quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Viagem ao Egito – Parte III: Tem um crocodilo na minha cabeça!

É isso mesmo, gente! Vocês acreditam que eu encarei o desafio de ter um filhote de crocodilo em cima da minha cabeça durante quase um minuto? Essa cena aconteceu na aldeia núbia que visitamos perto de Assuã, a cidade mais meridional do Egito.

O povo núbio é muito antigo, eles possuem a pele bem escura e habitavam originalmente o sul do Egito. Historicamente foram a primeira civilização negra da África. Hoje esse povo vive em uma região chamada Kom-Ombo, onde tivemos a oportunidade de conhecer um povoado simpático com casinhas bem coloridas. Segundo nosso guia, os núbios vivem de modo muito simples, usando o dinheiro que ganham vendendo artesanato típico para comprar comida e outras necessidades básicas. Eles não ligam pra riqueza nem luxo e, abdicando de alguns bens materiais, conseguem manter sua cultura e tradições mais ou menos intactas.

Para chegar até a aldeia núbia, cruzamos o Nilo embarcados numa felucca, tradicional barco à vela, passando por um bonito jardim botânico e pela Ilha Elefantina no caminho.

Encontramos várias fellucas que transportavam turistas.

Do barco, avistamos várias ilhas, dunas de areia e ficamos encantados com a vegetação típica do entorno do Nilo. É um passeio bem gostoso e relaxante.

Dunas, vegetação típica e o Rio Nilo.

À medida em que fomos nos aproximando do nosso destino, começamos a avistar outros barcos cheios de visitantes e muitos camelos enfileirados na areia quente esperando para serem guiados por turistas vindos de diversas partes do mundo.

Camelos e mais camelos nos aguardando…

Camelos de todos os tamanhos, idades e alturas aguardavam os turistas sentados na areia de forma tumultuada. O pessoal foi escolhendo seus camelos e estes iam se levantando de uma maneira brusca e desorganizada. Num dado momento achei que seria pisoteada por uns dois ou três, mas tudo correu bem até que…

…começamos o passeio em si e descobri que meu camelo era enooooorme, bem mais alto que o do Marcelo. Como eu meço apenas 1,60 m, desapareci em cima do bichão. Já fiquei tensa na hora do camelo levantar, quando fui instruída a jogar o corpo pra trás para manter o equilíbrio.

Mas na hora em que o guia começou a tirar fotos, endireitei a coluna, encolhi a barriga, respirei fundo e fiz pose de “rainha dos camelos”, tranquila e confiante. Até parece, eu estava super tensa!!!!

Apesar de já ter passeado de camelo na Tunísia por uma parte do Saara em Douz, o terreno era plano e extenso e fiquei tranquila na maior parte do trajeto. Dessa vez, estávamos caminhando no topo de uma duna bem íngreme e lá embaixo dava pra ver na margem do Nilo alguns pedregulhos bem salientes que pareciam me encarar de um jeito ameaçador.

Tirei a foto da minha bota apontando pro penhasco momentos antes de um camelo desgovernado comandado por um menino exibido vir correndo na minha direção a toda velocidade! Eu sinceramente achei que um acidente grave estava prestes a acontecer. O camelo se aproximava muito rápido e achei que o choque era iminente. Meu guia até pulou pra cima da duna do lado direito com medo de ser pisoteado. Felizmente, o instinto dos animais fez com que eles desviassem alguns centímetros para evitar a colisão, mas, mesmo assim, minha perna direita foi atingida e fiquei com um grande hematoma no pé inteiro por uma semana. O pior foi o susto e eu ter virado o assunto do dia. Nosso grupo ficou preocupado e também teve a impressão de que eu despencaria duna abaixo, batendo nas pedras do rio. Foi por pouco… Depois desse episódio, eu só conseguia pensar no medo que eu tenho de avião, considerado um dos transportes mais seguros do mundo. Camelo é muito mais perigoso!!!!

Assim que chegamos à uma casa na aldeia, fomos recepcionados com um chá de hibiscus (Karkady) bem gostoso e docinho, servido pelos próprios moradores.

Mais tarde, fomos convidados a fazer uma tatuagem de henna (incluída no pacote da excursão) e eu fui logo a primeira a escolher o desenho.

Escolhi o Olho de Hórus ou “Udyat”, um símbolo proveniente do Egito Antigo que significa proteção e poder, relacionado à divindade Hórus. Era um dos mais poderosos e mais usados amuletos no Egito em todas as épocas.

Segundo uma lenda, o olho esquerdo de Hórus simbolizava a Lua e o direito, o Sol. Durante a luta, o deus Seth arrancou o olho esquerdo de Hórus, o qual foi substituído por este amuleto, que não lhe dava visão total, colocando então também uma serpente sobre sua cabeça. Depois da sua recuperação, Horus pôde organizar novos combates que o levaram à vitória decisiva sobre Seth. Era a união do olho humano com a vista do falcão, animal associado ao deus Hórus. Era usado, em vida, para afugentar o mau-olhado e, após a morte, contra o infortúnio do Além.

Fonte: Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Olho_de_H%C3%B3rus)

Hoje em dia, o Olho de Hórus adquiriu também outro significado e é usado para evitar o mal e espantar mau-olhado, mas continua com a idéia de trazer proteção, vigor e saúde. Que bom, mas foi uma pena a tatuagem ter durado só uma semana! Esperei meia hora para que a tinta secasse e depois retirei o excesso com água e sabão.

Eis que a parte mais emocionante do dia (tirando o incidente do camelo) surgiu na forma de um bebê crocodilo que passou nas mãos e cabeças de vários turistas. Eu estava tão aliviada de não ter caído no penhasco, que fui a primeira a arriscar segurar o bichinho.

Pelas fotos, parece que o crocodilo está imóvel, né? Ele até ficou assim por alguns segundos, mas eu acho que apertei tanto a garganta do animal que ele deu a impressão de que ia engasgar e começou a sacudir a cabeça. Coitado!!!! Foi aí que o devolvi correndo ao dono!

Voltando do passeio, passamos pelo Old Cataract, hotel onde Agatha Christie se hospedou para escrever seu famoso romance Morte no Nilo. O hotel foi usado como cenário tanto do livro quanto do filme. Sua localização é privilegiada por estar debruçado no Nilo e ficar em frente à Ilha Elefantina com a vista emoldurada pelas dunas da outra margem.

O Marcelo subiu no “teto” da nossa felucca para tirar essa foto do Nilo lotado de outros barcos à vela.

Um pouco depois de passar por esse ponto, a tripulação da felluca começou a tocar uma espécie de pandeiro e a cantarolar músicas típicas, batendo palmas e nos incentivando a fazer o mesmo. Depois da primeira música, todos os passageiros estavam dançando e cantando animadamente junto com o pessoal local e esse foi o final perfeito para um dia bem agitado.

Semana que vem vou escrever sobre os lindos templos faraônicos que conhecemos em Assuã e Luxor e essa será a quarta e última parte da saga “Viagem ao Egito”. Temos um encontro marcado, hein?

Beijos e um ótimo final de semana!!!!

Bonfa ass