Centro de informações turísticas em Rotorua
O imperdível Museu de Rotorua
Um belo exemplo da arquitetura britânica em Rotorua
Lago Ngakoro em Wai-O-Tapu
A incrível coloração verde cítrica do Devil’s Bath em Wai-O-Tapu
O intenso azul piscina da Inferno Crater em Waimangu
Prontos para a aventura: rafting dentro de uma caverna escura em Waitomo!
Os insetos que brilham no escuro (Glowworms) dentro da carverna em Waitomo (imagens de divulgação)
Detalhe da arquitetura maori na vila de Whakarewarewa
Piscinas naturais com água fervendo a temperaturas que chegam a 100 graus Celsius na vila de Whakarewarewa
Apresentação da cultura, tradições, música e dança maori na vila Tamaki
Passamos uma semana na Nova Zelândia, dividida entre Auckland (a cidade mais importante e populosa) e Rotorua (localizada em uma área de muita atividade geotermal). Eu havia me programado para incluir os pontos altos da cidade de Auckland (nossa primeira e última parada no país) nesse post-resumão, mas como há muito a ver e fazer por lá, resolvi que ela vai ganhar um relato exclusivo mais tarde. Sendo assim, haverá um resumão parte 2B, rsrs!
A Nova Zelândia passou milhões de anos literalmente isolada do resto do mundo. Esse fato gerou as condições ideais para o aparecimento de uma fauna e flora únicos, assim como dificultou bastante a chegada dos primeiros habitantes e a colonização dessas longínquas ilhas do pacífico sul.
Partimos para Rotorua num ônibus da empresa NAKED BUS, que atrasou mais de uma hora para sair de Auckland. Pra compensar, o motorista que nos levou era sensacional, pediu mil desculpas em nome da companhia, foi extremamente simpático, falou das atrações em Rotorua, cantou trechos de músicas tradicionais e ainda nos ensinou palavras na língua maori. No dia seguinte, o Marcelo recebeu um e-mail da empresa com um pedido de desculpas pelo atraso e uma oferta de 25% de desconto em qualquer viagem futura. E ele nem precisou reclamar! Ah, como eu gostaria que os serviços no Brasil funcionassem assim…
Chegamos em Rotorua no domingo por volta das 22:30h. Estava bem frio, não havia ninguém nas ruas e praticamente todos os bares e restaurantes já haviam fechado. A caminho do hotel, nos deparamos com o único bar de cervejas artesanais que o Marcelo havia listado para conhecermos (BREW) e ele estava aberto, obaaaaaa! Experimentarmos algumas cervejas, comemos pizza requentada (era a única opção àquela hora, mas estava boa) e fomos dormir.
Painel mostrando as opções de aventuras oferecidas pela BLACK WATER RAFTING CO.
No dia seguinte, acordamos cedo para embarcar na van que nos levou a Waitomo, onde fizemos o roteiro Black Labyrinth Tour na BLACK WATER RAFTING CO. No nosso grupo havia duas garotas inglesas que compraram o Black Abyss Tour, bem mais radical. Elas entraram na caverna de rapel, fizeram tiroleza lá dentro e ainda escalaram uma cachoeira…ui! É emoção demais pra mim, rsrs!
O Black Labyrinth é praticamente um rafting pelo rio subterrâneo que passa dentro da caverna escura. Pra nossa sorte ou azar (lá na frente eu explico melhor), havia chovido bastante no dia anterior e isso fez com que a atividade fosse suspensa na véspera do nosso tour. A correnteza estava muito forte e o nível da água subiu demais.
Nossa primeira tarefa foi encontrar meias de neoprene do nosso tamanho e em seguida nos deram uma wetsuit (roupa especial para temperaturas baixas), uma blusa quentinha para usar por baixo, um par de botas e um capacete com lanterna acoplada. Esse equipamento todo era necessário porque a água estava com uma temperatura de 6 graus celsius nesse dia, brrrrrrr!
Passo a passo da preparação para a aventura!
Infelizmente, minha câmera não é à prova d’água e não pude levá-la comigo, mas o pessoal do tour tirou algumas fotos do grupo e juntou com outras promocionais em um pen drive, que comprei ao final da aventura.
Mais tarde, percebi que eu era a única com capacete branco (foto acima), que escolhi porque combinava com as botinhas, rsrs!
1. Posando para foto com o grupo; 2. Prestando atenção às instruções do guia; 3. Treinando o mergulho de costas
Depois de posar para algumas fotos, um dos três guias nos enfileirou para ensinar como mergulhar de costas sentados dentro das bóias, o que teríamos que fazer três vezes em minicachoeiras dentro da caverna escura – o quê????? Como assim????? - o Marcelo não tinha me avisado dessa parte do passeio!!!! Eu imaginei que a gente flutuaria tranquilamente no rio para ver os glowworms (insetos que só existem na Nova Zelândia, moram nas paredes das cavernas e irradiam uma luz incrível).
As duas fotos acima vieram no pen drive que comprei e são promocionais. Na imagem à direita, vocês podem ter uma noção do que é saltar de costas em uma cachoeira dentro da caverna! Ainda bem que eu não vi essa foto antes porque a queda parece bem maior. Bom, a altura em si é a mesma, mas como comentei anteriormente, havia chovido bastante e o volume de água aumentou consideravelmente, o que fez com que o salto de costas fosse menos “emocionante”. Que bom!!!! Ao mesmo tempo, a foto da esquerda não representa bem o passeio porque havia muito mais água e muito menos luz nos caminhos por onde passamos. Essa parte sim, foi mais radical, e resultou em pequenos arranhões nas mãos.
Em um determinado momento, um dos guias pediu que apagássemos as lanternas e flutuássemos agarrando os pés de quem estava atrás, formando o que eles chamam de “eel”(enguia). Dessa forma, pudemos seguir juntos deixando a correnteza nos levar vagarosamente enquanto observávamos os famosos glowworms, um espetáculo! Na foto acima, o efeito parece falso, né? Ao vivo também parece! É tão interessante que dá a impressão de serem luzes LED ou fibra ótica. Essa foi, sem dúvida, a melhor parte do passeio! Observar de perto esse fenômeno que só existe na Nova Zelândia não tem preço!!!! Ah, na verdade, descobrimos que o que ilumina mesmo é o excremento dos insetos…
Entretanto, se vocês me perguntarem se eu faria esse tour novamente, minha resposta é “Não!”. Definitivamente não sou movida à adrenalina e, assim como uma senhora australiana e uma garota americana, achei que o passeio seria mais tranquilo e relaxante. Porém, há outras cavernas situadas nos arredores com uma infraestrutura bem mais confortável para a observação dos glowworms:
http://www.waitomo.com/waitomo-glowworm-caves.aspx
O visitante segue à pé por passarelas e faz um passeio de barco. Para quem se interessar, há um video sobre esse tour:
http://www.waitomo.com/glowworm-video.aspx
Esse é o tour que eu recomendo e ainda tem um bônus: custa menos da metade do preço que a gente pagou pela nossa aventura de rafting! Porém, se você gosta de fortes emoções como o Marcelo, esqueça o que eu acabei de escrever e procure as opções da BLACK WATER RAFTING CO.
Trilha cheia de atrações nos arredores das cavernas
Encerrado o passeio, tomamos um maravilhoso banho de água quente para descongelar as mãos que ficaram em contato com a água a 6 graus durante todo o passeio e depois comemos uma sopa de tomate com bagel oferecida pelo tour.
Como ainda teríamos de esperar o pessoal do tour mais radical (ai, que medo!!!!), a divertida senhora que era motorista/guia nos levou para fazer uma trilha curta, porém bem bonita, nos arredores.
Trilha cheia de atrações nos arredores das cavernas
Quando estávamos no finalzinho da trilha, começou a chover. Voltamos para a van e a motorista passeou conosco por Waitomo, mostrando outras atrações, antes de voltarmos ao Black Water. Mais uma simpaticíssima kiwi que conhecemos nessa viagem!
O passeio durou o dia todo e voltamos para Rotorua à noite. Caminhamos um pouco pela cidade antes de decidirmos onde jantaríamos e descobrimos que o centro é bem planejado e dividido em setores com uma área só para lojas e outra para gastronomia, por exemplo. Esta última contava com restaurantes tailandeses, tunisianos, árabes, coreanos, chineses, japoneses, italianos e os meus preferidos: indianos!
Fotografei a vitrine de uma loja que estava fechada, mas me pareceu bem interessante: acho que era uma cooperativa de artesãos e eu amei a jarra azul que estava em cima da mesa!
Circulamos pelo setor de restaurantes, demos uma olhada nos cardápios e decidimos experimentar o indiano INDIAN STAR, que possuía algo que nós valorizamos muito: ótimas críticas no TRIP ADVISOR. Minha irmã mais nova foi à Itália em abril e optou por comer em restaurantes bem avaliados pelos usuários do site. Resultado: não entrou em furadas e gostou de todos os pratos que provou. O INDIAN STAR foi recomendado por 91% das pessoas que lá estiveram e é considerado o segundo melhor restaurante da cidade entre os 110 avaliados no site.
Antes de pedirmos qualquer coisa, o garçom colocou uma cestinha com papadums na nossa mesa (foto acima). Adoro essa espécie de biscoito fininho e temperado que precede uma refeição indiana. Esse estava particularmente delicioso, cheio de sementinhas. Comi tudo até a última migalha!
Estávamos com fome e pedimos uma entradinha generosa (TANDOORI COMBO: 2 VEGE SAMOSAS, 2 MIX PAKORAS, 2 CHICKEN TIKKA AND 2 SEEKH KEBAB). Samosas são pasteis de forno recheados com batata e ervilha, Pakoras são legumes empanados, Chicken Tikka são pedaços de frango desossados marinados em iogurte e temperos assados no forno tandoor e Seekh Kebab são rolinhos de carne de cordeiro moída e prensada temperada com ingredientes exóticos. Estava tudo sensacional e já estávamos praticamente satisfeitos quando chegaram os pratos principais.
Eu nunca havia pedido um prato de camarão em um restaurante indiano porque achava que não combinava, mas como estava no cardápio, decidi experimentar o PRAWN MALABARI (PEELED PRAWNS COOKED WITH ONIONS, CAPSICUM, TOMATOES AND FRESH COCONUT MILK, GARNISHED WITH CREAM).
Meu prato: Prawn Malabari
Traduzindo: camarões descascados cozidos com cebolas, tomates, pimenta, leite de coco e coco fresco ralado. Estava muito saboroso!!!!
O Marcelo pediu o tradicional CHICKEN TIKKA MASALA, o mesmo frango da entradinha acrescido de pimentas verdes… uma delícia!
No dia seguinte, contratamos um tour chamado GEYSER LINK com a empresa WAITOMO WANDERER. A maioria dos turistas só visita um dos parques geotermais, mas nós queríamos ir nos dois: WAI-O-TAPU e WAIMANGU.
A primeira parada foi em um lugar com atividade vulcânica em Wai-O-Tapu (fotos acima). Fazia muito frio esse dia e mais tarde descobrimos que havia sido o dia mais frio do ano na Nova Zelândia!
Depois seguimos para ver o gêiser Lady Knox entrar em erupção com a ajuda de um apresentador, hehehe! Tem até horário marcado para o evento: 10:15h. A atração recebeu o nome em homenagem à Lady Constance Knox, segunda filha do décimo-quinto governador da Nova Zelândia.
O apresentador contou a história do gêiser ao mesmo tempo em que colocou dentro dele uma substância tensioativa que estimula a erupção.
Alguns minutos depois, o gêiser começou a agir e lançou um jato d’água quente a 20 metros de altura! A erupção pode durar mais de uma hora, dependendo das condições climáticas.
Lady Knox em erupção
Depois da apresentação, fomos explorar o parque e suas impressionantes crateras. O Marcelo escreveu o seguinte em seu relato:
“Achei Wai-O-Tapu uma coisa de outro mundo! É um parque compacto, cheio de pontos interessantíssimos. Quase deixamos de ir no ponto mais distante por premência de tempo (havia horário marcado para a volta, tínhamos 90 minutos para explorar o parque – o que é suficiente, não fossem as milhares de fotos a tirar), mas optamos por acelerar e ir. Compensou: era um estupendo mar verde (Lago Ngakoro)! Outro ponto incrível é o banho do diabo (Devil’s bath), uma piscina verde cítrica de enxofre.”
Seguimos por uma trilha pré-definida e bem sinalizada, cheia de alertas para impedir a aproximação de certos locais onde a temperatura atingia 100 graus Celsius!
Champagne Pool e Artist’s Palette
A previsão do tempo para esse dia era de chuva ininterrupta, mas fomos contemplados com sol durante boa parte da manhã. Obrigada, São Pedro, nosso amigão!!!! Pensei que tudo o que viesse depois, seria lucro, já que em um lugar como esse o brilho do sol realça as cores da natureza e faz tudo ficar mais bonito.
O local da foto acima é conhecido como Champagne Pool ou “Piscina de Champagne”. Para ter acesso ao outro lado, tivemos que cruzar uma passarela de madeira que fica sobre a piscina. É bem interessante e dá pra sentir o calor que ela emana. Nada mal para um dia bem frio, rsrs!
Artist’s Palette
As águas verde-esmeralda do Lago Ngakoro ao fundo
E assim seguimos cruzando pontes, subindo e descendo escadas e passarelas de madeira…
O parque cobre uma área de aproximadamente 180 Km2 e está situado no interior da maior depressão vulcânica da ativa região de Taupo.
As águas verde-esmeralda do Lago Ngakoro
Apenas uma parte do parque está aberto à visitação, mas nesse espaço o visitante tem a oportunidade de conhecer diferentes atrações geotérmicas como crateras colapsadas, piscinas de lama borbulhante, fumarolas e fontes termais que apresentam cores vibrantes raras na natureza.
Casal registrando o momento na Champagne Pool
Intenso tom ferruginoso na Champagne Pool
O espetacular Devil’s Bath
Na minha opinião, a atração mais deslumbrante fica no final do passeio, já no caminho de volta à entrada do parque. Trata-se de um lago verde cítrico chamado Devil’s Bath (Banho do Diabo), resultado da elevada concentração de enxofre e outros sais ferrosos dissolvidos em suas águas. O magma aquece a água subterrânea, que se mistura aos minérios e, depois, forma a poça colorida.
Detalhe da tonalidade vibrante das águas do Devil’s Bath
Na hora marcada voltamos à entrada do parque para seguir até Waimangu. Das mais ou menos 20 pessoas que estavam no ônibus, fomos os únicos que desembarcaram por lá. O resto da galera voltou à Rotorua para fazer outros passeios.
No caminho, a guia/motorista nos mostrou alguns córregos onde é possível tomar um banho quente e relaxar de graça. Mas, se o visitante preferir algo mais confortável, Rotorua conta com alguns spas que oferecem massagens, banhos de lama, terapias diversas e piscinas privativas, como o POLYNESIAN SPA.
Waimangu é um vale de origem vulcânica formado na última das cinco erupções do vulcão Terawera, e ostenta o título de “a mais nova região geotermal do mundo”.
Vista da entrada do vale Waimangu
Waimangu é um parque maior que oferece caminhadas por trilhas mais longas e suas atrações são mais esparsas do que as de Wai-O-Tapu. Possui formações geológicas e rios interessantíssimos, com destaque para a Inferno Crater (Cratera do Inferno), um lugar espetacular!
Lago Esmeralda – uma das crateras criadas pela erupção do vulcão Terawera em 1886
Sobre o nosso tempo de permanência no parque, o Marcelo escreveu o seguinte:
“O parque sugere um tempo entre 2,5-3,0 horas para percorrer todo o circuito Mt. Haszard, mas percorremos tudo em 1,5 hora numa boa, incluindo várias paradas para fotos. Esse circuito tem boas subidas, o que talvez aumente o tempo sugerido. Por outro lado, tem muitas partes sem atrativos, o que nos permite acelerar nesses pontos.”
Frying Pan Lake em Waimangu
As cores vibrantes, as fumarolas e os desenhos formados pela atividade vulcânica no solo fumegante me deram a impressão de ter sido transportada para uma época pré-histórica. Parecia que a qualquer momento surgiria um dinossauro entre as árvores! Foi uma sensação engraçada que me transportou mentalmente a outro mundo, rs!
A Inferno Crater é uma piscina de água azul bem clarinha que fica próxima à entrada do parque. Mesmo com tempo nublado e ameaça de chuva, a coloração impressiona por sua beleza.
As minhas fotos do local não ficaram muito boas por causa da ausência de sol, mas vocês podem conferir imagens bem mais impressionantes AQUI.
Vista do Lago Rotomahana
A mais recente erupção do vulcão Terawera aconteceu em 10 de junho de 1886 e o fenômeno fez com que o Lago Rotomahana aumentasse 20 vezes de tamanho, permitindo passeios de barco regulares para observar os fenômenos termais em suas margens.
Imagem retirada DAQUI
Na época, a explosão do Terawera destruiu os famosos e belíssimos terraços de sílica de Rotorua, muito parecidos com as formações que vimos em Pamukkale, na Turquia, um dos nossos destinos de férias em abril do ano passado.
Imagem retirada DAQUI
Na época, os terraços (Pink and White Terraces) eram uma das atrações turísticas mais populares de Rotorua, além de serem consideradas a oitava maravilha do mundo!
Já no finalzinho da trilha, quando estávamos chegando perto de onde sai o barco que navega pelo Lago Rotomahana, começou a chover. No começo, a chuva caía em gotas fininhas, mas depois de um tempo tornou-se desconfortável. Mesmo assim, eu fiquei feliz de ter passado quase um dia inteiro sem chuva e o sol ainda apareceu um pouquinho. Como a previsão era de chuva ininterrupta, acho que saímos no lucro, rsrs!
O passeio de barco não estava incluído no valor do ingresso no parque. Sabe quando você não imagina que algo possa custar tão caro e deixa de perguntar o preço? Pois é, caímos nessa besteira. Quando o bilheteiro disse: “Eighty five dollars, please.”, eu achei que tinha entendido errado, mas era isso mesmo: 42 dólares e uns trocados por pessoa para uns 40 minutos de passeio. Foi interessante, passamos por um gêiser que entrou em erupção bem na frente do barco e vimos muita atividade vulcânica, mas não acho que valha a pena. Como escreveu o Marcelo: “Sinceramente, não recomendo. Achei caro demais para um passeio que é legal, mas não tanto assim.”
Besteira maior foi a minha ignorância com relação aos terraços de sílica que achei que ainda existissem!!!!. Só soube de sua destruição quando já estávamos dentro do barco por meio de um folheto explicativo. E eu achando que veria aquelas maravilhas… se fosse o caso, acho que os 42 dólares teriam valido a pena, rsrs!
Marcelo fotografando a intensa atividade vulcânica no Lago Rotomahana
O retorno do barco é integrado com o retorno do ônibus do parque (existem 3 pontos em diferentes partes), que nos deixou na entrada na hora marcada para que a van nos pegasse e nos levasse de volta a Rotorua.
De volta à cidade, passeamos um pouco no centro e depois fomos para o hotel. Estava bem frio, vimos notícias de nevascas na ilha sul e uma manchete de jornal que anunciava “o dia mais frio no ano” no país.
Naquela noite nós havíamos reservado o jantar maori da TAMAKI MAORI VILLAGE. No entanto, a experiência vai muito além do jantar em si. O objetivo é apresentar aos visitantes a cultura e os costumes dos primeiros habitantes da Nova Zelândia, os Maori. É um programa bem turistão, mas nos divertimos bastante!
“Os Maori são originários da Polinésia, particularmente das Ilhas do Taiti. São aparentados com o Taiti, Ilhas Cook, Havaí, Marquesas, Ilha de Páscoa, Samoa, Tonga etc. A língua é similar, mas a cultura é diferente. Os Maori habitam a Nova Zelândia há mais de 2 mil anos. Na Nova Zelândia, os Maori falam a mesma língua, mas formam mais de 70 grupos tribais principais.”*
*Fonte: http://www.mitai.co.nz/~mitaico/cms-assets/documents/4670-702251.portuguese.pdf
O ônibus passou no hotel e nos pegou no horário marcado. Em seguida, foi coletando mais gente no caminho até o local do espetáculo. O motorista parecia tentar decorar os nomes e nacionalidades de todo mundo, o que achei curioso. O impressionante é que ele decorou mesmo! Quando todos já estavam acomodados no ônibus, ele selecionou um líder para o grupo (antes pediu para alguém se voluntariar e um inglês se prontificou). Os líderes de cada grupo teriam um papel de destaque na cerimônia de abertura do evento.
Um vez dentro da vila maori, aprendemos como acontecia a recepção de visitantes de outras tribos e, em seguida, fomos convidados a participar de alguns jogos e brincadeiras tradicionais. Quem acha que o Marcelo é tímido, se surpreenderia: ele se voluntariou pra tudo!!!!! Até eu fiquei surpresa… sou mais tímida do que ele e só topei participar de uma brincadeira que me pareceu mais fácil, hehe!
Na sequência de fotos acima, vocês podem ver o Marcelo (de vermelho) e um grupo de turistas imitando as expressões corporais e faciais que os guerreiros maoris faziam quando se deparavam com o inimigo. Hoje em dia as caretas parecem engraçadas, mas no passado eram levadas muito à sério e amedrontavam os desafetos.
Eu participei de uma demonstração de como manipular a poi ball. O objeto era usado pelos homens para fortalecer o pulso a fim de permitir a manipulação do pesado bastão curto (arma de guerra) sem prejudicar essa parte do corpo. Pedras eram colocadas dentro de redes molhadas para tornar a poi ball mais pesada.
As mulheres também a usam como acessório para danças tradicionais e, na foto acima, eu estava aprendendo alguns movimentos básicos. Foi divertido!
Depois dos jogos e brincadeiras interativas, fomos convidados a assistir a um espetáculo de música e danças tradicionais, mas antes disso pudemos dar uma espiadinha nos preparativos do nosso jantar: frangos inteiros e batatas foram retirados debaixo da terra, onde estavam sendo cozidos durante horas por meio do vapor das fontes termais.
O jantar foi servido no esquema buffet e havia muita fartura: pão, cordeiro, frango, peixe, ostras, batatas assadas e um outro tipo mais doce chamado kumara, cenoura, saladas, molhos e temperos. As sobremesas eram pudim de chocolate e pavlova de maracujá. Achei os pratos salgados saborosos, mas não gostei das sobremesas.
Enquanto a gente comia, alguns maoris cantaram músicas de todos os tipos e algum tempo depois, o bar fechou, a garçonete recolheu os pratos e percebemos que estava na hora de voltar ao ônibus.
Nosso motorista era bem gaiato: cantou no jantar, fez com que cada país tivesse uma música típica cantada no ônibus por um voluntário (eu entoei “Garota de Ipanema”, mas o Marcelo ficou com vergonha de me acompanhar, rsrs!). Foi bem engraçado e fechamos a noite com chave de ouro! Ah, o motorista se despediu de cada um com o hongi: “pressionar o nariz significa amizade e compartilhar o espírito da vida. Isso representa o fim da cerimônia de boas-vindas.”*
*Fonte: http://www.mitai.co.nz/~mitaico/cms-assets/documents/4670-702251.portuguese.pdf
Foi um dia cheio de atividades e novidades, adorei!!!!
1. Centro de informações turísticas em Rotorua; 2. Um dos canteiros dessa cidade super limpa e organizada; 3. Entrada da vila maori de Whakarewarewa
No nosso último dia em Rotorua, eu já estava sentindo uma tristezinha… voltaríamos para Auckland no fim da tarde, passaríamos mais um dia por lá e depois pegaríamos um voo para Sydney na Austrália, também por mais um dia até o retorno ao Brasil.
Mas, enfim, precisávamos esquecer que as férias estavam terminando e aproveitar nossas últimas horas na cidade. Caminhamos um pouco, pensamos em alugar bicicletas mas achamos a diária muito cara e acabamos pegando um ônibus até um ponto perto da vila maori de Whakarewarewa. No caminho, passamos por bairros residenciais cheios de casinhas fofas e sem muros… uma delícia de lugar!
Whakarewarewara é um nome curto, praticamente um apelido para Tewhakarewarewatangaoteopetauaawahiao, o nome completo da vila que visitamos.
Fumarolas na vila de Whakarewarewa
Chegando lá, caminhamos pelos arredores e vimos algumas casas ocupadas por moradores da vila, além de uma espécie de templo (Ancestral Meeting House), uma igreja, um cemitério e várias fontes termais.
Detalhe de escultura em madeira na vila de Whakarewarewa
As fumarolas estão em toda a parte e sentimos um forte cheio de enxofre na vila e também em Rotorua. Muitas pessoas se incomodam com o odor, mas pra ser sincera, eu achei até gostosinho.
Fizemos uma interessantíssima visita guiada (recomendo muito!) que nos levou a conhecer melhor a maneira com que os habitantes da vila cozinham seus alimentos, entre outras coisas. O vapor que brota do chão é usado para preparar as refeições (coletivas ou não). É nesses caixotes de madeira que os alimentos são cozidos.
Fazia frio e esse tom de azul da fonte termal era bem convidativo… até a gente lembrar que a água estava fervendo e é obviamente proibido banhar-se ali.
Porém, há canaletas que transportam a água quente para banheiras individuais. Aí sim, o banho é permitido, mas acho que só para os moradores.
Assistimos a um show de música e dança semelhante ao que vimos na noite anterior. Inclusive, um dos integrantes do grupo artístico de Whakarewarewa era o mesmo que apresentava o espetáculo no Tamaki. Foi divertido e, ao final da apresentação, tivemos a oportunidade de tirar algumas fotos com os integrantes do grupo fazendo as tradicionais “caretas” maoris.
Nossa guia fez uma demonstração de como montar uma saia usada por dançarinas maoris, feita com as folhas de uma planta que ela descasca parcialmente. Depois de fazer essa interferência nas folhas, elas são levadas a uma fonte termal na qual são literalmente “cozidas” e depois secam ao sol, adquirindo sua aparência final.
Quando as apresentações terminaram, circulamos livremente pela vila apreciando as belas paisagens a seguir.
Depois da chuva do dia anterior, fomos presenteados com uma manhã deslumbrante de sol e céu azul praticamente sem nuvens.
Achei linda essa árvore vermelha contrastando com as outras verdinhas!
Belíssima fachada do Museu de Rotorua
Depois voltamos para o centro da cidade a fim de conhecermos o Government Gardens e o imperdível MUSEU DE ROTORUA. Infelizmente, já passava das 15h quando chegamos lá e o nosso ônibus para Auckland sairia às 17h. Por sorte havia uma visita guiada (inclusa no preço) exatamente às 15h, mas éramos os únicos na entrada do museu.
Detalhes da fachada em estilo elizabetano do Museu de Rotorua
Foi perfeito! Fizemos um tour privado com uma guia irlandesa maravilhosa! Ciente da nossa escassez de tempo (ainda queríamos assistir a uma apresentação audiovisual às 16h no próprio museu), ela acelerou o tour e fez um excelente trabalho em uma hora. Pena que era proibido tirar fotos internas. A estrutura arquitetônica do museu é interessantíssima, assim como a sua história.
Eu e Marcelo no terraço do Museu de Rotorua
A partir do fim do século XIX, a região de Rotorua tornou-se um destino turístico procurado por endinheirados em busca da cura para diversas doenças por meio de banhos termais e tratamentos alternativos (incluindo terapias de choque!). O atual museu foi então construído como uma elegante casa de banhos.
Nossa guia nos contou episódios hilários que tornaram a visita ao museu ainda mais curiosa. Como não havia mão de obra qualificada na época, gigantescos troncos de árvores foram enviados de navio à Inglaterra para serem moldados e retornarem à casa de banhos a fim de decorar seu elegante salão principal. O local oferecia tratamento para qualquer tipo de doença desde esquizofrenia até unha encravada! Os custos da obra foram tão altos que a maior parte da casa de banhos só possuía fachada e era oca por dentro. Desde sua inauguração, foi uma empreitada polêmica e caríssima. Nos anos 60/70 teve alguns salões transformados em uma boite cujos frequentadores protagonizaram atos de vandalismo como converter belas fontes de mármore carrara em cinzeiros.
Vistas do terraço do Museu de Rotorua
Hoje em dia, o museu é constituído por uma galeria de arte, uma exposição permanente sobre a cultura maori e algumas salas dedicadas à história da antiga casa de banhos. Se tivéssemos mais tempo, com certeza passsaríamos várias horas explorando o local.
Cerca pintada com motivos maoris no Government Gardens
Antes de terminar esse post, gostaria de copiar aqui um ótimo trecho do blog MAUOSCAR sobre a colonização do país, uma fonte de pesquisas sensacional para quem deseja visitar a Nova Zelândia.
“(…)Até que a partir da segunda metade do século XVIII os primeiros exploradores europeus como Abel Tasman (primeiro europeu a avistar a NZ em 1642) e James Cook (primeiro europeu a desembarcar aqui 1769) começaram a bisbilhotar esta remota parte de nosso planeta procurando algo de interesse para seus países de origem, o que acabou obviamente gerando uma série de conflito de interesses.
Apesar de não terem sido diretamente colonizados/massacrados como os índios americanos e os aborígenes da Australia, com o passar do tempo os Maoris foram submetidos a um intenso processo de aculturação por parte dos britânicos. Um modelo de ocupação que entre outras coisas,fomentava guerras entre tribos (Iwis) rivais que culminou com a cessão dos direitos da terra dos Maoris em favor da coroa britânica em troca de “proteção” e paz no controverso Tratado de Waitangi.
Ao longo dos últimos anos algumas tradições e alguns rituais culturais de grande importância para os Maoris tem sido incorporados e adaptados de certa forma na identidade cultural do país. Afinal de contas quem é que não reconhece a Haka (mantra de guerra Maori) do All Blacks, o time nacional de Rugbi da Nova Zelândia por exemplo.
Hoje a cultura Maori, apesar de presente no cotidiano do país, luta por sua preservação no futuro. Mas a forma mais efusiva com que o governo da Nova Zelândia, luta para manter a cultura dos primeiros habitantes do país preservada, é através do fomento da Te reo Maori, a língua Maori.
Desde que a língua tornou-se a segunda língua oficial do país há cerca de 25 anos, o número de pessoas que falam a língua fluentemente praticamente quadruplicou, tanto que hoje ela é ensinada em várias escolas do país. Além disso, o governo também subsidia um canal de TV aberto visando manter viva esta língua e a cultura dos primeiros habitantes da Nova Zelândia que por muito pouco não chegou a desaparecer.
Mas se você vem para a Nova Zelândia e quer conhecer um pouco mais sobre esta interessante cultura e suas peculiares tradições, nenhum outro lugar é mais recomendável que a região de Rotorua aqui na ilha norte.”*
*Fonte: http://mauoscar.com/2013/03/19/te-puia-cultura-maori-da-nova-zelandia/
Deixamos o museu em direção ao hotel, pegamos nossas mochilas e caminhamos até o centro de informações da cidade, de onde sairia o ônibus da companhia INTERCITY para Auckland. Segundo o relato do Marcelo:
“Novamente outro motorista sensacional. Todos na Nova Zelândia parecem estar muito de bem com a vida. A volta foi mais rápida porque o ônibus era expresso (e foi mais barato que o Naked!).”
O motorista era realmente uma simpatia, super bem humorado! Ele riu, brincou, elogiou as riquezas naturais do país e passou todo o trajeto assoviando músicas do Elvis, Sinatra, Beatles etc. Adorei! Quando desci do ônibus, ele gentilmente pegou minha mochila e me ajudou a colocá-la nas costas. Vou lembrar dos kiwis como as pessoas mais gentis e atenciosas que conheci em uma viagem!
Então, gente, por hoje é só, e decidi me despedir no estilo Maori:
Ma te kaihanga kotou e tiaki e manaaki i roto i nga haerenga katoa! (Que o criador o guie e o proteja em todos os seus caminhos)
Um grande beijo pra todos com votos de uma semana repleta de gentileza!