Uma das intrigantes estátuas distribuídas pelo Parque Vigeland
A exuberância da natureza e das esculturas do artista norueguês Gustav Vigeland
Detalhe de escultura
Vista geral do parque
O imponente monolito de 20 metros de altura concentra 121 figuras humanas esculpidas em granito
Conforme mencionei no post anterior, decidi escrever alguns relatos de viagens menos recentes, selecionando as atrações turísticas que mais me impressionaram. Gostei muito de rever imagens que estavam meio esquecidas em um DVD, já que eu não imprimo fotografias há mais de uma década.
Sendo assim, me empolguei com a Noruega e preparei outro texto sobre o país que visitei em 2008, mais especificamente sobre um lugar que adorei conhecer em Oslo: o Parque Vigeland.
O Parque Vigeland fica situado dentro do Parque Frogner a 3 km do centro da capital. A atração engloba uma extensa área de 320.000 m2 e oferece várias atividades ao ar livre, além de exposições. Os moradores da região gostam de aproveitar os finais de semana para organizar piqueniques e tomar sol deitados nos gramados.
O Parque Vigeland é o maior parque de esculturas feitas por um único artista e é bastante procurado pelos turistas que visitam a cidade. Ao todo são 212 peças em tamanho real feitas de bronze, granito e ferro fundido, cujo autor é o norueguês Gustav Vigeland.
Segundo minha pesquisa;
“As esculturas materializam inerências da existência humana, como o trabalho, a ira, a maternidade, o sexo, a fraternidade etc”.*
“O parque abriga dezenas de esculturas de Gustav Vigeland peculiares por mostrarem pessoas em cenas comuns. Devido a esse realismo, a exposição é informalmente chamada de “Condição Humana”.*
Confesso que eu estava curiosa pra saber mais sobre o significado dessas obras que tanto me fascinaram. Apesar de termos feito esse passeio com o guia da excursão, eu preferi me desligar do grupo e sair fotografando, enquanto o Marcelo ouvia as explicações.
Achei todas as esculturas interessantes, mas algumas aguçaram bastante a minha curiosidade por causa de seu peso dramático e/ou da postura perturbadora e até mesmo bizarra das figuras representadas. Uma delas é a da primeira foto desse post, na qual um homem adulto parece “enxotar” de maneira agressiva algumas crianças que se agarram a ele.
Gustav Vigeland trabalhou no parque por 35 anos (entre 1907 e 1942), criando um verdadeiro museu ao ar livre. O que dá pra perceber de imediato é que suas esculturas são carregadas de emoções como alegria, raiva, paixão, arrependimento e tristeza. Eu nunca senti ou percebi isso de forma tão nítida em um conjunto de obras de arte!
Quando fotografei o casal da imagem acima, não desconfiava que aquela pequena escultura ali atrás era uma das mais procuradas pelos turistas. Ela é conhecida como “menino bravo”.
Parece que em algum momento de sua vida, Vigeland visitou o estúdio do escultor francês Auguste Rodin em Paris e ficou bastante impressionado com suas obras, as quais podem tê-lo influenciado.
O relacionamento entre homens e mulheres sempre foi um tema recorrente em suas criações, o que é bastante perceptível no parque.
Além das esculturas, as belezas naturais do parque também me chamaram a atenção. As árvores altas com folhas amarelas, laranjas e vermelhas estavam por toda a parte e ofereciam um espetáculo deslumbrante! Bom, pelo menos pra mim, que adoro o outono em qualquer lugar do mundo e me encanto com essa coloração intensa das folhas. Os lagos, os canteiros floridos e os gramados bem aparados complementam o impressionante visual.
Detalhe da folhagem avermelhada no Parque Vigeland
Na entrada principal do parque existem quatro grandes portões que dão acesso a uma ponte, um enorme obelisco, uma fonte e uma área recreativa. Na saída principal há uma escultura de quatro velhos levantando uma criança que, segundo Vigeland, representa a eternidade.
Vista dos jardins do parque
Uma das obras mais surpreendentes de Vigeland é o obelisco de granito que tem 20 metros de altura e está localizado em uma área central do parque. Ele é composto por 121 figuras humanas que concentram em uma única peça a visão do autor em relação à diversidade da vida.
O obelisco que alguns classificam como “fálico” é cercado por escadarias e blocos de esculturas nos quais adultos e crianças são representados em posições intrigantes.
Essas figuras formam o ciclo da vida: um homem e uma mulher se admiram como se estivessem apaixonados, crianças brincam se agarrando às pernas da mãe, homens e mulheres sonham, se abraçam, riem e choram.
Três esculturas: tristeza, indiferença e amor… será?
Na minha opinião, o fato das esculturas serem em tamanho real aumenta a dramaticidade das obras. As expressões nos rostos das figuras humanas são muito bem construídas e eu fiquei bastante impressionada. De todas as esculturas que vi nos meus 39 anos de existência, esse conjunto foi, sem dúvida, o que mais me marcou. Não sei explicar bem o motivo, mas eu tinha a sensação de que as peças ganhariam vida e começariam a circular pelo parque a qualquer momento!
A obra acima foi a que mais me intrigou. O interessante é que procurei por todos os cantos da Internet uma explicação para ela, mas não encontrei nada muito definido. Acho que a intenção de Vigeland era mesmo dar margem a interpretações. Nesse caso, a escultura me parece representar uma mãe sendo escravizada ou explorada pelos filhos, que estão se divertindo enquanto a mulher amordaçada com suas próprias tranças tem um olhar distante e resignado. Senti algo de perverso nessa peça…
Detalhes do obelisco com 121 figuras humanas entrelaçadas
O outono é lindo em qualquer parte do mundo: viva a minha estação preferida!
Chegando ao fim do parque, vimos uma escultura que representa os signos do zodíaco e, segundo a lenda, oferece boa sorte a quem passar a mão no entalhe correspondente ao seu signo. É o que meus pais, ambos virginianos, estão fazendo na foto acima.
Pra terminar esse post, preciso dizer que a Noruega foi um dos países mais unânimes que visitei. Bom, unânime mesmo, acho que só Paris, rs! É claro que isso não existe de verdade, mas a Escandinávia em geral é uma região que recomendo aos amigos que conhecem o “básico da Europa”, digamos assim, e querem visitar lugares novos no continente. Essa viagem foi uma ótima surpresa e me deixou com gostinho de “quero mais”. Entretanto, eu e o Marcelo preferimos sempre conhecer países diferentes a voltar onde já estivemos e esse retorno deve demorar a acontecer, mas quem pode saber o que o destino reserva pra nós, né? Não custa nada sonhar!!!!
Um grande beijo pra todos com votos de que muitos dos nossos sonhos se tornem realidade algum dia!!!!