quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Por que não vemos os cisnes negros?

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Imagem retirada daqui: http://rogerpielkejr.blogspot.com/2011/07/social-construction-of-black-swans.html

Bom dia, pessoal!!!! Deixei essa postagem programada antes de viajar e fiz questão de publicá-la próxima ao Natal por se tratar de uma tradição estabelecida pelo meu pai, um ser humano que amo e admiro na mesma medida. Todos os anos ele elabora uma crônica baseada em fatos que marcaram sua vida durante o ano e a envia aos amigos próximos e familiares. O tema de 2011 foi algo sobre o qual conversamos há alguns meses…

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Mais um ano se completa e eu gostaria de compartilhar novamente com os amigos as reflexões que sempre faço nessa época, em que normalmente todos abrem seus corações e mentes para comemorar o nascimento do Cristo e a chegada do ano novo.

O evolução do “homem”, ser com dimensões divinas e materiais que compõe a raça humana, criou a maravilha que é o cérebro com seus dois hemisférios, o esquerdo com um funcionamento de estrutura mental padronizada pela evolução cultural e onde reside a racionalidade humana, e o direito com funcionamento completamente caótico e sem padrões, onde reside nossa parte divina: a da intuição, da arte, da criação e da inovação.

Esses dois hemisférios, por possuírem características tão opostas, vivem um eterno conflito que, se bem administrado produz maravilhas, mas se não, pode trazer ao indivíduo e/ou conjunto de indivíduos, frustrações e infelicidade.

Entender e administrar bem esse conflito interno nos permite encarar muito melhor os problemas que surgem em nossa vida a fim de vivermos com muito mais paz e harmonia conosco e com todos os que nos cercam. Permite, por exemplo, acreditarmos que a maioria dos seres humanos é intrinsecamente boa e somente uns poucos ou talvez até ninguém poderia ser considerado "do mal".

Jesus Cristo nos deu esse exemplo de modo de pensar quando pediu a seu pai na cruz que perdoasse seus algozes, pois eles não sabiam o que estavam fazendo.

Esse conflito e o não aproveitamento da imensa sinergia que o funcionamento harmônico entre os dois hemisférios de nosso cérebro pode nos propiciar nos impedem que vejamos os cisnes negros num conjunto de cisnes brancos. O preconceito criado e consolidado no lado esquerdo do cérebro de que “se é cisne, então é branco”, faz com que os cisnes negros percebidos por nossos sentidos sejam descartados pela nossa mente e nós não os vejamos.

Isso faz com que mudanças estruturais importantes de cenários, às vezes representando rupturas sociais, políticas, técnicas, tecnológicas e econômicas só sejam percebidas nos primeiros momentos por uns poucos que tem suas idéias rejeitadas e são tidos como loucos, fora da realidade, sonhadores etc. Alguns como Jesus, Ghandi e outros foram martirizados simplesmente porque vislumbraram antes da maioria as grandes transformações políticas e sociais que estavam por vir.

Seu martírio muitas vezes até acelerou o processo de mudança.

Cada vez mais observamos no mundo mudanças abruptas que só acontecem dessa forma porque foram durante o longo período de sua gestação, cisnes negros, que somente uns poucos, aqueles que com mais intensidade usam o hemisfério direito do cérebro, os sonhadores e os visionários, perceberam.

A queda do muro de Berlim, a primavera árabe e as crises  econômicas provocadas por bolhas como a de 2008, já eram percebidas por alguns muito tempo antes de ocorrerem, porém estes eram ridicularizados pela sua persistência em mostrar o cisne negro que ninguém estava vendo. Até que às vezes um fato simples faz com que “a ficha caia” e gere um efeito “manada”, quando todo mundo corre feito louco em direção a um precipício.

Convido-os, amigos, nesse final de ano, a abrirem seus corações e mentes, a dar uma carta de alforria para o hemisfério direito de seus cérebros. Deixem-no comandá-los um pouco e façam algumas loucuras, liberem-se para ousar, para fugir dos padrões e do politicamente correto ou do estabelecido por regras, convenções, dogmas e paradigmas.

Deixem fluir a criança que existe dentro de vocês. Talvez assim seja mais fácil verem os cisnes negros e se prepararem melhor para as mudanças ou até mesmo direcioná-las para que elas tragam prosperidade e sucesso pessoal ou para o futuro das organizações que vocês de alguma forma influenciam, objetivando viver com mais harmonia, paz e felicidade.

Desejo-lhes um feliz natal e um ano novo pleno de felicidade e sem cisnes negros, somente cisnes.

Roberto Bonfadini

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Nosso papo há alguns meses girou em torno do fato de que eu e meu pai acreditamos que os seres humanos são intrinsecamente bons. Éramos a minoria em uma mesa com 6 pessoas. Nossos amigos pensavam o oposto: “se a maioria dos homens fossem bons, não haveria tanta miséria, guerra e injustiça no mundo”. Enfim, esse assunto pode ser debatido durante horas a fio sem que se chegue a uma conclusão, mas eu acho que, no fundo, a maioria de nós acredite na bondade alheia. Se não fosse assim, porque continuaríamos tendo filhos para submetê-los a um mundo que consideramos tão cruel?

Felizmente conheci poucas pessoas na vida que classifiquei como “do mal” e por isso penso que a gente deve sempre avaliar os dois lados da moeda antes de tomar partido ou de adotar uma postura de lealdade cega à alguém. Todos nós temos qualidades e defeitos, erramos e acertamos, agimos com generosidade e com egoísmo, somos humildes e arrogantes, compreensivos e intolerantes. Tudo depende da situação em que nos encontramos. Quando há um embate, ele acontece porque entram em choque duas maneiras de agir e de pensar diferentes. Quem está certo? Quem está errado? Quem é o bom e quem é o mal? Será que esses papeis são tão facilmente definidos assim? Eu acho que não. Já cometi injustiças ouvindo só um lado da questão e me arrependi muito. Mas como a vida dá voltas, tive a oportunidade de corrigir meu erro, de ouvir o outro lado e aí sim, de fazer uma escolha consciente sobre quem eu queria perto de mim. Vocês conhecem o ditado “aqui se faz, aqui se paga”, né? Outro dia, li uma frase ainda mais interessante: “aqui se faz, aqui se repara”.

Sobre os cisnes negros, penso que uso mais o lado direito do cérebro, até por causa da minha profissão, e admiro as pessoas que conseguem ver além do óbvio, do pré-estabelecido e do tido como “verdade absoluta”. Deve ser por esse motivo que eu assino a revista SUPERINTERESSANTE e adoro as reportagens sobre descobertas científicas. Em uma matéria recente intitulada “A vida sem números”, descobri que:

“Os numerais indo-arábicos não foram aceitos prontamente pelos europeus e chegaram a ser proibidos pela Igreja. Ela chegou a espalhar que, de tão engenhoso, o cálculo árabe era demoníaco.”

Imaginem se ainda hoje fizéssemos contas utilizando os números romanos, como por exemplo CCXXXII + MDCCCLII? Cálculos simples como uma adição só eram feitas por especialistas, mas a descoberta dos algarismos 0,1,2,3,4,5,6,7,8,9 revolucionou o mundo e tornou o conhecimento matemático acessível às pessoas comuns.

Para mim, esse é um bom exemplo de cisne negro. Manter a mente e o coração aberto às novas possibilidades e oportunidades é o que desejo para mim e para a humanidade em 2012.

Meu pai também apareceu por aqui nos seguintes posts:

http://casosecoisasdabonfa.blogspot.com/2011/01/grand-design-reflexoes-baseadas-no.html

http://casosecoisasdabonfa.blogspot.com/2010/03/o-delicioso-peixe-do-beto.html

FELIZ NATAL e até a volta das férias!!!!

Bonfa ass