Nosso batismo de mergulho em Porto de Galinhas
Passeio de jangada rumo às piscinas naturais
Passeio de jangada rumo às piscinas naturais
Muitos peixinhos nas águas claras das piscinas naturais
A tatuagem de henna e os cavalos marinhos de verdade
Uma das famosas galinhas do artista plástico Carcará
O delicioso prato de camarões ao molho de gorgonzola do restaurante Beijupirá
Praia de Muro Alto, Pernambuco
Em 2011 estivemos pela primeira vez no estado de Pernambuco. Reservamos um fim de semana pra conhecer o Recife antigo, o Instituto Brennand, Olinda e algumas praias do Cabo de Santo Agostinho. Dois anos se passaram e eu ainda não fiz esse post, acreditam? Mas o Marcelo fez e vocês podem conferir o relato dele AQUI.
Conforme ele escreveu: “Na época, amigos perguntavam por que eu iria ao Recife e não pra Porto de Galinhas (?!). Cada coisa na sua vez! – dentro desse nosso cenário de aproveitar o que for possível no Brasil em fins de semana”.
Pois é, nossas viagens internas são feitas nos fins de semana e quase nunca nos feriados. Isso se deve ao fato de que só compramos passagens promocionais e é difícil conseguir bons descontos nessas datas. Então nem sempre dá pra esticar a visita, como também aconteceu em Natal-RN. Muita gente sugeriu que a gente conhecesse a Praia de Pipa, mas o Marcelo achou que seria muito corrido e que a gente poderia fazer isso em uma próxima oportunidade, que estamos esperando aparecer!
Dois anos depois de visitar Recife e Olinda, encontramos uma promoção em um final de semana disponível e voltamos a Pernambuco para finalmente conhecer a famosa Porto de Galinhas, elogiadíssima por vários amigos que já tinham estado no local.
A galinha da galeria
É o Marcelo que planeja e organiza os roteiros de viagem, eu só dou alguns pitacos e sugiro restaurantes recomendados pelas amigas. O resto é todo com ele. Dessa vez, o plano era desfrutar de quatro praias locais (Porto de Galinhas, Maracaípe, Muro Alto e Cupe). Algumas semanas antes do passeio, o Marcelo leu o post da Fernanda Gotz e me perguntou se eu gostaria de seguir a indicação dela e fazer um batismo de mergulho por lá. Dei uma olhada no post, amei as imagens (como em todos os relatos da Fernanda) e, mesmo um pouco receosa, disse que “sim, eu topo”!
O orelhão-galinha
Porto de Galinhas é, na verdade, o nome de uma praia localizada no município de Ipojuca, que ficou famosa por suas piscinas de águas claras e mornas, areia branquinha, recifes de corais, peixes multicoloridos e muitos coqueirais.
Inicialmente, a praia era chamada de Porto Rico, devido à sua abundância em pau-brasil. No auge da escravidão no Brasil, era o principal ponto de comércio de escravos ilegais no nordeste, que muitas vezes chegavam escondidos embaixo de engradados de galinhas d'angola. A chegada dos escravos ilegais ao porto costumava ser anunciada pela frase “tem galinha nova no porto!”*
E foi assim que a praia de Porto Rico ficou conhecida como Porto de Galinhas.
Até nas placas de rua tem galinha!
Pra vocês terem uma ideia de como Porto de Galinhas é badalado, o local foi eleito pela Revista Viagem e Turismo a "Melhor Praia do Brasil" por 10 vezes consecutivas!
A galinha mergulhadora
Chegamos bem tarde no Recife na sexta-feira. O Marcelo alugou um carro e, segundo ele, “conseguindo tarifas promocionais sai bem mais barato do que pagar translado”. Seguimos para Porto de Galinhas e eu dormi durante a maior parte do trajeto que levou mais ou menos uma hora.
Os pintinhos saindo do ovo
Galinhas de biquini
Grafismos coloridos pintados em um poste
Acordamos no sábado bem cedinho pra fazer o mergulho de batismo com a empresa GANESH. A maré baixa (0.4) era às 8:30 da manhã, mas o processo começava às 7:30.
Eu estava meio tensa porque era uma situação nova e precisei assinar um termo de responsabilidade. Sei que isso é de praxe, mas não gosto de preencher formulários em que é necessário colocar o nome e o telefone de um contato para emergências, rsrs! A Fernanda escreveu o seguinte em seu relato: “O pessoal da Ganesh é muito atencioso e o mergulho é lindo, apesar de ser meio claustrofóbico lá embaixo”. Ai, ai, ai, claustrofóbico? Onde é que eu fui me meter??????
Antes de mergulhar, tivemos uma rápida aula para aprender alguns sinais com as mãos a fim de que pudéssemos nos comunicar com o instrutor debaixo d’água. Em seguida, fomos levados de jangada até o local do mergulho e treinamos respirar com o cilindro fora d’água por algum tempinho antes de submergir.
O instrutor ficou o tempo todo com a gente e assim me senti mais segura. Na verdade, foi bem tranquilo. A visibilidade não estava 100% e achamos a água meio turva, ainda mais porque foi difícil evitar comparações com a nossa aventura de snorkel em Cartagena e San Andrés, na Colômbia. As águas do Mar do Caribe são cristalinas e os peixes parecem ter cores fluorescentes. O visual é lindo demais!!!! Mas, voltando a Pernambuco, passeamos de braços dados (literalmente) com o instrutor durante meia hora e paramos várias vezes para tirar fotos. O pacote inclui um CD com pelo menos 30 imagens do passeio. É o próprio instrutor que fotografa e o pessoal avisa que as fotos não são profissionais, algumas ficam desfocadas, mas é uma cortesia.
Beijinho pra comemorar o batismo de mergulho!
No fim das contas, achei a experiência bem legal! Pensei que o equipamento me incomodaria e que eu sentiria dificuldade em respirar, mas tudo correu bem e decidimos fazer um curso de mergulho para obter um certificado internacional que nos permitirá mergulhar em qualquer parte do mundo. Se eu estou tensa? Muito!!!!! E o curso intensivo vai acontecer nesse fim de semana! Torçam por mim, por favor????
Depois do mergulho, pegamos uma jangada até as piscinas naturais que custou 15 reais por pessoa. Poderíamos também ir caminhando pelo mar até lá porque a maré ainda estava baixa.
A água do mar é bem clarinha e é possível avistar várias rochas e corais lá embaixo. Porto de Galinhas é realmente uma praia muito bonita!
As velas coloridas das jangadas dão um charme especial à paisagem.
A jangada parou primeiro nos corais e acho importante dizer que é aconselhável usar um calçado apropriado para andar por lá porque o terreno é irregular e pode machucar os pés descalços. Nós aproveitamos para usar as sapatilhas que compramos em San Andrés, mas muita gente calçou chinelo ou tênis.
Antes de ver os peixinhos, encontramos os ouriços. Havia uma infinidade deles pelo caminho. os bichinhos estavam encaixados em buraquinhos e dava um certo nervoso pegá-los porque eles ficavam andando na palma da mão.
Ouriço em movimento tentando escapar da mão do Marcelo
O jangadeiro distribuiu um pouco de ração pra cada um a fim de que pudéssemos atrair os peixes com alimento apropriado.
São muuuuitos peixinhos e a água das piscinas naturais é bem clarinha, oferecendo um visual único!
Mão do Marcelo cheia de ração para atrair os peixinhos
Jangadas com velas coloridas enfileiradas próximo aos corais
Depois de conhecer as piscinas, fizemos um pouco de snorkelling nos arredores e voltamos para a areia a fim de curtir a praia e relaxar por volta das 10 horas da manhã. O comentário do Marcelo foi o seguinte: “Veja como se aproveita o dia quando acordamos cedo e planejamos as coisas!”. Concordo plenamente!!!!
Recebi ótimas dicas de algumas leitoras do blog, como a Karina Machado, sobre uma tática empregada por donos de quiosques para atrair clientes. Se você quiser consumir só bebidas, precisa pagar um valor para alugar as mesas, cadeiras e ombrelones, mas se consumir um petisco, fica isento dessa taxa. Até aí, tudo bem. Como acordamos cedo para mergulhar, não tomamos o café da manhã e estávamos com fome. Só que, ao pedirmos o cardápio, notamos que o petisco mais barato custava 46 reais e estava em falta. O segundo petisco mais barato custava 76 reais e era camarão, que o Marcelo não come. Resultado: pedimos um camarão empanado que custava 82 reais pra mim e mais 1/2 porção de macaxeira por vinte ou trinta e poucos reais pra ele. O resultado foi uma conta bem maior do que esperávamos pagar, contando que a gente consome uma boa quantidade de latinhas de cerveja também, mas essas tinham um preço razoável. Enfim, fica aqui a dica: peçam para ver o cardápio antes de escolher um lugar pra sentar!!!!! Mas, tirando essa história do belisquete superfaturado, o atendimento foi nota dez, curtimos um solzinho gostoso, fizemos tatuagens de henna (um cavalo marinho pra mim e o símbolo da vida eterna [Ankh] pro Marcelo – para relembrar as nossas aventuras no Egito), esbarramos em figuras caricatas e divertidas como o “homem das latinhas” e alguns repentistas talentosos e, por fim, matamos a fome.
Depois de um bom tempo curtindo a praia, a maré começou a subir e a água chegou até o lugar onde estávamos sentados. Foi a deixa para seguirmos adiante e explorar a região. Sendo assim, resolvemos caminhar em direção à Praia do Maracaípe até chegar ao Pontal.
A caminhada durou uma hora, mas fomos conversando, nos distraímos e nem percebemos o tempo passar.
Seguindo para o Pontal do Maracaípe…
No Pontal curtimos um dos melhores e mais relaxantes momentos da viagem. O encontro do rio com o mar forma uma pequena lagoa de águas tranquilas e morninhas, uma delícia!!!! Pra completar a descrição do paraíso, não havia quase ninguém por lá.
Vida boa, né? Pena que só durou um final de semana, rsrs!
A ideia inicial era passarmos pouco tempo lá e seguirmos para fazer o passeio de jangada em busca de cavalos marinhos, mas o momento estava tão gostoso que esticamos bastante nossa estadia no Pontal.
Voltamos um pouco pela praia para encontrar a entradinha que indicava o lugar de onde saem as jangadas que fazem o passeio pelo Rio Maracaípe.
O passeio é curtinho: a jangada segue até perto da foz onde estávamos e depois retorna, parando em um determinado ponto para que o jangadeiro possa “caçar” alguns cavalos marinhos.
Passeio de jangada pelo Rio Maracaípe
Pausa para procurar cavalos marinhos
O jangadeiro encontrou três ou quatro bichinhos e colocou-os em um pote de vidro para que pudéssemos observá-los de perto. Felizmente, depois de satisfazer a curiosidade dos turistas, eles foram soltos e devolvidos ao rio.
No final do passeio, refizemos a caminhada de uma hora até a praia de Porto de Galinhas, voltamos para a pousada a fim de tomar um banho, trocar de roupa e procurar o restaurante BEIJUPIRÁ, recomendado por um monte de gente, incluindo a amiga Flávia Mergulhão, do blog ATELIÊ DA CAIÊ.
O restaurante tem um estilo rústico e aconchegante. Adoro essa iluminação indireta e amarelada!
Como sempre reparo nos detalhes da decoração, vi essa garrafa de cerveja usada como base para um trabalho de mosaico e adorei a ideia! Pensei em pedir pra minha mãe confeccionar algumas assim pra mim, de preferência bem coloridonas!
Eu pedi um prato de camarões ao molho de gorgonzola, mas fiquei desanimada com o arroz com goiaba e bacon que o acompanhava. O garçom me disse que eu poderia trocá-lo por outro tipo sem problemas. Que ótimo! Escolhi o arroz com espinafre e amei meu prato! Só achei a porção meio pequena, mas estava tudo saborosíssimo! O Marcelo optou pela carne de sol e também ficou bastante satisfeito.
A sobremesa era divina, maravilhosa e inesquecível!!!! A cartanhola tinha banana frita na manteiga flambada com queijo manteiga e farofa de castanha de caju.
No domingo, acordamos cedo novamente e seguimos em direção à praia. Aproveitei para fotografar outras galinhas pelo caminho.
Galinha fotógrafa
A praia estava praticamente vazia e eu estendi a canga em um espaço livre de quiosques para ler um livro, enquanto o Marcelo foi caminhando para as piscinas naturais.
A maré estava bem baixinha e não era necessário pegar uma jangada para chegar às piscinas. Vi um monte de gente com água abaixo da cintura andando até lá. Nem era preciso saber nadar!
Fluxo de banhistas rumo às piscinas naturais
Nosso plano do dia era conhecer a praia de Muro Alto e por isso não nos demoramos muito em Porto de Galinhas. Seguimos até lá e deixamos o carro em um estacionamento.
Fomos logo abordados pelo dono de um quiosque que nos ofereceu uma mesa. Como já estávamos escolados, pedimos pra ver o cardápio antes. Tudo OK, preços simpáticos.
A praia de Muro Alto também é deliciosa e vi muita gente colocando suas cadeiras e espreguiçadeiras dentro da água para curtir o sol. Gostei disso porque é impossível fazer uma coisa dessas nas praias cheias de ondas do Rio de Janeiro.
Muro Alto é uma grande piscina natural. Enquanto eu relaxava na praia, o Marcelo nadou muito, algumas vezes entre os corais, e me contou que viu uma quantidade enorme de ouriços.
Depois de um tempo, resolvemos dar uma caminhada pela praia e seguimos em direção ao famoso e luxuoso NANNAI BEACH RESORT.
Embora não seja nosso padrão de hospedagem, acho que deve ser uma delícia ficar em um desses resorts all-inclusive em acomodações que lembram aquelas palafitas do Tahiti. Minha irmã mais nova se hospedou no Nannai no ano passado e amou a experiência. Vi algumas fotos e achei o lugar lindo! Sem contar que é tudo de bom fazer o check-in e encontrar uma garrafa de champanhe acompanhada de uma cesta de suculentos morangos no quarto do hotel!
Passamos por um barzinho super fofo montado na areia que era feito de bambu e servia drinks interessantes. Fui lá conferir e o atendente me disse que o serviço era exclusivo para os hóspedes do Nannai.
A faixa de areia é extensa e a praia continuava por muitos quilômetros, mas decidimos voltar porque a maré estava subindo e, em breve, nossa mesa seria engolida pelo mar.
Dito e feito! Quando retornamos, a maré tinha subido bastante e estava chegando pertinho da gente.
Aproveitei para boiar um pouquinho e tentar não pensar em nada… que exercício relaxante!!!!
Vendedor de sorvete enfrentando a maré cheia
À tarde fomos para a Praia do Cupe, que tem ondas fortes e é menos badalada do que as outras da região. A maré estava bem alta e a faixa de areia era mínima. Ficamos um tempinho por lá e voltamos pra Porto de Galinhas.
De volta a Porto de Galinhas, decidimos explorar um pouco o outro canto, conhecido como Borete, e curtimos o fim da tarde por lá.
Fim de tarde em Borete
Água de coco e cerveja gelada para terminar o dia
Antes de retornar à pousada, passeamos pelo centrinho, que achei muito simpático e me lembrou tanto Búzios-RJ quanto a Praia do Forte-BA.
Há algum tempo eu não comprava nada nessas viagens de fim de semana, mas me apaixonei por dois objetos artesanais e algumas bijouterias que estavam em liquidação pela metade do preço. No próximo post sobre comprinhas e mimos, vou mostrar essas peças pra vocês.
A loja PITANGA vendia artesanato típico local, incluindo algumas miniaturas das famosas galinhas espalhadas por todos os cantos.
Passamos em frente à LA CRÊPERIE, mas não entramos. Parecia um lugar bem simpático, charmoso e cheio de bossa.
Banco em frente ao restaurante La Crêperie
Na entrada do restaurante, também havia uma galinha esculpida em tronco de coqueiro. Vimos muitas esculturas como essa e fui pesquisar a história delas.
Descobri que foram criadas pelo artista plástico Gilberto Carcará, que popularizou as galinhas de Porto e usa coqueiros caídos, além de madeira reciclada, como matéria-prima para o seu trabalho. Ele possui um ateliê que fica na Rua Carcará, 8, acesso pelo km 7 da Rod. PE-009 e tem também uma página no Facebook:
https://www.facebook.com/carcarapgalinhas
A seguir, vocês podem ver mais algumas galinhas que fotografei.
Até grandes marcas como a Gelateria Parmalat usa as galinhas como mascotes. Achei bem bacana essa valorização da produção artesanal local.
Anoiteceu e fomos procurar um lugar para comer. Depois da overdose de camarão no sábado, topei dividir com o Marcelo uma chapa de carne de sol com macaxeira, queijo coalho, feijão de corda e outras delícias da culinária nordestina.
E assim terminou nosso passeio por mais um cantinho incrível do nosso país!
Ah, antes de pegar o carro rumo a Recife, tive que registrar esse criativo e divertido letreiro de um restaurante: “O pior galeto de Porto de Galinhas, ruim mesmo é a pizza, experimente a sopa”. Genial!!!!! Ao invés de afastar os clientes em potencial, atiça a curiosidade! Fiquei louca pra voltar e experimentar a sopa, a pizza e o galeto. Pena qua já tínhamos jantado…
Um grande beijo pra todos com votos de uma semana especial!!!!