terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O ato de quebrar o próprio recorde

Hoje tenho mais um convidado especial aqui no blog. Trata-se do meu querido amigo Eduardo Nassife, com quem estagiei no CENPES (Centro de Pesquisas da Petrobras) há onze anos… caramba, como o tempo voa, né? Na época, eu tinha 25 anos e o Eduardo apenas 17. Depois que nosso estágio terminou, tivemos trajetórias diferentes e ficamos muitos anos sem nos falar até que um dia nos reencontramos através do Orkut. Sei que muita gente torçe o nariz pro Orkut, mas eu já encontrei tantos amigos queridos com os quais eu havia perdido o contato, que só tenho a agradecer a invenção dessa ferramenta!

Bom, já falei demais… com vocês, o talentoso, inteligente, simpático e gentilíssimo Eduardo:

Eduardo

Vencer engloba muitas definições. Algumas simplistas; outras, filosóficas. Mas nunca a teoria suplantará a prática do desafio superado.

Em minha vida, particularmente, superação sempre foi a palavra-chave. Desde a minha infância, vencer meus próprios limites era algo assustador – porém, imprescindível. Meu pai sempre foi um cara que adorava estudar, falava Inglês, foi criado em Copacabana, mas não teve tanta sorte na vida. Minha mãe sempre foi mais simples, não chegou a se formar, mas tem muita força para o trabalho, já foi micro-empresária e herdei deles a vontade de não ficar parado. Mas também, não queria ter o mesmo destino que eles – falando francamente.

Sempre fui muito ambicioso, sempre planejei a minha vida e fui atrás das oportunidades que tinha. Algumas, eu mesmo fiz. Quando cheguei à idade adulta, passei como um trator sobre os típicos questionamentos da geração: O que fazer? O que cursar? Onde estudar?

A certeza de ser escritor me acompanha desde meus primórdios. Sempre gostei de TV e Cinema e aí que me encontraria, pensava. De fã, tornei-me amigo da Gloria Pires – quem eu considero, sem pretensão, uma das maiores atrizes brasileiras de todos os tempos. De amigo, tornei-me seu biógrafo, numa escalada que ia além das expectativas que eu tinha. Era a tal superação tomando forma, impregnando-se na minha trajetória de maneira eficaz.

mix

Na primeira foto, Eduardo Nassife e Glória Pires na pré-estreia do filme É Proibido Fumar, de Anna Muylaert.Na segunda, foto exclusiva que estará no livro, do ensaio que ela fez especialmente para compor a biografia. Fotos de Marcelo Faustini.

Isso é coisa de Deus! Era o que eu mais ouvia das pessoas. Bom, se Ele realmente existe, eu não sei. Não quero entrar nesse mérito. Apenas enaltecer o meu, de ter chegado aonde cheguei – ainda acho pouco e sei que é só o começo.

2009 foi um ano de mudanças significativas na minha vida. De obeso mórbido, a um corpo esbelto. De lá pra cá, ao passo que eliminava os quilos sobressalentes, ganhava pontos na carreira que escolhi – às vezes, tenho dúvida sobre quem escolheu quem, se eu a ela ou ela a mim.

Superar-se é algo que exige paciência. Humildade. Vontade. E, mais do que isso tudo, certeza do que se quer. É bom esse duelo entre você e você mesmo, como num jogo de xadrez – onde um desses “eus” vai dar o xeque-mate. O bom disso tudo é saber que, por mais perdedor que seja o seu outro “eu”, ele será vencedor, pois estará dentro de você. Meio confuso, filosofia de botequim, mas só quem vivencia essa experiência de quebrar seu próprio recorde vai entender o que estou dizendo. Ainda mais quando olho para trás e vejo que eu tinha tudo para estar fadado à mediocridade. Dela, eu fugi como o diabo foge da cruz – se é que ele também existe.

Muito obrigada por ter aceito meu convite para escrever no blog, querido Eduardo!!!! Fiquei super feliz ao receber seu texto e já combinamos que este é somente o primeiro de muitos que virão por aí!!!!

Beijos e um ótimo dia pra todos!!!!

bonfa2