Um dos lugares de visita obrigatória no Egito é sem dúvida Abu Simbel, um extraordinário e gigantesco complexo situado próximo à fronteira com o Sudão. Abu Simbel faz parte do museu ao ar livre da Núbia e Assuã e, devido à sua beleza e à sua magnífica conservação, foi declarado em 1979 Património da Humanidade pela UNESCO. Abu Simbel é constituído por dois extraordinários templos escavados na própria rocha.
A maioria do grupo que conhecemos na primeira parte da excursão ao Egito não foi até Abu Simbel, o que achei um desperdício!!!! Fizemos um cruzeiro de quatro dias pelo Nilo até Assuã e de lá pegamos um vôo de 45 minutos até Abu Simbel para participar de outro cruzeiro pelo Lago Nasser. Na minha opinião, esse foi o melhor dia da viagem!
Vou contar um pouquinho da parte histórica, que pesquisei nas fontes citadas no final desse post.
Sendo o maior egoísta e construtor do Egito, Ramsés II ergueu mais templos e estátuas - de si mesmo, naturalmente - do que qualquer outro faraó. Sua campanha de autoglorificação funcionou, porque mais de 3.200 anos após sua morte , todos os egípcios lembram com orgulho de Ramsés, o Grande.
Seus trabalhos mais impressionantes são os dois templos de rochas em Abu Simbel. Entalhado numa montanha da margem oeste do Nilo, o Grande Templo de Ramsés 2º é protegido por quatro estátuas do faraó. Ele queria impressionar os rebeldes núbios com seu poder, por isso, as estátuas têm aproximadamente 20 m de altura - e estão sentadas. Cada uma delas pesa aproximadamente 1.200 toneladas. As estátuas certamente deixavam os amigos seguros e os inimigos, inseguros.
Dentro do templo existe o salão hipostilo, com o teto apoiado em oito colunas com figuras de, é claro, Ramsés. Mais para dentro, o santuário sagrado é decorado com estátuas de quatro deuses: Rá, Amon, Ptah e Ramsés, que se deificou.
Os engenheiros do faraó construíram o templo com tanta perfeição que todos os anos, nos dias 22 de fevereiro e 22 de outubro (aniversário de Ramsés e de sua coroação), a luz do sol nascente brilha pela entrada do templo, viaja 61m e, como um fogo celestial, ilumina a imagem de Ramsés.
Nos anos de 1960, os templos de Abu Simbel foram colocados em risco pela construção da grande represa de Assuã e pelas águas do lago Nasser, que resultaram dessa obra. Num incrível feito da engenharia moderna, os templos foram tirados do desfiladeiro rochoso, entalhados em blocos maciços (estima-se entre 950 a 2 mil), alguns pesando até 33 toneladas, e recolocados em um lugar mais alto nas redondezas. O templo de Ramsés foi cuidadosamente posicionado no novo lugar de forma que o sol ainda entre no santuário duas vezes por ano.
Reparem no tamanho da cabeça que despencou lá de cima. Pra ter uma ideia de tamanho, o Marcelo mede um pouco mais de 1,80 m.
Detalhe das estátuas representando Ramsés II
Detalhe das estátuas representando Ramsés II
O Templo de Hator (feito de arenito rosa), a deusa do amor com cabeça de vaca, foi construído em homenagem à esposa favorita de Ramsés: a rainha Nefertari. Seu templo é, com certeza, menor do que o de Ramsés, e muitas das grandes estátuas que o enfeitam representam o poderoso faraó. Ramsés, o Grande, garantiu que seu legado fosse maior do que sua própria vida.
Detalhe da fachada do Templo de Hator.
À noite assistimos a um espetáculo de luzes e som numa espécie de anfiteatro montado a alguns metros dos templos, nos mesmos moldes do que assistimos no Cairo. Mas achei esse show bem mais bonito e emocionante, talvez porque eu tenha ficado encantada por esse lugar incrível!!!!
Detalhe do templo de Ramsés II iluminado.
Detalhe das imagens projetadas nos templos de Abu Simbel durante o espetáculo de som e luzes.
O templo principal de Abu Simbel visto a partir do Lago Nasser.
Lago Nasser
Seu nome é uma homenagem ao grande líder egípcio Nasser e tem 500 km de extensão, dos quais 150 km estão dentro de território sudanês. É o segundo maior lago artificial do mundo. Sua admirável criação comportou a reconstrução de 14 templos Núbios, em terreno mais elevado para não serem atingidos pelas águas do Lago, o que é considerada uma das maiores façanhas do século XX. O lago é resultado da construção da Barragem de Assuã, entre 1958 e 1970, que visava resolver o problema da seca no rio Nilo.
Lago Nasser visto dos arredores dos templos de Abu Simbel.
Lago Nasser visto dos arredores dos templos de Abu Simbel.
No dia seguinte da visita à Abu Simbel, começamos a navegação pelo Lago Nasser num cruzeiro que durou três dias.
Todos os barcos que navegam pelo lago tem quartos espaçosos e confortáveis, alguns contam até com uma pequena varanda. Nosso barco se chamava Nubian Sea e as águas do Nasser são tão tranquilas que dava pra esquecer que estávamos navegando. Notamos que somente homens trabalham nos barcos desde o recepcionista até os camareiros e garçons e foram todos muito simpáticos e receptivos.
Fizemos uma ou duas visitas a templos núbios por dia durante o cruzeiro e, no restante do tempo, aproveitamos para relaxar, colocar a leitura em dia, tomar sol na piscina, jogar scrable (aquele jogo tipo palavras-cruzadas), comer bem e beber algumas Sakaras (cerveja local) geladinhas.
Agora, verdade seja dita: depois que conhecemos os monumentais templos de Abu Simbel, sabíamos que não veríamos mais nada tão extraordinário durante o resto do passeio. Para quem não tem muito tempo disponível, recomendo passar um dia em Abu Simbel e retornar a Assuã, Luxor ou Cairo. Mas não deixem de conhecer esse lugar incrível!
Esse barco chamado Omar El Khayam era um pouco mais luxuoso do que o nosso e tinha até varanda nas cabines, que mais pareciam quartos de hotel.
Na foto acima, aparece a garrafa da cerveja Sakara, que experimentamos assim que fizemos o check-in no barco. Como cortesia, ganhamos amendoins super salgados e batatas chips extremamente apimentadas. Tudo isso para aumentar mais a sede e, consequentemente, o consumo da cerveja!
Essas foram as primeiras ruínas faraônicas sobreviventes à inundação que avistamos ao sair de Abu Simbel. Chama-se Qasr Ibrim e parece ter sido um forte.
Alguns dos templos que conhecemos ao longo do Nasser ficavam um pouco isolados e não havia porto para o barco ancorar. Nesses casos, precisávamos entrar em pequenas lanchas que nos levavam até as margens. Em cada lancha havia um marinheiro armado com uma metralhadora AK-47 para nossa proteção.
Visita aos templos núbios, protegidos por marinheiros armados.
Os principais templos núbios que visitamos foram os seguintes:
O Templo de Derr é diferente de outro templo egípcio devido a ter perdido o seu pórtico e pátio. Tal como Abu Simbel, foi completamente escavado da rocha e tem magníficas decorações. No templo existem quatro estátuas de Ramsés e os deuses, com as suas cabeças desfiguradas por fanáticos cristãos. Tal como os templos de Amada e Abu Simbel, foi transladado do seu local original na década de 1960.
O Templo de Amada é a mais velha estrutura nas margens do lago Nasser e é famoso pelas suas belas gravuras. Foi começado a construir por Tutmósis III e foi terminado pelos seus sucessores. Era dedicado a Amon-Ré e a Ré-Herakhte. O templo, tal como o de Abu Simbel foi transladado do seu local original nas decadas de 1960 e 1970.
O Templo de Wadi es Sebua foi criado por dois faraós egípcios do Novo Império, Ramsés II e Amenhotep III. O templo possui pilones e um santuário escavado na rocha. Tal como a maior parte dos templos na parte sul do rio Nilo, foi transladado para um novo local na década de 1960.
O Templo de Dakka é do período greco-romano e é dedicado a Toth.
Marcelo na entrada do Templo de Derr.
Gravuras bem conservadas com cores originais no Templo de Amada.
Templo de Wadi es Seboua.
Detalhe de uma estátua na entrada do templo de Wadi es Seboua.
Portal do Templo de Dakka que esconde uma linda paisagem.
Amei essa paisagem desértica que se estendia por vários quilômetros, contrastando com as águas calmas do Lago Nasser.
Para finalizar os dias, contávamos com um pôr do sol mais lindo do que o outro, como esse fotografado pelo Marcelo… emocionante!
Bom final de semana, pessoal! Semana que vem tem mais!
Fontes: