domingo, 6 de novembro de 2011

Uma breve incursão na alta gastronomia – parte 1: Roberta Sudbrack

O título desse post foi sugestão do Marcelo, que só lê o blog quando o assunto é gastronomia ou viagens, rsrsrsrs. Eu havia pensado em usar o termo “extravagâncias gastronômicas”, assim como fez minha amiga Claudia Ramalho há pouco tempo em um post sobre sua experiência no L´Atelier Jöel Robuchon, em Paris.

Vou copiar aqui um trecho que adorei:

“Extravagância é aquilo que foge ao comum, uma estroinice, um pequeno excesso para nos lembrar que a vida é bela, que estamos felizes e gratos por estarmos vivos. Se virar rotina, perderá a graça, pois o ser humano é capaz de se acostumar com o luxo a ponto de não mais o valorizar. É o que os entendidos costumam chamar de capacidade hedônica.”

Claudia Ramalho

Foi com essa mentalidade que eu e Marcelo nos entregamos aos prazeres da boa mesa em nossa primeira incursão na alta gastronomia. Gostamos muito de conhecer novos restaurantes quando viajamos, por exemplo. Sempre pesquisamos sobre eles antes do passeio e selecionamos os que parecem possuir uma boa relação custo/benefício, mas nunca havíamos experimentado pratos de Chefs famosos e estrelados. Achávamos que essa experiência não cabia no nosso bolso e, sinceramente, nem procurávamos saber os preços, já imaginando que não seria viável.

De certa forma, foi a Adriane Pinhate (obrigada, querida!!!!) que nos estimulou a sairmos da nossa zona de conforto (e gastos) para experimentarmos os sabores provenientes de uma das cozinhas mais elogiadas do Rio de Janeiro: a do restaurante ROBERTA SUDBRACK, comandado pela Chef gaúcha de mesmo nome que tem em seu currículo o comando de uma das mais importantes cozinhas do país, a do Palácio da Alvorada, na época do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Pesquisando para esse post, encontrei AQUI uma entrevista bastante interessante com a criativa Chef formada em Veterinária, através da qual descobri que “desde 2005 ela escolhe para ser o astro de sua cozinha legumes e verduras menosprezadas na maioria dos menus, como por exemplo, quiabo, abóbora, maxixe e chuchu.”*

*Fonte: http://www.revistasaboresdosul.com.br/conversa-de-chef/ver.php?id=8=Roberta_Sudbrack

Bom, gente, assim como a Roberta descobriu que veio ao mundo para cozinhar após ter cursado Veterinária, eu descobri que vim ao mundo para criar, após ter cursado Letras. Deve ser por isso que reparo em todos os detalhes à minha volta, principalmente nos que tem a ver com minha formação em design gráfico.

A personalização ou customização de objetos em um restaurante ou em qualquer outro ramo de atuação, confere credibilidade ao empreendimento, além de demonstrar o cuidado e a atenção aos detalhes, priorizando a qualidade do que será servido e/ou apresentado, deixando sua marca registrada. E isso era tudo o que eu esperava em um restaurante que tem sua qualidade certificada por críticos gastronômicos renomados.

Os porta-guardanapos são impressos em papel encorpado com acabamento em verniz fosco e mostram a Logomarca do restaurante, construída a partir da letra inicial do nome da Chef (R) de forma estilizada, em conjunto com o desenho de um par de talheres.

O pote de manteiga também possui uma capinha de papel vegetal com a Logomarca impressa. Eu achei isso tão fofo!!!!

Os pãezinhos que pareciam uma mistura de pão de queijo com massa de profiteroles eram tão levinhos que desmanchavam na boca e estavam deliciosos. Reparem na base onde foram servidos: um pedaço de granito com acabamento rústico. Muito interessante…

A Chef oferece algumas surpresinhas aos clientes, como nos explicou o maître e, entre elas, estava esse amuse bouche feito a base de fécula de mandioca temperada que veio em uma panelinha de alumínio semelhante a uma marmita. Adoro observar a maneira como as comidinhas são servidas em festas ou restaurantes…isso me enche de ideias!!!!

No cardápio, havia algumas sugestões de combinações para um menu degustação com 9 pratos + queijo ou 5 pratos + queijo. Eu e Marcelo optamos pelo Menu Bistronômico, composto de entrada, prato principal e sobremesa.

A entrada escolhida pelo Marcelo foi o consommé de galinha caipira com batata, bottarga e raízes, mas ele não se animou muito com o prato e preferiu não comentar.

Já meu pargo em vinagrete de lentilhas, brotos e ervas estava S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-L!!!!! Eu nem sou tão fã de peixe branco, mas experimentei uma sensação diferente de todas as outras vezes em que comi peixe: o pargo derretia na boca e estava temperado na medida certa. A minha impressão foi a de que o peixe estava super fresco, cozido à perfeição e de que a Chef soube explorar com maestria todo o potencial desse ingrediente. Era isso que eu ouvia os Chefs Ingleses Gordon Ramsey e Jamie Oliver falarem em seus programas de televisão, mas nunca imaginei que eu entenderia exatamente e de forma concreta esse conceito ao experimentar o pargo. Palmas para a Roberta Sudbrack, muitas palmas!!!!

Nosso prato principal foi o capote assado em “alta e baixa temperatura” com angu cremoso de Amarantina, MG. Eu não fazia a menor noção do que era “capote”, o que foi traduzido pelo Bruno (Chef de cozinha formado pelo Instituto Per La Cuccina Alimentare, na Itália, e proprietário da RAPPEL, em Brasília) como galinha d'angola.

Eu sou daquelas pessoas super frescas que só podem comer filé de frango porque chego a ficar arrepiada quando acho algum resquício de veia, cartilagem, gordurinha ou pele escura na carne. Acabo deixando quase o pedaço inteiro de frango e me sinto mal por causa do desperdício. Porém, nesse caso, eu comi tudinho até chegar ao osso… nem acreditei!!!! A galinha d´angola estava tão macia e suculenta que desgrudava do osso com a maior facilidade. Meu veredito foi o mesmo do pargo: uso do ingrediente da melhor maneira possível, acentuando suas características inerentes, sem o uso abusivo de temperos e molhos que poderiam disfarçar seu sabor original. Palmas, palmas e mais palmas para a Roberta!!!!

Nossa sobremesa foi uma unanimidade: a compota de cereja, pele de leite e farinha de rapadura arrancou suspiros de todos que a provaram. A farinha de rapadura acrescentou uma textura crocante e exótica ao prato e realçou o sabor das cerejas, combinadas harmoniosamente com a pele de leite.

Para finalizar nossa “extravagância gastronômica” ou “primeira incursão na alta gastronomia”, alguns pediram café e o garçom trouxe dois pratos altos de metal para a mesa, cheios de guloseimas açucaradas. Tinha doce de fruta, mini-tartelete de morango, chocolate, marrom glacê, biscoitinhos amanteigados cobertos com pó de chocolate amargo etc.

Foi um Grand Finale para uma noite super especial, na qual tivemos a oportunidade de conhecer o trabalho autoral de uma talentosa Chef brasileira; expandindo assim nossos horizontes gastronômicos; de conhecer amigos virtuais com quem tivemos sintonia imediata (fomos os últimos a deixar o restaurante de tanto que conversamos!!!!) e de documentar a experiência inesquecível por meio dessas imagens.

Se voltaríamos várias vezes? A resposta é fácil: se ganhássemos mais, com certeza!!!! Mas como nossa realidade é outra, talvez somente em algumas ocasiões especiais. O certo é que a experiência valeu muito à pena!!!!

Um grande beijo pra todos com votos de uma semana apetitosa!!!!

Bonfa ass