domingo, 2 de setembro de 2012

Festa Suíça + receitas de “vin chaud aux épices” e “fondue aux bolets”

Fiquei com vontade de preparar uma festa suíça lá em casa desde que voltamos da viagem de férias natalinas no início de janeiro. Além de ser um país cheio de atrativos, a Suíça é famosa pela qualidade de seus queijos e de seus fondues. Como eu adooooooro queijo de tudo quanto é tipo e também gosto muito de vinho, decidi organizar um “queijos e vinhos” com um toque suíço no mês de agosto, quando é comemorado o Dia Nacional da Suíça. Aproveitei a oportunidade para reproduzir duas receitas que experimentamos durante nossa estadia de duas semanas no país a fim de relembrar os sabores e aromas da viagem.

Tirando as raras exceções, começo a arrumar a casa pelo buffet. Até porque ele fica logo depois da porta de entrada do apartamento e é o primeiro lugar para onde meus convidados direcionam o olhar quando chegam nas festas.

As cores já estavam definidas porque minha inspiração foi a bandeira do país, que é vermelha e branca. Além de possuir várias louças e acessórios nesse tom, peguei emprestados três baldinhos vermellhos que foram usados na FESTA CAIPIRA DA MINHA SOBRINHA MANU. Assim que os vi na casa da minha mãe, pensei que seria ótimo usá-los para servir pães cortados em cubinhos ao lado do réchaud para o fondue.

As minilousas fofíssimas foram um presente da querida Flávia Mergulhão, do blog ATELIÊ  DA CAIÊ. Achei que esse era o momento ideal para fazer a estreia das peças e escrevi com giz branco o nome de algumas comidinhas que iria servir. Optei pelo francês porque, além de adorar esse idioma, é uma das quatro línguas faladas na Suíça.

Coloquei seis palitinhos para fondue em uma pequena jarra comprada na ETNA e usei um dos guardanapos que sobraram do CHÁ ENTRE BLOGUEIRAS: UMA TARDE EM PARIS no ano passado para forrar uma cesta de palha vermelha.

Como adoro flores frescas, mas só as compro em dia de festa, aproveitei a ocasião e inseri três gérberas brancas em um vaso de vidro vermelho.

Procurando pelo abridor de vinho que fica em uma das gavetas do buffet, encontrei essa vela em forma de rolha para ser encaixada na boca de uma garrafa. Eu já havia usado esse recurso na FESTA DE OUTONO, mas não lembrava que havia sobrado uma vela.

O problema é que eu não tinha separado uma garrafa de vinho vazia para usar como suporte e a solução foi esvaziar uma de vinho branco que usei no preparo do fondue e customizá-la, envolvendo-a em um guardanapo vermelho de bolinhas brancas, que simulou um rótulo, e prenchendo-a com xarope de grenadine diluído em água para dar a impressão de que estava cheia.

O conjunto de quatro velas foi um presente da minha mãe, que as comprou em uma vinícola na Califórnia. O legal é que todo mundo fica curioso querendo saber como é que eu acendi a rolha, rsrsrs!!!!

O Marcelo sugeriu que eu colocasse a racleteira elétrica na pequena mesa de jantar e que nossos três convidados comessem apertadinhos, rsrsrs! Minhas irmãs e eu compramos essa peça com 8 pás e tampo de granito na época do aniversário de 60 anos do meu pai e a peguei emprestada para que a gente pudesse derreter o queijo do tipo raclete e misturá-lo com a batata rosti. Também é possível cortar bifes bem fininhos e esquentá-los na pedra, para depois cobri-los com o queijo. Ficam deliciosos!!!!

Na mesa de centro, posicionei uma bandeja decorada com algumas especiarias e porta-copos de bolinhas para abrigar o vinho quente (vin chaud) preparado especialmente para esse dia. Os pratos brancos, talheres, saleiro, moedor de pimenta, guardanapos e velas completaram a decoração desse pedacinho da sala. Nos dois pratos maiores servi copa, presunto alemão e pastrami.

Agora vamos às receitas?

A primeira vez que provei o vinho quente (vin chaud ou Gluhwein) foi em Genebra, na Suíça, em um restaurante com comida tradicional. A bebida típica de inverno me conquistou logo de cara por conta dos seus aromas cítricos e das especiarias. Há uma grande variedade de receitas, mas os ingredientes mais comumente usados são suco de laranja, suco de limão, canela, anis estrelado, baunilha, gengibre, cardamono, noz moscada, vinho tinto e açúcar mascavo. A bebida é servida bem quente e tem um cheirinho delicioso!!!!

Durante a viagem, eu experimentei vinho quente em vários quiosques e barraquinhas de rua. Havia muita variedade e um vendedor em cada esquina, mas por sorte, a versão que mais gostei foi comprada perto da entrada do restaurante LE KARMA em Lausanne, que ali colocou uma placa bem grande com a receita completa.

Tirei a foto acima a fim de registrar a lista de ingredientes e esperei o tempo no Rio esfriar para poder testá-la no dia da Festa Suíça.

A tradução é a seguinte:

1 L de vinho tinto
100 gr de açúcar mascavo
1/2 laranja
1/4 de limão verde
1/4 de limão siciliano
1/4 de fava de baunilha
1 bastão de canela
2 rodelas de gengibre fresco
1 peça de anis estrelado
1 folha de limão verde
1 grão de cardamono
… e, sobretudo, nada de água!

A lista de ingredientes era grande e, por isso mesmo, me animei a seguir a receita à risca… mas acabei tendo que fazer algumas adaptações. Pela primeira vez na vida comprei fava de baunilha e anis estrelado, duas coisas que não sabia se encontraria, mas achei no mercado ZONA SUL. Lendo o rótulo da fava de baunilha, percebi como ela era viajada: saiu de Madagascar, foi embalada na Alemanha, enviada para o Canadá e importada para o Brasil. Uau, que longo caminho ela percorreu até chegar nas minhas mãos!

Não consegui encontrar a folha do limão, o cardamono nem o açúcar mascavo, que não procurei porque achei que tinha em casa, mas havia acabado. Com preguiça de ir ao mercado no dia da festa, usei açúcar normal mesmo. Por curiosidade, busquei outras receitas e, inspirada por elas, substituí os outros dois ingredientes que faltaram por uma pitada de noz moscada e um pouco da casca do limão verde ralada. Na placa do restaurante, não havia informação sobre o modo de preparo e, pela minha pesquisa na internet, descobri que o tempo de cozimento variava entre dez minutos e uma hora. Isso me deixou confusa, mas achei prudente deixar a mistura no fogo por mais tempo para fixar melhor o aroma das especiarias.

Uma ótima dica do restaurante foi não adicionar água. Depois lembrei que achei várias outras versões do vinho quente meio ralas e, provavelmente, foi por esse motivo. A do Le Karma estava bem concentrada.

Gente, vocês não tem noção do aroma que a bebida começou a espalhar pela cozinha quando acendi o fogo… que coisa gostosa!!!!! Ai, como eu queria que vocês pudessem sentir o perfume aí do outro lado do monitor!!!!! O Marcelo chegou da rua assim que o líquido começou a esquentar e a primeira coisa que ele disse foi: “Hummmmm, o cheirinho da Suíça!”. Acho que o aroma do vinho quente criou uma memória olfativa mais forte do que o aroma dos queijos, dos chocolates e do fondue.

Quando uma das convidadas chegou lá em casa à noite, logo perguntou que perfume era aquele. Ela adorou o aroma e também o vinho quente. Na hora de servir, coloquei o líquido em canecas altas transparentes e, seguindo a dica de alguns sites, adicionei um pedaço de limão siciliano, o que deu um charme extra à bebida.

Embora não fosse o prato principal, eu queria que o fondue fosse especial e por isso resolvi comprar funghi porcini desidratado para misturar à massa de queijos. Eu não sabia como fazer para hidratá-lo e pedi ajuda à amiga Mari, que por sua vez, me indicou o blog da querida Tamy, o NA COZINHA DELA e, em especial, o seguinte post:

http://www.nacozinhadela.com.br/cogumelos/como-hidratar-funghi-secchi.html

A Tamy sugere que a gente escolha um líquido para fazer a hidratação, que pode ser água, vinho, espumante, suco de fruta, shoyo, molho de peixe etc. Adorei a dica e logo lembrei do vinho branco que comprei para colocar na panela junto com o fondue.

O mais interessante é que ela também sugere que a gente não despreze o líquido, que pode ser usado na receita ou congelado. Aproveitei a dica, claro!!!! Depois que a mistura ficou homogênea, acrescentei os cogumelos picados, uma pitada de noz moscada e um pouco de pimenta branca.

Achei interessante compartilhar com vocês o que li na embalagem do fondue suíço da marca EMMI:

Para dar um toque asiático – misture duas colheres de chá de curry e um pouco de suco de limão. Sirva com abacaxi e pêra.

Para dar um toque italiano – acrescente uma colher de sopa de extrato de tomate com um pouco de suco de tomate e folhas de manjericão.

Isso me fez lembrar que foi na Suíça que descobri que existem muitas maneiras de se preparar um fondue de queijo, acrescentando ingredientes variados. E eu achava que era sempre a mesma coisa, só mudavam os queijos… que nada!!!!

Foi por esse motivo que eu quis reproduzir em casa o “Fondue aux bolets” ou, traduzindo, “Fondue com cogumelos”, o tipo que a gente mais comeu durante a viagem e também o que eu mais gostei.

O prato principal foi a batata rosti que compramos pronta na Suíça, já temperada e com pedaços de queijo Appenzeller. Nosso único trabalho foi abrir o pacotinho e colocar o conteúdo para esquentar. Eu, particularmente, achei bem saboroso e não senti aquele gostinho artificial de tempero em pó.

No centro do buffet, havia uma cesta com torradinhas e duas opções de pastinhas para entreter os convidados antes de aquecer o fondue para colocar no réchaud: geleia de pimenta (presente da Maria Tais, do blog MÃES E FESTEIRAS) e antepasto de azeitonas. Dessa vez, experimentei uma coisa diferente: servi o fondue de queijo com cogumelos como aperitivo e não como prato principal, colocando os cubinhos de pão nos baldinhos e os garfinhos logo ali do lado.

Eu não tinha nenhuma tábua de madeira vermelha na qual poderia acomodar os cubinhos de queijo, então lembrei de uma pequena bandeja nessa cor e tive a ideia de virá-la ao contrário. Dessa forma, a peça ganhou uma altura interessante e serviu como base para a variedade de queijos suíços que servi aos convidados. As bandeirinhas fofas que eu estava louca para usar foram presente da amiga Paula Guimarães, de Recife. Obrigada, Paula!!!!!

Aproveitei a lousa em formato de garrafa (weinkarte) para escrever os nomes dos vinhos que iríamos consumir durante a noite.

Nos pratos brancos da mesa de centro, servi copa, presunto alemão e pastrami.

Depois da raclete com batata rosti, chegou a hora da sobremesa, mas como normalmente não comemos doces em casa, esquecemos de providenciar algo açucarado para os convidados, que poderia bem ser uma barra de chocolate suíço.… felizmente, uma das convidadas trouxe uma deliciosa torta de morango com chantilly que combinou com as cores da festa, rsrsrs! Estava pouco doce e bem molhadinha, do jeito que eu gosto!

E assim terminou nossa nostálgica noite suíça…

No dia seguinte, fiquei pensando no que poderia fazer com as especiarias que sobraram da receita do vinho quente e lembrei de uma edição específica da revista canadense TOUT SIMPLEMENT CLODINE, que ganhei da amiga Micheli.

Na edição de Natal do ano de 2009, ela publicou uma receita de essência de baunilha feita com vodka e favas. Resolvi aproveitar a dica e acrescentar o anis estrelado, dois bastões de canela, um punhado de cravo e noz moscada. Não sei qual será o resultado, mas na receita original é necessário esperar um mês para a bebida incorporar o sabor da baunilha. Sendo assim, no mês que vem  eu volto aqui pra contar se a minha experiência deu certo!!!!!

Um grande beijo com votos de uma semana especial!!!!

Bonfa-ass