quarta-feira, 20 de maio de 2009

Patagônia: o lugar onde tirei as fotos mais bonitas da minha vida

Adoro ver fotografias e admiro muito quem sabe trabalhar bem com ângulos, focos, lentes e filtros. Eu sempre gostei de vasculhar os álbuns antigos da família, de descobrir fotos do meu avô fantasiado de pirata num longínquo Carnaval dos anos 30, dos meus bisavós fazendo pose solene numa foto oficial da família nos anos 40, da minha mãe menina usando maria-chiquinha nos anos 50, dos meus pais namorando em frente a um trailer que vendia cachorro-quente numa praia da Ilha do Governador nos anos 60, do casamento deles nos anos 70 e das minhas fotos quando criança nos anos 70/80. Quando garota, fazia mil poses e caretas, adorava aparecer! Depois veio a estranha e difícil fase da adolescência nos anos 80/90, quando me sentia um patinho feio e fugia das câmeras como o diabo foge da cruz. Mais tarde, veio a consciência de que fotos são eternizadoras dos momentos da nossa vida, dos lugares, pessoas e experiências que ficaram para trás. Por isso, a partir de uma determinada época, decidi deixar a vergonha de lado e registrar praticamente todos os momentos da minha existência: um chopp com os amigos, um almoço familiar, uma manhã na praia ou uma viagem de férias. Pra mim, hoje em dia, qualquer momento é importante e digno de ser registrado. Minha câmera é a extensão do meu braço e meus amigos sabem disso muito bem! Sou exagerada mesmo e, agora com o blog, tenho mais um motivo pra registrar tudo o que faço, o que como, o que vejo, o que sinto... Tanto o meu Orkut quanto o Criative-se representam um pedacinho de mim, acho que são um rastro que eu deixo no mundo. E as fotos que coloco lá, assim como os textos que escrevo aqui, são feitos pra eu mesma ver, rever, ler e reler. Gosto de observar minhas fotografias de tempos em tempos, de lembrar das pessoas e acontecimentos e às vezes fico rindo sozinha... É tão gostoso! E é por isso que amo tirar fotos, embora não tenha absolutamente nenhuma ambição profissional nessa área. O grande barato pra mim é poder contar uma história através das imagens. Isso sim, é o que me faz pensar que meus álbuns e CDs de fotos são o bem material mais precioso que guardo em casa.

E, pensando nisso, foi inevitável lembrar da minha última viagem e das paisagens maravilhosas que tive a oportunidade de contemplar. Foi também o lugar onde tirei as fotos mais bonitas da minha vida, mas o mérito não é meu! Em dezembro de 2008, eu, meu marido Marcelo e minhas primas Carla e Carol resolvemos conhecer a Patagônia e, de quebra, passar o Natal e o Reveillon por lá. Não tivemos muito tempo de programar a viagem e acabamos fechando um pacote de 12 dias entre a Patagônia argentina e a chilena, passando 2 dias em Buenos Aires na volta. Correu tudo bem (tirando a turbulência no vôo de volta ao Rio - ai que medo!) e tivemos surpresas muito agradáveis na viagem, apesar de alguns dias nublados e chuvosos. Tal qual o Rio de Janeiro, a Patagônia é uma região onde o turismo depende de tempo bom. Alguns passeios se tornam completamente inviáveis dependendo do clima do dia, como por exemplo, o trekking no gelo.

Bom, como mencionei antes, vou contar essa história aqui através das imagens que eternizei...



Essa foi nossa primeira impressão da cidade de El Calafate, ponto de partida das excursões na Patagônia argentina. Nosso hotel ficava no ponto mais alto da cidade e colocava à nossa disposição uma van que partia do hotel em direção ao centro comercial a cada 15 minutos. Eu já falei aqui que sempre fico em hotéis simplezinhos, com no máximo 3 estrelas, o que já considero um luxo. O hotel Alto Calafate tinha 4 estrelas e foi uma novidade pra mim. Como compramos um pacote fechado e tivemos muita dificuldade de encontrar passagens para a época em que queríamos viajar, tivemos que nos conformar e pagar um pouco mais caro pelas acomodações. Bom, estou pagando essa viagem até hoje, mas confesso que os hotéis eram charmosíssimos e acho que valeu a pena. Tive que registrar o banho do Marcelo na piscina térmica, que ficava num ambiente todo envidraçado de onde se via o lindo Lago Argentino. Eu só não aproveitei a piscina porque queria preservar minha escova progressiva... ai, ai, ai, agora me arrependo!



Esse era o centro comercial da cidade com várias lojinhas feitas de madeira e vidro, tudo bem rústico e aconchegante. Lá você encontra o artesanato local, cachecóis e casacos de lã, couro, geléias, doces, chás e chocolates. No momento da foto, um grupo de brasileiros cantava alguns clássicos do gênero musical que mais gosto: a bossa nova.

No segundo dia, partimos cedo para pegar o catamarã que nos levou para conhecer o famoso Perito Moreno e, logo depois, tivemos a oportunidade de circular num conjunto de passarelas que nos permitiu ver a geleira de vários ângulos. Fiquei maravilhada com a beleza e dimensão da grande massa de gelo. Sem dúvida, um lugar inesquecível! Segundo a Wikipedia: A Geleira Perito Moreno localiza-se na Argentina e está situada entre os 47º e 51º de latitude sul. Ela se estende desde o Campo de Gelo Patagônico Sul, na fronteira entre Argentina e Chile, até o braço sul do Lago Argentino, possuindo 5km de largura e 60m de altura. É uma das geleiras mais imponentes e já foi chamada de a "oitava maravilha do mundo", devido à vista que se tem de seu topo. Localizada em uma zona rodeada por bosques e montanhas, está dentro do Parque Nacional Los Glaciares, criado em 1937 na Província de Santa Cruz, localizada ao sul da Argentina. Esse parque, de 724.000 hectares possui um total de 356 geleiras.

Em diversos pontos de sua extensão, a geleira represa as águas do Lago Argentino, fazendo com que esse atinja uma altura de até 30 metros. Neste ponto a água começa a fazer pressão sobre o gelo. Essa pressão cria um túnel com uma abertura de mais de 50 metros, por onde as águas do Rio Braço acabam descendo até o Lago Argentino. A pressão da água provoca um desabamento na borda da geleira, formando um espetáculo incrível. Esse processo se repete ao longo de intervalos irregulares: o último desabamento ocorreu em 9 de julho de 2008. Os anteriores em 13 de Março de 2006, dois anos após o desabamento ocorrido em 2004, sendo que o anterior ocorreu somente 16 anos antes, em fevereiro de 1988. Os turistas podem observar o fenômeno a 200 metros de distância, em instalações especialmente construídas para este fim. Este último desabamento foi presenciado por cerca de vinte felizardos.



Essa última foto da passarela vazia com parte do Perito Moreno é a que mais gosto de toda a viagem. Esperei que alguns turistas passassem e aproveitei a oportunidade para registrar esse lugar lindo e tranquilo. Essa foto me transmite uma paz incrível e é por isso que uso-a como plano de fundo da tela do meu computador, tanto em casa quanto no trabalho.

No dia seguinte, partimos em outro barco para ver mais geleiras e icebergs flutuando no Lago Argentino, dentro do Parque Nacional Los Glaciares. Eu nunca tinha imaginado que um dia veria icebergs de verdade. A maior parte dos icebergs são azuis, da cor do gelo glacial comprimido. Foi uma experiência fantástica e emocionante! O único problema foi o vento patagônico, que nos perseguiu durante toda a viagem... Aliás, esqueci de mencionar que fomos no verão e, apesar da nossa roupa não aparentar, estávamos teoricamente na época mais quente do ano!



A próxima parada foi a Patagônia Chilena. Pegamos um ônibus comum e cheio de turistas mochileiros que ligava a Argentina ao Chile e penamos numa viagem de 5 horas por uma estrada de terra. Bom, a estrada era ruim mas a paisagem era de tirar o fôlego. Ficamos parados na fronteira por muito tempo e tivemos nossa bagagem revistada uma a uma. Pra piorar a situação, era véspera de Natal e os funcionários da aduana não estavam de bom humor... Mas, enfim chegamos a Puerto Natales, uma pequena cidade chilena que é o principal ponto de entrada para os visitantes do Parque Nacional das Torres del Paine. E ainda deu tempo de reservamos uma mesa no melhor restaurante da cidade para a ceia de Natal.

O parque é simplesmente deslumbrante! As paisagens não parecem reais porque as cores são muito vibrantes!!! Os lagos tem diferentes tonalidades de azul, que vão desde um tom bem clarinho até um turquesa intenso. Isso ocorre de acordo com a proveniência das águas que os abastecem, que podem ser das chuvas ou do degelo dos glaciares. Avistamos alguns exemplares da fauna local, como o guanaco e o huemul, registrados em duas fotos abaixo.




Voltando do Chile, nossa parada seguinte foi a cidade de Ushuaia, na Argentina. É conhecida como a cidade do fim do mundo, por ser o ponto mais austral do planeta, e é ponto de partida dos cruzeiros para a Antártida. Nos hospedamos no Hotel del Glaciar. Lá, fizemos um passeio de 4x4 pelos lagos Fagnano e Escondido, onde testemunhamos a destruição de árvores para construção de diques produzida pelos castores importados do Canadá, com o objetivo de desenvolver a indústria de peles em Ushuaia. A empreitada não deu certo e os castores tornaram-se uma verdadeira praga. Nesse dia, tivemos a sorte de tomar o café da manhã observando a neve cair fora do hotel, cobrindo tudo de branco em poucos minutos. E lembrem-se: era pleno verão!!!! Além disso, fizemos um passeio de barco pelo Canal de Beagle, visitando a Ilha dos Pássaros, Ilha dos Lobos (marinhos) e o Farol Les Éclaireurs (que ao contrário do que muitos pensam e divulgam, não é o farol no fim do mundo do livro de Julio Verne). Conhecemos também o Parque Nacional da Terra do Fogo e o Parque Nacional Lapataia. Nesse parque termina a rota número 3, a maior estrada do continente americano, que liga o extremo sul da América do Sul ao Alaska, no norte do continente, e tem 17.848 km de extensão.



Nas fotos acima, alguns exemplos das flores típicas da região, encontradas em várias tonalidades.

No último dia em terras patagônicas, decidimos aproveitar as poucas horas livres na parte da manhã para conhecer o Cerro Martial, que ficava alguns metros acima do nosso hotel. Na base do cerro, havia um teleférico que nos levou até o topo. Um pouco mais acima, há o Glaciar martial, mas como estava nevando, eu e minhas primas ficamos com medo de ir mais adiante. O único que se aventurou foi o Marcelo e disse que não se arrependeu. Na hora de voltar, começou a nevar forte e não tivemos escolha: fomos forçados a encarar um passeio de teleférico no meio da neve e com muito vento frio no rosto, brrrrrrrr...



Mas nossa aventura patagônica não termina por aqui. Falta falar das nossas experiências gastronômicas muito bem sucedidas e da culinária típica que inclui o famoso cordeiro patagônico, a centolla gigante, o pan de Páscua da ceia de natal chilena, o Pisco Sour e as deliciosas cervejas que provamos. Mas isso fica para uma próxima quarta-feira.

Beijos e ótima semana!