domingo, 3 de julho de 2011

Dois dias em Tallinn, na Estônia, eleita a capital europeia da cultura em 2011

Do mirante da primeira foto desse post, dá pra avistar praticamente todo o centro histórico de Tallinn e o mar Báltico ao fundo, ainda congelado na primeira semana de abril desse ano. Até bem pouco tempo, eu não tinha a menor ideia de onde ficava a Estônia, mas depois de conhecer a República Tcheca e a Eslováquia nas férias do ano passado e de ficar com um gostinho de “quero mais”, não tive a menor dificuldade de responder “sim” à pergunta do Marcelo: “Vamos fazer um roteiro original pelo Leste Europeu?” Ele adora planejar a parte logística da viagem, pesquisar e reservar hoteis, passagens e restaurantes. Eu acho ótimo porque cada vez mais gosto de me surpreender com os lugares que visito, evitando criar expectativas. Esse ano conhecemos os seguintes países/cidades:

Finlândia (Helsinque)
Estônia (Tallinn)
Letônia (Riga)
Lituânia (Vilnius, Trakai)
Polônia (Varsóvia, Cracóvia, Oswiecim [Auschwitz], Wieliczka)
Hungria (Budapeste, Szentendre)
Croácia (Zagreb)
Eslovênia (Ljubljana, Bled)
França (na volta conseguimos passear em Paris por duas horas)

Partimos de Helsinque, na Finlândia, e atravessámos o mar Báltico até Tallinn, em uma viagem que levou somente duas horas e meia. Nem senti o tempo passar, já que o navio oferecia diversas atrações, como boite com música ao vivo, duty free, bares e até um mini-cassino.

Vários casais da terceira idade dançavam animadamente ao som de música local com letra incompreensível…

Achei curioso esse banheiro para cães e gatos que ficava no deck do navio.

Quando a embarcação estava prestes a ancorar, fomos para o convés observar o mar branquinho coberto por placas de gelo e eu me senti no Pólo Norte!!!!

Depois de fazer o check-in e deixar as mochilas no hotel, fomos conhecer o charmoso centro histórico e suas ruelas repletas de lojinhas, ateliês, bares e restaurantes. Preciso comentar que adorei o casaquinho da moça loira da foto acima!!!!

As fachadas estreitas e compridas com ganchos próximos aos telhados (usados para içar móveis e grandes objetos) me lembraram as casinhas que ficam à beira dos canais de Amsterdã.

Perto da RAEKOJA PLATS, avista-se a Igreja do Espírito Santo, datada do século XIV e que possui o relógio público mais antigo de Tallinn pintado em sua fachada. Infelizmente, o local estava fechado à visitação quando estivemos na cidade, mas dizem que seu interior é muito bonito.

O que não falta em uma cidade com passado medieval é um restaurante com esse tema. Já havíamos curtido uma experiência gastronômica semelhante em Cesky Krumlov, na República Tcheca e dessa vez, decidimos nos aventurar no recomendadíssimo OLDE HANSA. Na esquina da rua onde fica o estabelecimento, havia uma barraquinha na qual atores vestidos em trajes de época abordavam os turistas e ofereciam um punhado de frutas secas caramelizadas, além de “moedinhas da sorte” que davam direito a um licor no final da refeição.

Subindo um pouco mais a rua, avistamos a loja do OLDE HANSA, que vendia réplicas de artefatos medievais, sobretudo louças, taças e canecas feitas de cerâmica ou vidro.

Outro restaurante com fachada interessante chamado PEPPERSACK (saco de pimenta) nos chamou a atenção, mas já havíamos decidido ir ao OLDE HANSA e não nos arrependemos!!!!

O restaurante é bem grande e ocupa os três andares desse edifício. Minha primeira experiência de “jantar medieval” foi no MEDIEVAL TIMES, na Flórida, quando eu tinha 15 anos, mas achei a versão americana muito mais focada no espetáculo do que na qualidade da comida.

A decoração do interior do prédio tem como objetivo recriar a atmosfera da época e por isso o ambiente é bem escuro, sendo iluminado exclusivamente por velas.

Adorei os cardápios com aspecto envelhecido que continham muitas ilustrações. Os pratos listados na categoria Grand Feasts serviam um grande número de pessoas e eram compostos por carnes de caça variadas, incluindo até urso!!!!

Para beber, o Marcelo pediu a cerveja de trigo com canela, que estava deliciosa e lembrava bastante a nossa BADEN BADEN GOLDEN ALE. Eu pedi uma escura com ervas aromáticas, mas achei o sabor adocicado demais, embora o aroma estivesse maravilhoso.

Apesar da vontade de acrescentar a carne de urso à minha lista de experiências exóticas, o prato era caro demais e preferi me garantir com o salmão grelhado com molho cremoso de queijo e ervas aromáticas, lentilhas, grãos de trigo, pimentão assado e tortinha de batata. Estava sensacional!!!!

As “moedinhas da sorte” nos garantiram duas doses de apple schnapps, uma espécie de licor com sabor de maçã, servido em canequinhas fofas feitas artesanalmente e que estavam à venda na loja do restaurante.

Ao final da refeição, o Marcelo foi ao banheiro e recomendou que eu fizesse o mesmo e ainda levasse a câmera porque valia a pena registrar a decoração do local. Observem a bacia na pia da foto à esquerda e a cabine do vaso sanitário à direita, onde cortinas de veludo estampadas pendiam de uma “cabaninha” de madeira com bordas decoradas. A gente se sentiu literalmente “no trono”, rsrsrsrs!!!!

O centro histórico é rodeado de muralhas que serviam como defesa da cidade em tempos remotos, construídas pela rainha Margrethe da Dinamarca em 1265. Nos arredores, ficam prédios seculares bem conservados, museus e o castelo de Toompea, a sede do Parlamento.

As fotos do mirante com vista para o centro histórico foram as de que mais gostei porque acho que sintetizam bem como é a cidade.

Um programa que considero imperdível em Tallinn é visitar a IGREJA ORTODOXA ESTONIANA DO PATRIARCADO DE MOSCOU. Adoro entrar nesse tipo de construção!!!! O cheirinho de incenso, o interior todo trabalhado com muitas pinturas e detalhes, as fiéis usando véus e cuidando com carinho e dedicação da conservação das obras de arte é sempre um espetáculo muito bonito de se ver. Pena que na maioria dos casos, não é permitido fotografar.

Passeando pela cidade, encontramos uma feira livre com várias barraquinhas de flores e eu sempre fico impressionada com a qualidade das mesmas na Europa. Observem bem essas gérberas e suas cores vibrantes e quase inacreditáveis!!!! Eu nunca encontrei nada parecido aqui no Brasil.

No caminho para o PARQUE KADRIORG encontramos muitas construções antigas e bem conservadas com muros baixinhos e janelas sem grade. Sempre tento dar uma espiadinha pelas janelas dessas casas bonitas porque fico curiosíssima pra saber como é a decoração interna. Reparem nas sacadinhas do último andar, não são super fofas????

O lago principal estava congelado, mas os patinhos ainda encontraram uma brechinha pra nadar. Alguns de vocês devem estar imaginando o frio que eu passei, né? Mas sabem que, estando bem agasalhada, as baixas temperaturas não me incomodam em nada? Pelo contrário, até prefiro esse clima!!!! Só é chato quando chove, mas isso é ruim em qualquer temperatura porque atrapalha os passeios ao ar livre. Outro dia fui à C&A e saí da loja com 4 ítens em promoção: dois sobretudos, uma bota de cano longo e uma calça legging. Eu raramente compro roupas, mas surtei vendo essas peças para o frio, mesmo sabendo que vou usá-las muito pouco aqui no Rio de Janeiro.

O parque é bem bonito, mesmo no finalzinho do inverno, mas a paisagem muda completamente na primavera, como vocês podem observar na seguinte foto, disponibilizada na Wikipedia por Marek Dziwior.

800px-Tallinn_park_kadrioru

Fiquei deslumbrada com o paisagismo!!!!

O MUSEU KUMU também é parada obrigatória pra quem vai visitar a cidade, principalmente em 2011, ano em que Tallinn foi escolhida como a capital europeia da cultura.

Fiquei simplesmente encantada com o design moderníssimo e o tamanho do prédio projetado pelo arquiteto finlandês Pekka Vapaavuori, contruído entre 2003 e 2006. Kumu recebeu o prêmio European Museum of the Year Award em 2008.

Infelizmente não tivemos sorte e o museu já tinha fechado quando chegamos para conhecê-lo, mas acho que só a fachada já valeu o passeio.

A Guerra de Independência da Estônia (em estoniano: Vabadussõda), também conhecida como Guerra de Libertação da Estônia, foi uma campanha de defesa do Exército da Estônia e seus aliados contra a ofensiva soviética ao Oeste e a ofensiva das tropas da nobreza do Báltico estabelecida entre 1918-1920 em relação à Guerra Civil Russa.

Ela começou quando os alemães, após a sua derrota na I Guerra Mundial, retiraram-se dos territórios ocupados. A Estônia foi um deles, e passou a fazer parte do Ducado do Báltico Unido, Estado pró-alemão. No vazio de poder deixado pela evacuação, os bolcheviques russos acreditavam que poderiam reconquistar territórios e estabelecer o bolchevismo.*

*Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_de_Independ%C3%AAncia_da_Est%C3%B4nia

A praça que abriga o monumento à Guerra da Independência é incrivelmente limpa e bem conservada.

A seguir, vocês podem observar outras construções interessantes e detalhes de arquitetura que fotografei durante a viagem.

 

Pensei que eu já havia visto as portas mais bonitas do mundo na Tunísia (mostradas NESSE POST), mas amei os dois exemplos das fotos acima, cheios de detalhes. Não tenho a menor ideia de seus estilos arquitetônicos ou da época em que foram construídas, mas adorei o visual!!!!

OUTRAS AVENTURAS GASTRONÔMICAS

A HELL HUNT é uma ótima cervejaria que oferece uma boa seleção de bebidas nacionais e importadas.

Tanto nesse cardápio quanto nos outros que vimos nos países da mesma região, havia a opção BEER SNACKS (petiscos para acompanhar cerveja). Geralmente essas comidinhas são bastante gordurosas, como é o caso do pão preto frito com alho cheio de óleo que chegou à nossa mesa acompanhado de um delicioso molho de pepino. O pão, na verdade, pode ser preto, integral ou de centeio e primeiro é frito antes de receber uma dose generosa de raspas de alho cru, o que eu adooooro e deixa o petisco com um sabor picante.

Pedimos também uma tábua de queijos especiais para acompanhar cervejas e, em alguns lugares onde há vinho, existe uma diferenciação entre o CHEESE PLATTER FOR BEER e o CHEESE PLATTER FOR WINE, que são de tipos diferentes, variando de acordo com a bebida que o cliente escolher, para que a harmonização seja mais adequada. Adorei essa novidade!

No caso da foto acima, os queijos pareciam ser do mesmo tipo, sendo que um deles era natural, o outro possuía ervas aromáticas em sua composição e o terceiro era defumado.

Reproduzi a receita do pão com alho em casa, além de montar uma tábua de queijos incrementada que mostrei NESSE POST.

A BEER HOUSE é uma microcervejaria que produz 7 tipos de cerveja e ocupa uma área espaçosa, dividida em vários ambientes com decoração eclética e criativa.

 
Pedimos um conjunto de mini-canecas contendo todas as bebidas produzidas na casa e depois de degustar cada uma delas, pudemos escolher as que mais gostamos em tamanho maior.

Para comer, optamos por pasteis de queijo empanados e fritos: calóricos e apetitosos!!!!

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Vocês se lembram do restaurante cujo letreiro era composto por um ovo na frigideira que mostrei NESSE POST? O mais interessante é que a gema é, na verdade, uma lâmpada amarela que fica acesa à noite.

Recebemos a indicação do VANAEMA JUURES e fomos conferir se a sugestão era boa. Adoramos a decoração aconchegante e acolhedora que lembra “casa de vó”. O restaurante fica no subsolo e as paredes tem arcos irregulares que fazem com que a gente se sinta dentro de uma caverna. Adorei o castiçal antigo, a toalhinha de crochê, as fotos P&B emolduradas, o papel de parede e os objetos decorativos que parecem peças de antiquário.

De entrada, eu pedi uma saladinha simples e honesta de queijo de cabra com tomate, azeitona, frutinhas silvestres, pimenta tipo jalapeño e ervas aromáticas.

O Marcelo pediu cordeiro com molho roquefort, lentilhas e legumes com picles.

O cardápio do restaurante tinha várias opções interessantes, mas a seguinte descrição me cativou: rolinho de bacalhau gratinado com recheio de queijo e alho-poró coberto por molho cremoso de champagne.

O prato ainda vinha acompanhado de batatas também gratinadas, caviar, frutinhas vermelhas e uma fatia de limão siciliano presa em um espremedor super fofo. Foi minha segunda melhor refeição da viagem ao Leste Europeu, só perdendo pra do KYNSILAUKKA, o restaurante temático de alho na Finlândia.

Dividimos uma sobremesa típica chamada KAMA, que era uma mistura de centeio, cevada, aveia e leite azedo. Estava gostosa, mas nada muito especial e lembrava granola com iogurte.

E assim fechamos nossa viagem à Estônia com chave de ouro!!!! Voltamos para o hotel depois de um breve passeio noturno pelo centro histórico e no dia seguinte partimos para Riga, na Letônia.

Os posts de viagem são de longe os mais trabalhosos e que exigem mais tempo e dedicação da minha parte, mas eu adoro registrar esses momentos tão especiais…vou tentar me focar nisso e relatar aos poucos todos os passeios que fizemos nas últimas férias.

Para saber mais sobre a logística dessa viagem, basta acessar a postagem do Marcelo no site MOCHILEIROS, contendo o roteiro completo, os nomes dos hoteis onde nos hospedamos, os preços das diárias, os transportes que utilizamos, as temperaturas médias, as moedas de cada país e outras informações práticas:

http://www.mochileiros.com/leste-europeu-de-helsinki-a-ljubljana-t55550.html 

Um grande beijo, obrigada por me acompanharem nessa aventura e tenham uma ótima semana!!!!

Bonfa ass