quarta-feira, 8 de abril de 2009

Cachorro é tudo de bom. Se for adotado, melhor ainda!


"A grandeza de uma nação e o seu progresso moral podem ser avaliados pela forma como tratam os seus animais" - Mahatma Gandhi

Conheci minha primeira cadelinha quando tinha sete anos. Era uma pinscher marrom de olhar muito dócil chamada Kika. Meu pai a ganhou de um amigo e foi uma surpresa pra mim e minhas duas irmãs. A partir daí, tivemos uma sucessão de cachorros brancos, pretos, malhados, amarelos, sempre de pequeno ou médio porte. Em geral tínhamos entre três e cinco cachorros, dependendo da época. Todos, sem exceção, foram adotados. Sou contra o comércio de animais e penso que bicho não se compra, se adota. Quem ama não se importa com raça e com status. Bicho não é roupa de grife, não é objeto de consumo. Bicho é um ser vivo que merece respeito, carinho e cuidados apropriados. Na minha família seguimos esse princípio e agradeço demais aos meus pais por me ensinarem a amar esses pequenos seres pelo que são e não por sua aparência. A partir daí foi natural estendermos esse sentimento aos seres humanos.

Atualmente minha mãe tem seis cães e três gatos; minha irmã do meio, dois cães; e minha irmã mais nova, três gatos. Todos resgatados de abrigos ou das ruas. E eu? Eu quero muito!!!! Mas ainda estou no processo de convencer meu marido...
Quando meu pai fez 60 anos preparou uma grande festa. Convidou amigos de longa data e eu preparei o convite, claro! Ao invés de presentes, ele e minha mãe pediram para que os convidados fizessem doações à Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (SUIPA). Minha mãe contactou a presidente da instituição e ela pediu que as doações fossem feitas na forma de ração e remédios e não em dinheiro. O resultado foram alguns porta-malas lotados de doações! Amei a iniciativa deles! Esse é um dos incontáveis motivos que tenho pra ser uma filha bem coruja!!!



Acho que cão é pra ser assumido como um filho. Não se abandona um filho porque se cansou dele, porque a casa não tem mais espaço ou porque ele ficou doente. Infelizmente muita gente faz isso quando o animal se torna um inconveniente. A consequência é a superlotação de instituições que abrigam animais carentes e cães morrendo de tristeza e depressão. Segundo a revista SUPERINTERESSANTE, ed. 263, de março de 2009, os cães têm mais problemas psicológicos do que os seres humanos e muitas das raças que conhecemos atualmente são verdadeiras aberrações genéticas, manipuladas para que se tornem mais "atraentes", segundo nossos padrões de beleza. Isso desencadeia uma série de problemas de saúde.

Nesses tempos ecologicamente conscientes em que vivemos, a preocupação com o futuro do planeta nos leva à reciclagem, ao consumo moderado e à redução da produção de lixo. Então por que incentivar a produção em série de vidas a serem comercializadas quando há tantos animais abandonados, precisando de carinho e cuidados?

Na clínica veterinária que minha mãe frequentava, uma vez apareceu um senhor com um poodle macho de 12 anos chamado Clarkson. Ele queria sacrificar o bichinho. As veterinárias examinaram o cachorro e constataram que, apesar da idade avançada, da visão e olfato um pouco comprometidos, o cão estava bem. Era simplesmente velho. O cão era reprodutor de um canil e quando começou a dar trabalho e despesa, a solução mais fácil foi eliminá-lo. As veterinárias se recusaram a sacrificar um animal saudável e ele permaneceu na clínica quando o dono se recusou a levá-lo de volta. Clarkson viveu até os 18 anos.

Não quero dizer aqui que os cães são maltratados nos canis. Mas não posso esquecer que se trata de um negócio onde o objetivo é o lucro. Quanto mais crias, mais produtos à venda e mais dinheiro. Não é necessário gostar de cães e tratá-los bem pra gerenciar um canil. Outro dia recebi o e-mail de uma amiga pedindo ajuda para vários animais abandonados à própria sorte, depois que o lugar onde viviam foi à falência. Os bichos estavam passando fome e os donos simplesmente desapareceram.

Eu não tenho nada contra cães de raça, mas não consigo entender o que leva as pessoas a os valorizarem tanto, pagando até milhares de reais por um filhote. Será que é uma questão puramente estética? Será que algumas pessoas têm vergonha de serem vistas passeando na rua com um vira-lata porque acham que isso não condiz com seu padrão de vida ou posição social? O que você pensa sobre isso? Gostaria muito de ler seu comentário. Aliás, na SUIPA também existem cães de raça esperando pra serem adotados, sabia?

Abaixo algumas fotos dos álbuns da família:


Esse é meu sobrinho Gabriel brincando com a Chloé, cadelinha da minha irmã do meio, que mora nos Estados Unidos. Em alguns abrigos por lá, os animais têm prazo de validade. Os que ficam muito tempo esperando para ser adotados, ou que passam por mais de três famílias e são devolvidos, são sacrificados pra evitar a superpopulação. Essa cadelinha linda estava no "corredor da morte". Graças à minha irmã, hoje em dia ela é saudável, muito amada e feliz!


Fotos: Baixinho, Linda, Lua, Pingo e minha mãe (Katia Bonfadini); Zé (Daryan Dornelles); Cuca (Marcia Bonfadini); Gabriel e Chloé e Gabriel e Lobo (Flávia Bonfadini).

Pra saber mais:


SUIPA
(A SUIPA conta com uma lista de animais esperando a adoção. Ali você pode ver fotos e uma breve descrição da personalidade e histórico de cada um.)

CAMPANHA “ADOTE UM CÃO DA PEDIGREE”

ADOTEM ANIMAIS, NÃO OS COMPREM

TODOS OS CACHORROS SÃO LINDOS

EU TENHO UM VIRA-LATA E O AMO

Beijão e até semana que vem!