçar, preferimos pedir três diferentes petiscos, dois deles assinalados com o ícone do Mascarado: trouxinha de mortadela com recheio de gorgonzola, parmesão e catupiry, pão de queijo recheado com pernil e tomate assado no azeite de alho e pastel recheado com linguiça caipira, couve e requeijão moreno, acompanhado de geleia de pimenta e cagaita.

Os belisquetes estavam gostosos e meu preferido foi a trouxinha de mortadela. Como é fácil de fazer e tem uma apresentação interessante, pretendo reproduzi-la em casa algum dia. Infelizmente, esqueci de tirar uma foto do recheio e da cebolinha que amarrava a mortadela.

Depois de comer, voltamos para Brasília e, de lá, pegamos o voo para o Rio. Foi um final de semana muito relaxante e divertido!!!!

Escrevi esse post há duas semanas, em um domingo preguiçoso. Como já mencionei antes, se eu estiver em casa, passo o dia trabalhando, desenhando ou preparando postagens. Não consigo ficar parada, rsrsrsrs! Mas, confesso que ao terminar esse relato, fiquei feliz por lembrar que no final de semana seguinte colocaríamos o pé na estrada novamente!!!!!

Um grande beijo pra todos com votos de uma semana bastante animada!!!!

Bonfa-ass