quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

THE GRAND DESIGN – reflexões baseadas no livro do físico Stephen Hawking

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Imagem: Shutterstock

O primeiro convidado do ano é meu pai, ou “Beto”, como eu e minhas irmãs o chamamos. Engenheiro de formação, ele é um cara que acredita que ciência e religião podem conviver em harmonia e veio hoje aqui compartilhar suas reflexões sobre o último livro que leu e que o deixou bem impressionado. Vamos descobrir do que se trata?

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Já se tornou tradição para mim quando se aproxima o final do ano compartilhar reflexões que faço nessas ocasiões. Normalmente uso como inspiração algum fato ou evento vivenciado recentemente. Esse ano vou usar alguns pensamentos a partir de ilações feitas ao ler o livro do físico britânico Stephen Hawking intitulado The Grand Design.

Nesse livro o autor procura com uma linguagem simples, exemplos, ilustrações gráficas do cotidiano e com base no conhecimento científico atual, principalmente da moderna física quântica, dar sua contribuição na busca por respostas a questões que afligem os seres humanos desde os primórdios de nossa existência: “Quem somos, de onde viemos? Como foi o início de tudo? O que existia antes? E qual a finalidade de nossa vida e do universo?”

Após terminar de ler o livro, percebi que as questões continuam sem adequadas e definitivas respostas e talvez elas nem existam. Porém duas colocações, uma logo no início do livro e outra já depois de algumas explicações sobre comportamento da matéria e energia à luz da teoria quântica me chamaram a atenção por permitir uma interpretação filosófica interessante que gostaria de compartilhar com vocês.

A primeira é sobre o que seria "realidade". Stephen mostra que o que existe ao nosso redor é um movimento caótico de matéria e energia que os físicos quânticos nomeiam de quarks, mésons, gluons e outras partículas elementares de massa ou energia que compõem prótons, nêutrons e elétrons, que por sua vez se arranjam em átomos e moléculas, com imensos vazios entre eles.

As imagens maravilhosas de cachoeiras, rios, ondas do mar e etc. são simplesmente modelos construídos por nossos cérebros a partir de impulsos elétricos vindos de nosso sistema sensorial estimulados pela interação com esses elementos de massa e/ou energia citados.

E é impossível sabermos se o modelo com que cada um de nós como indivíduos está percebendo o universo ao nosso redor é o mesmo. Provavelmente não é, sendo, porém semelhante, já que reagimos mais ou menos de maneira parecida a esse ambiente.

Isso nos faz refletir e talvez concluir algo muito importante para o relacionamento com nossos pares. Não existe uma realidade absoluta, existem percepções individuais da realidade. Pensar dessa maneira pode ajudar a compreender melhor nosso semelhante, entendendo suas atitudes e ações.

Outro aprendizado que tirei do livro foi quando explicando, à luz da física quântica, questões envolvendo dimensões de espaço-tempo e o efeito do observador sobre o status de determinada partícula de massa ou energia, Stephen mostra que o status presente e futuro do evento que está sendo observado depende da interação com o observador. E vai mais além (mas aí ultrapassou o meu limite de compreensão), o passado também.

Isso nos traz outra reflexão importante para nossas vidas que é o poder que temos de construir nosso futuro, e se a nossa interação com o ambiente pode provocar alterações nele, porque não tirarmos vantagem disso e procurarmos interagir com o universo sempre com um posicionamento otimista e com fé naquilo que acreditamos e desejamos para que essas alterações sejam boas para nós?

Com essa mensagem de que entendamos que o que pensamos ser realidade é somente a nossa percepção dela, e que com fé e otimismo podemos construir um futuro melhor para todos, desejo a vocês uma percepção de realidade prazerosa e feliz em 2011, com agradáveis interações com todos os seus familiares e amigos, com paz e muito amor no coração.

Feliz Natal e próspero ano novo!

Públio Roberto Bonfadini

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Que legal receber meu pai no primeiro BONFA CONVIDA de 2011!!!! Fiquei super feliz por ele ter aceitado compartilhar com os leitores do blog suas tradicionais reflexões de fim de ano já tão conhecidas entre os amigos!

Quando eu era criança, queria ser detetive ou astronauta e amava o programa COSMOS, apresentado pelo Carl Sagan nos anos 80. Apesar de saber que eu seguiria uma carreira na área de Ciências Humanas, eu admirava muito quem se interessava por Ciências Exatas e meu sonho era acordar um dia entendendo tudo sobre física e astronomia para que eu pudesse trabalhar na NASA… enfim, sonho de criança mesmo, bem fora da minha realidade e das minhas aptidões.

Cresci, amadureci, assumi minha total falta de vocação para a ciência, mas sou assinante da revista SUPERINTERESSANTE e, por acaso, a matéria da capa desse mês trata de DESTINO e de diferentes enfoques sobre o tema de acordo com religião, astrologia e genética. A parte da matéria que mais gostei e com a qual mais me identifiquei é intitulada O DESTINO ESTÁ EM EINSTEN e começa assim: “A passagem do tempo é uma ilusão. O futuro existe agora mesmo. E é tão imutável quanto o passado. É o que mostra a Teoria da Relatividade. Isso significa que o destino pode existir? Significa.”

A revista é voltada para um público leigo que, assim como eu, talvez um dia tenha sonhado em se tornar cientista e possivelmente seja fã do filme CONTATO, estrelado pela Jodie Foster com roteiro escrito pelo Carl Sagan (claro!!!!). Bom, já estou divagando, mas é que adoro esse filme e estava esperando uma oportunidade para mencioná-lo… desculpem! Voltando ao assunto, gostei muito da metáfora presente na matéria que compara o Universo a um grande rolo de filme. Cada frame ali seria um instante no tempo. No primeiro, estaria o início de tudo, o BIG BANG. No último, o fim do Universo e no meio, todo o resto, inclusive o dia do nosso nascimento e morte. A Teoria da Relatividade mostra que todos os momentos da existência “acontecem”ao mesmo tempo e nosso destino já estaria impresso nesse rolo de filme. Simples e complicado “ao mesmo tempo”, né? Mas pensando bem, isso não exclui o conceito de livre arbítrio e a percepção de que podemos ser responsáveis por nosso futuro.

No fim das contas, pra mim isso não muda nada. Independente de nossas religiões e/ou crenças, o que eu considero mais importante é a maneira como a gente interage com outros seres (humanos ou não), além de nossa conduta ética e moral. Penso que a prática é muito mais importante do que a teoria e acredito nas leis da atração e da reciprocidade.

Para conferir a primeira participação do meu pai aqui no blog, na qual ele compartilhou uma deliciosa receita de robalo com um molho bem suculento, basta acessar o seguinte link:

http://casosecoisasdabonfa.blogspot.com/2010/03/o-delicioso-peixe-do-beto.html

Um beijo enorme com votos de muita paz, muita luz e muita sabedoria para que todos possamos construir um belo caminho…

Bonfa ass